A Universidade Federal de Sergipe (UFS) divulgou, na sexta-feira, 4, os resultados da segunda fase da ação de monitoração de casos da covid-19 no estado no âmbito do Projeto EpiSergipe. Foram realizados 5.405 testes rápidos e sorológicos nas zonas urbanas e rurais de 15 municípios sergipanos, no período de 11 de agosto a 17 de novembro deste ano.
63,2% (3.415) das pessoas testadas nessa etapa foram do sexo feminino e 36,8% (1.990) do sexo masculino, nas faixas etárias de 0 a 19 anos (11,4%), 20 a 59 (69,9%) e acima de 60 (18,3%). Desse total, 745 pessoas apresentaram resultado positivo para o novo coronavírus por meio do teste rápido, indicando uma taxa de prevalência de 13,8%. A maioria do gênero feminino (68,3%), e com idade entre 20 e 59 anos (71,1%).
Das 745 pessoas que testaram positivo para anticorpos SARS-CoV-2, foram coletadas 694 amostras de sangue para a confirmação do resultado através do teste de sorologia. Por meio do método de imunofluorescência, 648 exames apresentaram resultado positivo para a detecção de anticorpos, enquanto 46 deram negativo.
Na sorologia, 594 amostras sinalizaram para o tipo IgG+, o que aponta para possibilidade da pessoa estar imune, 2 para IgM+, indicando a doença na fase inicial, e 52 pessoas com IgG+ e IgM+. Esses dados indicam uma soroprevalência de 12%, com maior frequência no gênero feminino (12,7%), e em pessoas de 20 a 59 anos (12,3%).
A pesquisa ainda apontou um aumento de 29% na taxa de soroprevalência no estado em comparação com o mês de julho, quando o percentual era de 9,3%. Nesta segunda etapa, os municípios com maiores taxas foram: Tobias Barreto (22,3%), Nossa Senhora do Socorro (18,4%) e Propriá (15,8%). Já Barra dos Coqueiros (5,0%), Canindé de São Francisco (5,6%) e Porto da Folha (5,7%) foram as cidades com os menores índices no período analisado. Aracaju, por sua vez, teve uma soroprevalência estimada em 7,7%
Professor do Departamento de Educação em Saúde da UFS e membro do EpiSergipe, Paulo Ricardo Martins Filho avalia que os resultados gerais mostraram “um avanço da soroprevalência para o interior, que antes era de 8%, e agora, é aproximadamente de 13%, e uma certa estabilização da soroprevalência na região da Grande Aracaju”.
Martins ainda aponta para o crescimento da soroprevalência no grupo de pessoas entre 20 e 59 anos. “São esses os indivíduos que compõem uma faixa economicamente ativa da população, e que tem retornado ao trabalho, à medida que o plano de retomada das atividades foi sendo implementado no estado nos últimos meses”, afirma.
Tobias Barreto, no Sul do estado, foi o município com maior aumento na estimativa de soroprevalência. Na primeira fase, a taxa estava em 6,4%. Já, nesta segunda fase, atingiu 22,3%, um acréscimo de 15,9 pontos percentuais. O oposto aconteceu em Laranjeiras, localizado na Grande Aracaju, que diminuiu de 15,9% para 11%.
Além de Tobias Barreto, Martins cita as cidades que chamaram a atenção quanto ao crescimento “significativo” da soroprevalência nesta nova etapa: Simão Dias (passou de 1,4% na fase 1 para 9,8% na fase 2), Canindé de São Francisco (1,7% para 5,6%), Itabaiana (2,7% para 13%) e Nossa Senhora do Socorro (7,7% para 18,4%).
Paulo Martins afirma que, geralmente, os casos começam nas regiões metropolitanas e depois se espalham pelo interior dos estados. “Então, isso tem acontecido ao longo dos últimos meses em Sergipe. E é bom destacar que alguns municípios que foram comentados estão localizados em regiões fronteiriças, então, isso é um fator também preponderante para que esse aumento da soroprevalência tenha sido visto em Canindé do São Francisco, na região de Tobias Barreto e Simão Dias”, acrescenta o pesquisador.
Coordenador geral da ação, o professor Adriano Antunes ressalta que o projeto realizará, ao todo, mais de 15 mil testes rápidos para verificar a prevalência da doença na capital e interior do estado. Como o objetivo é acompanhar o nível de contaminação ao longo do tempo, segundo ele, 60 professores, técnicos e alunos envolvidos na ação vão revisitar os municípios em janeiro de 2021 para a terceira fase de testagem.
Projeto EpiSergipe
A Universidade Federal de Sergipe firmou uma parceria com o Governo de Sergipe para o desenvolvimento de um projeto que visa acompanhar o grau de contaminação e os impactos do coronavírus em Sergipe. O investimento é de R$ 4.160.000,00.
Além do monitoramento de casos, a iniciativa, com duração prevista de um ano, visa identificar os impactos socioeconômicos, em virtude da pandemia, através de uma proposta de simulação e acompanhamento de três modalidades de crimes: homicídios, roubos e furtos e violência doméstica, e a evolução da doença nas populações vulneráveis, a carcerária, adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, população de rua e idosos que vivem em Instituições de Longa Permanência.
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Por Abel Victor e Josafá Neto | UFS