O Atlas da Violência, considerado um dos principais estudos sobre a Segurança Pública no Brasil e divulgado na última semana, trouxe Sergipe como um dos estados com grande protagonismo na redução das taxas de homicídios entre as unidades da Federação. O coordenador do estudo, o doutor em Economia pela PUC do Rio de Janeiro, Daniel Cerqueira, analisou a queda dos homicídios em Sergipe desde 2016 como “Esperança para se enxergar dias com mais paz”.
Daniel Cerqueira cita que muitos estados, entre eles Sergipe, passaram a adotar políticas públicas mais eficazes e planejaram melhor suas ações, com um trabalho extremamente integrado e com um serviço de inteligência eficaz, aliado ao grande investimento no trabalho pericial. “Percebemos políticas públicas exitosas em vários estados e municípios em que se abandonou aquela política do improviso, a política simplesmente da polícia dura e se investiu fortemente em inteligência policial e em ações que geram mais resultados para a segurança pública”, avaliou.
Daniel Cerqueira, enquanto um dos principais estudioso do Ipea do Mapa da violência, conhece muito bem a variação da criminalidade em Sergipe, desde o início da primeira década dos anos 2000. Ele cita a curva acedente da criminalidade no estado a partir de 1998, com o auge da taxa de crimes violentos em 2016 e a baixa consistente no recorte de cinco anos, entre 2016 até 2021, mas que se mantêm até 2023.
“Sergipe é um caso muito interessante, porque a taxa de homicídio crescia a passos largos desde 1998 até 2016. Nesse período, Sergipe dobrou a taxa de homicídio e encabeçou em 2016 com a taxa de 64,7 homicídios por cada 100 mil habitantes, encabeçou a lista do Estado mais violento da federação. De lá pra cá, de 2016 a 2021, houve uma redução da taxa de homicídio em Sergipe de cerca de 48%. Um dos estados que mais conseguiu reduzir homicídios, de modo que hoje a taxa de letalidade violenta no Estado é equivalente a que existia lá nos idos de 2010”, avaliou Daniel Cerqueira.
Na comparação desde o início dos anos 2000, com o auge da taxa de criminalidade em 2016, Sergipe é um estado no país referência em políticas para a redução dos crimes violentos, segundo Daniel Cerqueira. “Temos expectativa de alcançar dias melhores e a redução dos crimes violentos em Sergipe . E esse fato nos dá muita esperança pra gente enxergar dias com mais paz para todos os amigos sergipanos”.
No quadro de pesquisadores do Ipea desde o ano de 1995, Daniel Cerqueira é doutor em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Em paralelo aos trabalhos de pesquisa no instituto, atuou como professor dos programas de MBA da FGV. A partir do ano de 1999, Cerqueira aprofundou os estudos sobre economia do crime e segurança pública, e teve como trabalho de destaque o Atlas da Violência desenvolvido em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Por sua tese de doutorado, recebeu os prêmios Haralambos Simeonidis, da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (Anpec), e o prêmio BNDES de Economia.
Atlas da Violência – Entre 2016 e 2021, 12 das 27 unidades da federação registraram quedas nas taxas de homicídio superiores a 30%. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em nova publicação do Atlas da Violência, Sergipe é o estado do país que mais reduziu a criminalidade nos últimos cinco anos com uma baixa de 47,9% nos casos de homicídios dolosos (considerando o número absoluto). Apenas o Distrito Federal reduziu mais que o estado sergipano, com uma queda de 49,5% dos casos. Quando a análise é apenas sobre a taxa para 100 mil habitantes, Sergipe fica atrás apenas do DF e o Acre. A média de redução no Brasil no período de 2016-2021 é de 26,1%.
Os números divulgados pelo Ipea nesta terça-feira, 5, se concentram entre os anos de 2016 a 2021 e ratificam informações repassadas pela Secretaria da Segurança Pública nos últimos anos. O detalhe é que 2023 continua apresentando tendência consistente de queda, com uma diminuição de quase 20% na comparação com o ano anterior.
Para avaliar a redução de homicídios em Sergipe, é preciso entender o contexto das políticas de segurança pública, conforme explicou Anúbia Melo, do Núcleo de Análises e Pesquisas da SSP. “Primeiro, temos uma política estadual que adota dentre as suas medidas um trabalho conjunto de governança em que as polícias não trabalham de maneira isolada”, explicou.
“Existe um conjunto de ações a partir de um diagnóstico que é enxergado por meio dos próprios institutos vinculados à SSP, como o Napsec e como a Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal (CEACrim). Temos os nossos institutos que fazem com que a própria SSP tenha apresentado esse diagnóstico, e os próprios comandos têm esse controle e conhecimento das causas em suas comunidades”, complementou Anúbia Melo.
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Fonte: SSP/SE