Uma inspeção conjunta realizada na tarde de terça-feira, 8, pelo Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed) e pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-SE) expôs graves deficiências na Maternidade Municipal Lourdes Nogueira, localizada no bairro 17 de Março, zona de expansão de Aracaju. A ação constatou falta de insumos básicos, condições de trabalho degradantes e um cenário de total insegurança para profissionais e pacientes.
Dr. Argemiro Macedo, vice-presidente do Sindimed, foi direto ao ponto: “A situação aqui é de profunda tristeza. Os colegas estão trabalhando este mês sem qualquer garantia para o próximo. Não têm carteira assinada, nem direitos trabalhistas. Lutamos por um concurso público para dar estabilidade a esses profissionais, mas o que vemos é abandono”, expôs.
Segundo Argemiro, a empresa terceirizada responsável pelos plantões informou à Prefeitura de Aracaju que manterá os serviços apenas até 30 de abril.
Pediatras, neonatologistas e obstetras estão angustiados. Sem definição, o serviço já começa a ruir: hoje, conforme a inspeção, havia apenas dois médicos no PPP [pré-parto, parto e pós-parto], quando deveriam ser três. As enfermarias também estão subdimensionadas para acolher parturientes.
Perplexo, Dr. Jilvan Pinto Monteiro, presidente do CRM-SE, não escondeu a gravidade do que foi encontrado.
“Hoje, dia 8 de abril, em mais uma fiscalização conjunta, constatamos que falta até papel para enxugar as mãos na Utin [Unidade de Terapia Intensiva Neonatal] e na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional [Ucinco], assim como nas enfermarias. Não há sabão, o que impacta diretamente na higienização e eleva o risco de infecções em recém-nascidos e gestantes”, externou.
Além da falta de itens básicos, a desorganização administrativa agrava a situação. “Os profissionais não sabem se continuarão empregados em maio. Não há escala definida, ninguém foi informado sobre a continuidade dos contratos. O clima é horrível. Como esperar dedicação de quem não sabe se terá emprego amanhã? A Prefeitura precisa agir urgentemente para evitar o colapso desta maternidade, que é referência para a população. É um caos que poderia ser resolvido com gestão”, complementou Dr. Jilvan.
Reunião
O Sindimed convocou os médicos para uma reunião na próxima terça-feira, 15, no auditório da entidade sindical, com a presença da diretoria e do setor jurídico. “Vamos discutir medidas, inclusive assembleias, para pressionar por respostas”, conclamou Argemiro.
Histórico de negligência
Esta é a terceira fiscalização na Lourdes Nogueira em 2025. A primeira ocorreu no mês de janeiro, a segunda, em março, e já havia apontado atrasos salariais e más condições.
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Por Joangelo Custódio, da assessoria de Comunicação Sindimed.