Para uma pessoa com problemas cardíacos, que necessita de um transplante de coração, receber um órgão no dia do aniversário é um fato simbólico. Foi justamente isso que aconteceu neste domingo, 19, com um sergipano de 57 anos de idade. Este foi o primeiro transplante realizado no estado após 11 anos sem realização desse tipo de procedimento.
O paciente transplantado ainda está se recuperando, no pós-operatório, e tem garantido o sigilo de identidade. O coração foi doado pela família de uma mulher do interior do estado. “O órgão foi captado de uma jovem de 26 anos, do município de Umbaúba, que estava internada na UTI do Hospital de Urgências de Sergipe (Huse) com traumatismo de crânio encefálico”, detalha a médica Maria do Carmo, que responde interinamente pela Central Estadual de Transplantes.
Maria do Carmo explica que a retirada dos órgãos ocorreu somente após serem garantidos todos os protocolos de constatação da morte cerebral da doadora. “A partir daí a equipe multidisciplinar da unidade comunicou a situação à família que, de imediato, autorizou o procedimento”, complementa.
Com o consentimento familiar, única forma oficial para autorizar um transplante, foram captados, além do coração, os dois rins, enviados aos Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, e as córneas, que serão transplantadas em pacientes sergipanos.
Papel da sociedade
A médica Maria do Carmo chama a atenção para a importância do comprometimento da população com a causa. “É um bem que parte da sociedade e que volta para ela. As pessoas precisam deixar claro aos familiares o desejo de serem doadoras. Assim como, os parentes devem ter a consciência de que aquele ato vai salvar uma ou mais vidas”, enfatiza.
No ano passado, Sergipe realizou 141 transplantes de córneas. Em 2017 já foram 30 procedimentos do tipo. Alguns órgãos também foram captados e enviados para outros estados do país em 2016: 10 rins, quatro fígados, dois corações (não havia paciente sergipano na fila de espera para este procedimento) e duas válvulas. Este ano, já foram retirados para doação quatro rins, um fígado e um coração.
É importante frisar que os órgãos e tecidos que serão doados são removidos com procedimentos similares a uma cirurgia. Todas as incisões (cortes) são fechadas após a conclusão do procedimento, de forma a que o doador não apresente deformações ou cortes visíveis, segundo Maria do Carmo, uma preocupação recorrente de familiares dos doadores.
No caso de órgãos como rim, medula óssea, pâncreas, fígado e pulmão, existe a possibilidade de que se realize o transplante com doador vivo, pois a legislação brasileira permite a doação de órgãos entre parentes até quarto grau, com autorização judicial. Já o potencial doador pós-morte é aquele paciente que se encontra internado num hospital e tem morte encefálica constatada.
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Da Agência Sergipe de Notícias