A violência sexual é uma grande preocupação para os pais de crianças e adolescentes, e atualmente ainda são raros os estudos que ofereçam apoio para profissionais que trabalham com as vítimas. Pensando nesta carência, a educadora Ana Carla Vagliati e o programador Guilherme Berghauser desenvolveram o projeto de um software livre, ainda sem nome, que será ferramenta para que professores possam identificar e prevenir, por meio de histórias em quadrinhos, a violência sexual. A proposta foi apresentada nesta quarta-feira (08) no 16º Fórum Internacional de Software Livre (Fisl), em Porto Alegre.
Pesquisadores apontam que, devido à rotina das crianças e adolescentes que passam grande parte do tempo na escola, em 44% dos casos de violência sexual o professor é a primeira pessoa a saber e, em 52% deles o docente é o primeiro adulto ter conhecimento sobre o problema. É comum, no entanto, que os educadores não saibam como lidar com a situação, por falta de formação e até mesmo material que possa apoiar suas providências.
Neste sentido, o projeto de Ana Carla e Guilherme busca ajudar educadores a tratarem, em sala de aula, de uma “educação sexual emancipatória”, conforme dizem: “para que o professor trabalhe de forma mais aberta, sem tabus, sem preconceitos, e assim consiga fazer a prevenção e identificação da violência sexual”, defende Ana Carla Vagliati. Ela lembra, ainda, que a ferramenta pode ser útil a todos os profissionais que trabalham no diagnóstico da violência, para que eles possam encaminhar as vítimas ao tratamento correto dos traumas que este tipo de crime acarreta.
O software terá personagens de todas as idades e gêneros: homens e mulheres, crianças, adolescentes, adultos e idosos. Assim, será possível que os professores e também aos alunos possam contar histórias em que a violência possa ser identificada. “A gente identificou que a criança tem dificuldade em falar sobre a violência; ela tem mais facilidade de desenhar… em diagnósticos de crianças vítimas de violência elas desenham muito sobre o fato que acontece”, explica Guilherme Berghauser.
Ainda não há previsão de lançamento da ferramenta, que trabalho de conclusão de curso do programador. O projeto é em software livre para facilitar a disseminação e uso da ferramenta. “A gente quer que a comunidade contribua e os professores tenham acesso (ao software); para isso ele precisa ser aberto”, conta Guilherme.
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Por Ana Elisa Santana Portal EBC