O secretário de Estado da Agricultura, Esmeraldo Leal, se reuniu na última sexta-feira, 6, com o presidente da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), Mardoqueu Bodano, técnicos da Companhia e representantes do Grupo Souza, para discutir a viabilidade do fornecimento de água da barragem do Perímetro Irrigado da Ribeira para abastecer o novo frigorífico que o conglomerado industrial pretende instalar no município de Itabaiana. O encontro resultou no compromisso da empresa pública em realizar um estudo técnico quanto sua capacidade de atender esta demanda.
Moacir Souza, proprietário de outros frigoríficos no estado da Bahia e de um curtume no município sergipano de São Domingos, pretende construir a unidade de processamento e abate de bovinos em Itabaiana, com intenção de atender o mercado interno de carne, mas operando de maneira diferente do que acontece neste tipo de empreendimento. O empresário quer oferecer o serviço de abate e beneficiamento da carne aos proprietários do boi, sejam pecuaristas ou marchantes. Geralmente a indústria compra o animal e vende os produtos beneficiados em atacado.
“Nossa estrutura poderá pegar o boi do cliente, abater, fazer o corte do produto dentro dos padrões de higiene legal, ao valor médio de R$ 70 a R$ R$ 80 a arroba, fazendo a entrega em embalagem plástica adequada, diretamente na banca ou ponto comercial, atendendo num raio de até 100 quilômetros de atuação”, relatou o empresário Moacir, que pretende investir R$ 20 milhões no novo frigorífico e criar 140 postos de trabalho diretos. Além da carne, outros subprodutos são gerados no processo, como o couro, o sebo para aplicação industrial e a farinha de osso.
O secretário Esmeraldo Leal vislumbra no projeto, além do incremento à economia da região, o benefício de propor uma solução ao problema do abate clandestino que desqualifica a qualidade da carne. “Além de gerar os empregos diretos, ele cumpre um fim social extremamente importante com relação aos abatedouros, pois temos também um problema com a liberação dos produtos derivados de carne. Então é um problema social, ambiental e econômico que pode ser resolvido. O Governo do Estado tem se colocado como instrumento de incentivo a iniciativas como esta e cabe a nós da Seagri e, em especial agora a Cohidro, tentar ver o que é possível ser feito”, colocou.
Água da Ribeira
Na reunião foi exposto que todos os trâmites do projeto de instalação do empreendimento estão encaminhados, inclusive já possui a necessária licença ambiental para funcionar. O que falta definir é como a indústria vai suprir sua necessidade mensal de seis mil metros cúbicos de água, destinada à operação de abate e processamento de carne. A área em que se pretende construir o frigorífico, já adquirida, fica em um dos lotes abastecidos pelo Perímetro Irrigado da Ribeira, administrado pela Cohidro no Município.
“Nós teremos que fazer um estudo para que não comprometam em nenhum momento os beneficiários do Perímetro, mas se conseguirmos viabilizar será um serviço importante, que é obrigação nossa do Estado de Sergipe. Hoje o empreendimento precisa basicamente da água, se a gente resolve a água, a gente está resolvendo o empreendimento, então o papel hoje da Cohidro é decisivo”, completou o secretário de Estado de Agricultura, sobre a prioridade dada ao assunto, a partir da realização da reunião na Companhia.
O presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, colocou a Companhia à disposição do empreendimento, reiterando que se for possível fornecer água à indústria, não haverá nenhum impedimento. “A proposta a nós colocada inclusive cita que o frigorífico quer pagar pela água consumida. Nós vamos providenciar o abastecimento caso se conclua ser possível atender a solicitação para que estes recursos sejam revertidos inteiramente nos custos operacionais e investimentos na Ribeira e assim fazer a justa compensação à estrutura hídrica que terá novas aplicações, além da que está acostumada a fornecer água”, considerou.
O diretor de Irrigação da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, comentou que a água do Perímetro hoje é toda utilizada na agricultura, para fins de irrigação. “É uma demanda industrial, uma atividade nova que se pretende instalar na Ribeira, mas como tem uma função que vem para beneficiar a economia local e eliminar este problema sério que é o dos abatedouros, temos que levar isso em conta nesta solicitação, na hora de realizar o levantamento técnico que vai ser utilizado como resposta positiva ou negativa”, expôs, alertando que a prioridade é o pólo de irrigação da Empresa.
Paulo Henrique Sobral, diretor de Infraestrutura da Companhia, explicou que é necessário avaliar o atual consumo da agricultura irrigada na Ribeira e a capacidade de armazenamento da barragem. “Temos que calcular se os 16,5 milhões de metros cúbicos do reservatório do Perímetro podem suportar fornecer água aos irrigantes e também atender a demanda da nova indústria. Também será avaliado se a adutora, que atende a localidade onde vai ser construído o frigorífico, seria capaz de fornecer o volume requerido. Tudo isso vai ser levado em conta, incluindo os custos de um possível investimento na ampliação da rede de água”, concluiu.
Informações do Portal Agencia Sergipe de Noticias.