O homem público se revela por suas atitudes. Em muitos casos, em decorrência do que faz ou deixa de fazer, o político gera animosidade, apoio, antipatia, surpresa ou decepção.
Apesar da surpresa causada pelo meu colega de Senado Eduardo Amorim (PSC) em relação ao Proinveste -, um empréstimo do governo da União, em favor de Sergipe, superior a R$ 700 milhões para a realização de obras de infraestrutura, não me move qualquer desejo de atacá-lo.
O meu verdadeiro objetivo é tentar mostrar-lhe o equívoco de suas avaliações, as quais, no meu sentir, colidem com os reais interesses de nossa gente. A mim, me parece, ambições de poder, que são legítimas, nunca poderiam interferir na preparação e na execução de qualquer programa que venha em benefício de Sergipe.
Se em determinado momento não estamos no comando do Estado para levar à frente um programa de governo, temos que respeitar e aceitar como razoável que aquele que detém o poder legítimo conquistado com o voto do povo, não seja impedido de exercer as suas funções.
É preciso que entendamos que neste período o governador Marcelo Déda, a exemplo de tantos que o sucederam, com suas virtudes e defeitos, tem todo o direito e o dever que não podemos negar, de conduzir sem obstáculos o seu plano de trabalho, desde que o faça em obediência à legislação vigente.
Em algumas oportunidades o Senador Eduardo Amorim, na discussão desse tema, o do empréstimo, no afã de defender a sua tese e convencer à opinião pública, usou e abusou de argumentos falaciosos e de informações equivocadas.
Aquele seu jeito aparentemente contemporizador, com a fisionomia do bom mocinho, confundindo aos que não o conhecem como a de um virtuoso padre, cedeu lugar à verdadeira tendência de seu grupo político, a hegemonia a qualquer preço, mesmo que para essa usura o nosso povo venha a pagar um preço sem limites.
Na primeira tramitação na Assembléia Legislativa o projeto do Proinveste (ou os projetos) nunca se exigiu tanto papel e tantos
depoimentos e explicações. Nenhum papel deixou de ser encaminhado nem tampouco depoimentos e explicações foram sonegados.
Fizeram vista grossa ao estrito cumprimento do dever legal de o Executivo prestar as informações que de pronto foram atendidas, e, sem nenhuma justificava plausível, o Proinveste foi rejeitado.
O Senador Eduardo Amorim ao liderar esse movimento para derrubar o Proinveste e impedir o progresso de Sergipe – que precisa mais do que nunca vencer a crise e avançar, garantindo emprego e renda-, atua como se planejasse o caos para daí tirar proveito político em favor de sua candidatura para o governo em 2014.
Expõe publicamente a sua paixão na busca de um objetivo pessoal, denotando uma cegueira política à primeira vista incurável. Foge da realidade, e procura convencer com frágeis argumentos. Apresenta a Ministros dados inverídicos sobre a situação do Estado, faz discursos e emite notas em desacordo com os pareceres do Tesouro Nacional, e distorce decisões judiciais da Suprema Corte, dizendo que Sergipe não pode ou não tem condições de tomar o empréstimo, só para se justificar perante os menos avisados.
Sinto o perigo rondando o Estado. Não pensem que vejo apenas uma luz amarela que se acende, mas um clarão vermelho de um incêndio cujas labaredas já estão bem perto do nosso território sagrado. Um território habitado por um povo que sempre soube se proteger e reagir contra tudo e contra todos que se antepuseram aos seus avanços e conquistas.
Sergipe não pode parar. O nosso povo, sempre altivo e atuante em momento decisivos, merece que essa batalha seja vencida com o apoio e a responsabilidade de nossas lideranças políticas.
Antonio Carlos Valadares
Senador da República