O Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed) anunciou, nesta terça-feira (14), que sete cirurgiões-pediatras pediram demissão do maior hospital público de Sergipe: o Hospital de Urgência (Huse). O comunicado assinado pelos profissionais foi entregue ao Sindicato dos Médicos e à Sociedade Médica de Sergipe enfatizando a falta de condições de trabalho, principalmente, de local específico para realizar as cirurgias pediátricas.
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O presidente do Sindimed, João Augusto, disse que a crise vem sendo tratada com descaso pelas autoridades competentes e afirmou ser a demissão em massa uma previsão do problema que cada vez mais estoura. “É uma situação que infelizmente não queríamos anunciar, mas já estávamos prevendo, tamanha a desorganização da gestão e do descontrole da Fundação Hospitalar”, afirmou
O anúncio aconteceu em reunião na manhã desta terça-feira (14), quando José Menezes, também integrante do Sindimed, evidenciou a dificuldade do trabalho dos cirurgiões-pediatras no Huse, além de informar que todos os problemas foram relatados à Secretaria de Estado da Saúde e à Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), mas nada foi feito para dirimir o problema.
Gerenciamento de crise
João Augusto destacou ainda a criação do gabinete de gerenciamento de crise criado nesta segunda-feira (13) pela Secretaria de Estado da Saúde e classificou o gabinete como a oficialização do descaso com a saúde no estado. “Como é que o próprio governo diz que existe uma crise e vai gerenciar se foi ele mesmo quem criou a crise”, pergunta.
Segundo o sindicalista, a solução para a questão dos cirurgiões no Huse é melhorar a infraestrutura e tentar atrair os profissionais. “Saíram sete, que são contratados e eletivos, e ficaram dois. Os que ficaram não vão ter como atender, porque a saúde é continuada. Eles cumprirão o horário, mas os outros dias da semana?”, questionou.
Surpresa
Através de uma nota enviada ao F5 News, Secretaria de Estado da Saúde informou que o diretor operacional da Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), Wagner Andrade, esclarece que a demissão dos cirurgiões pediátricos foi uma surpresa. “Foi agendada uma reunião com os cirurgiões pediátricos em dezembro e não houve quórum. Foi reagendada para o início de janeiro, a pedido deles, e aguardávamos um posicionamento. A reunião teria o objetivo de ver as medidas necessárias para manter o efetivo tanto na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes quanto no Hospital de Urgências de Sergipe”, explica.
Wagner Andrade comenta ainda que, tanto a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes quando o Huse oferecem condições de trabalho para os profissionais. “O Huse é um hospital que tem atendimento grande, quase 500 atendimentos por dia no Pronto Socorro. O volume de cirurgias pediátricas é de 50 por mês. Aumentamos a quantidade de salas cirúrgicas, oferecemos mais anestesistas. A Fundação tem tentado melhorar em todos os sentidos o aporte para a área cirúrgica”, informa.
O diretor operacional da FHS informa ainda que a Fundação está à disposição dos profissionais para o diálogo e negociações com o objetivo de não comprometer a assistência. “Partimos do pressuposto que qualquer atitude se toma após uma conversa ampla. Qualquer demissão em massa pode prejudicar a assistência. Não é isso que queremos. A Fundação nunca fechou as portas e está à disposição para conversar e negociar para tentar resolver as demandas”, esclarece.
Centro Cirúrgico
O Centro Cirúrgico do HUSE funciona atualmente com seis salas de cirurgia, uma Farmácia Satélite 24h, vestiários masculino e feminino, salas de estar médico e de enfermagem, de equipamentos, expurgo (para onde é encaminhado todo o material utilizado após as cirurgias) e arsenal (setor responsável pela guarda de materiais já esterilizados). O setor está capacitado para realizar cirurgias em múltiplas especialidades, incluindo as consideradas ‘especiais’ como neurocirurgia, ortopedia, torácicas, oncológicas e vascular. Todas as salas são dotadas de equipamentos completos de monitoramento e modernos aparelhos de anestesia. Na Farmácia Satélite, ocorre a reposição e montagem dos kits de anestesia e cirúrgicos. As 3 salas do Centro Cirúrgico que eram usadas como SRPA foram esvaziadas e os pacientes transferidos para a nova Enfermaria Pós-Cirúrgica, possibilitando os ajustes e as adequações para aberturas de novas salas cirúrgicas.
Por Silvio Oliveira do Portal F5News