Em pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal de Aracaju, nesta quarta-feira (23), o vereador Iran Barbosa discutiu os aspectos técnicos que definem BRT (Bus Rapid Transit – Transporte Rápido por Ônibus) para confrontar com o que a Prefeitura diz estar implantando na capital sergipana. Para o parlamentar, as próprias definições sobre o que é um BRT deixam clara a distância entre o que é esse sistema e o que está sedo implantado e ofertado para os aracajuanos desde a segunda-feira (21).
“Não trato aqui deste tema com paixão e nem politizando-o de forma eleitoral ou eleitoreira, como fazem alguns, porque sei que aqui ninguém é engenheiros de trânsito; sendo assim, temos que ter a responsabilidade de procurar as informações de estudiosos do assunto, daqueles que definiram os conceitos de BRT e também no que diz a legislação. E foi o que eu fiz”, disse o vereador
“Neste sentido, existem conceitos muito sólidos para as intervenções que são feitas no trânsito no que diz respeito a transporte coletivo, em especial sobre o BRT. É padrão nesse tipo de sistema que deve haver uma separação exclusiva para o tráfego dos ônibus e não apenas faixas pintadas, como está sendo feito em Aracaju. O fato concreto é que, para os estudiosos, quando se fala em BRT, exigi-se que tenhamos separação do corredor. Não sou eu quem diz isso, mas um estudioso do assunto (Vukan Vuchic, 2007) que definiu os conceitos para o BRT”, apontou o vereador.
Iran explicou que, de acordo com a definição técnica, um verdadeiro sistema BRT deve ter design, serviços e infraestrutura especializados para melhorar a qualidade do sistema e remover causas típicas de atrasos. O BRT visa combinar a capacidade e a velocidade do veículo leve sobre trilhos (VLT) ou do metrô com a flexibilidade, baixo custo e simplicidade de um sistema de linhas de ônibus.
“E para ser considerado um BRT, prestemos atenção nisso, o sistema de ônibus deve operar por uma faixa de rodagem exclusiva, com separação física, para evitar o congestionamento do tráfego e, além disso, deve ter alguns elementos observados, como o alinhamento no centro das vias; estações com cobrança de tarifa fora do veículo; grande investimento em estações fechadas, alinhadas com o nível do piso do ônibus, que incorporam portas de vidro, guichês de venda de passagem e de informação, e outros recursos. Se formos observar bem, nada disso está sendo feito em Aracaju”, alertou o petista.
BRT x Sistema de Faixa
Segundo Iran Barbosa, o BRT não é uma experiência nova, com o primeiro sistema tendo funcionado em 1974, em Curitiba (PR), sendo depois implantado em outras grandes cidades do Brasil e do mundo. Dados de 2013 apontam que 166 cidades ao redor do mundo utilizam algum tipo de BRT, com padrões para esse tipo de transporte definidos pela Institute for Transportation and Development Policy.
Para o parlamentar, o que está sendo implantado em Aracaju se assemelha muito mais a um sistema com faixas exclusivas para ônibus coletivos. Neste sistema, lembrou, a implantação se dá em curto espaço de tempo (um a seis meses), não há necessidade de desapropriações, tem baixo custo de implantação, pode utilizar ônibus já em operação, tem fácil associação do projeto com a área urbana, e há redução de até 40% no tempo de viagem.
“Eu só peço aos aracajuanos que estudem e comparem o que é um BRT e o que é um sistema com faixa exclusiva de ônibus. Não há crítica aqui à faixa exclusiva que está sendo criada para os ônibus, que é uma iniciativa interessante. Mas não é BRT o que a Prefeitura diz estar implantando em nossa cidade”, enfatizou.
Iran Barbosa ainda criticou o anúncio de que foram comprados dez anos novos sanfonados para funcionar no sistema de BRT, quando já há denúncias de que parte dessa frota já tem dois anos de uso, inclusive um deles já quebrou com dois dias de uso.
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Da Ascom/Iran Barbosa