O prefeito de Itaporanga D’Ajuda (PSDB) e o vice-prefeito, Francinaldo Alves (PROS) não estão mais se entendendo e a “lua de mel” política durou pouco entre os dois. Em entrevista exclusiva para o portal SE Notícias, o vice-prefeito fez um balanço da atual gestão, dando ênfase em diversas críticas.
Em conversa, Francinaldo Alves destacou a falta de atenção e de transparência do governo municipal, afirmando que quem manda e desmanda são terceiros, como alguns secretários, inclusive o filho do prefeito e o secretário de Obras. Indignado com a forma que é tratado pelo prefeito, Francinaldo diz que nunca foi procurado para opinar sobre a formação do secretariado, e que outras pessoas intercederam para que Otávio nomeasse a filha como secretária de esportes.
Outro ponto destacado pelo vice-prefeito é que os comerciantes de Itaporanga D’Ajuda estão pagando um preço caro pela aprovação da taxa de iluminação pública aprovada pelos parlamentares, proposta que foi lançada pelo prefeito, e que hoje prejudica os comércios do município. Ainda nas declarações, Francinaldo relata que segundo os boatos da cidade, a população não está satisfeita com a realização das obras que estão sendo feitas, uma vez que existem outras que são prioritárias, mas que não recebem a devida atenção. Para o vice-prefeito “São Obras de Faixadas”.
Além desta, outra declaração que chama a atenção é que a prefeitura recebeu mais de 12 milhões de royalties em 2018 e não conseguiu distribuir cesta básica para a população carente de Itaporanga, Francinaldo afirma que será pré-candidato a prefeito em 2020 e diz que o fechamento do matadouro do município foi por falta de compromisso do atual prefeito.
Em avaliação de 0 a 10, Francinaldo pontuou em 2% a gestão de Itaporanga, reprovando completamente a administração, que sonhava em ser transparente e feita para todos.
Confira a seguir a entrevista:
Francinaldo, hoje o senhor está filiado ao PROS, apoiou para deputado estadual Gilmar Carvalho e para federal Bosco Costa, ambos eleitos. Podemos dizer que com isso você tem uma base para preparar uma pré-campanha para prefeito de Itaporanga D’ Ajuda? Com certeza. Eu sou pré- candidato a prefeito e digo sempre em roda de conversas com meus amigos que se Deus permitir e me dê saúde farei uma boa campanha. É uma decisão minha que condiz com a opinião do meu agrupamento político e de eleitores, que dizem não querer que eu me candidate novamente a vice-prefeito, uma vez que a ocupação política não permite que eu realize um trabalho que atende as demandas da população.
Hoje, o que se desenha na cidade é que o atual prefeito será candidato a reeleição, bem como a ex-prefeita Gracinha, e o grupo de César Mandarino também poderá indicar um candidato. Quais deles o senhor prefere ter como adversário em 2020? A gente não pode ter medo ou subestimar ninguém. Acredito que a situação política do atual prefeito é muito complicada, pela incapacidade administrativa já comprovada, uma vez que a gestão está no poder há mais de dois anos. De zero a dez, daria de 1 a 2 para a esta gestão, na pessoa do prefeito.
Qual a possibilidade de se unir ao agrupamento de César Mandarino ou da ex-prefeita Gracinha? Na política não se descarta nada. É como dizemos no meio político, a gente nunca fecha a porta e a janela, precisamos deixa-las abertas. O nosso projeto é disputar a prefeitura de Itaporanga. Tenho conversado com ambos os agrupamentos. Sempre mantive uma boa relação com Gracinha, mesmo disputando a prefeitura na última eleição, e hoje não é diferente.
Com o atual prefeito, existe a possibilidade de uma aliança política? Não. Não acredito que o atual prefeito tenha capacidade de articulação política. É um gestor que não tem lealdade e compromisso com a população. Não consigo admitir que as pessoas passem por certas situações de dificuldades. Andando pelas ruas de Itaporanga converso com várias pessoas que relatam passar fome, isso é vergonhoso para uma prefeitura que tem 1 milhão de royalties por mês, e não consegue cadastrar mil famílias carentes para distribuir cestas básicas. O prefeito não deu continuidade ao programa social, que foi uma das nossas promessas de campanha.
A gestão do prefeito Otávio Sobral é transparente? Em hipótese alguma. Eu não posso fazer afirmações ou denuncias, mas pelas ruas da cidade comentários ruins são propagados sobre a gestão do atual prefeito. De acordo com os boatos, secretários e familiares do prefeito são quem comanda a prefeitura. Como por exemplo, Sergio Melo e Marcelo Sobral, nomes citados nos bastidores por terem um poder muito forte sob o prefeito.
Em 2016, você chegou a ser secretário da ex-prefeita Gracinha e no final da gestão, para a surpresa de muitos, o senhor renunciou ao cargo de secretário e em seguida compôs a chapa de Otávio Sobral. Naquele momento você acreditava na vitória ou foi um desabafo por, digamos não ter sido reconhecido no trabalho como secretário? No inicio da minha saída iríamos pleitear a prefeitura. Como não havia me preparado partidariamente, não tinha um agrupamento político. Tentei formar algumas alianças com lideranças e não consegui, portanto não tive a condição de sair candidato a prefeito, foi então que decidi formar aliança com o prefeito Otávio Sobral. Naquele momento, apesar do prefeito estar com o percentual a baixo de Gracinha nas pesquisas, eu acreditava que com a nossa aliança sairíamos vitoriosos.
Passado o momento da vitória, você além de vice-prefeito teve também participação na gestão com a secretario de esportes, até quando durou? Logo após a eleição percebi a falta de atenção por parte do atual prefeito comigo. Por exemplo, em momento algum fui procurado por ele para opinar sobre determinadas situações, como a formação do secretariado. A única coisa que ele me disse é que eu iria assumir a secretaria de esportes, uma nomeação que aconteceu após três meses de gestão. Tomei conhecimento de que foi preciso à intercessão de algumas pessoas para que eu então assumisse a secretaria.
Diante do que representamos na campanha, acredito que não houve o mínimo de consideração por parte do prefeito Otávio Sobral, e principalmente com as pessoas que acreditaram em mim, que não tive como contempla-las. A única coisa que eu queria da prefeitura era participar da administração. Todos sabiam que o prefeito não tinha experiência administrativa. No meu caso, tenho uma experiência na área porque acompanhei a secretaria de esportes durante um bom tempo.
Após três meses o prefeito nomeou sua filha para comandar a secretária de esportes. Até quando durou essa participação na gestão? Até junho de 2018.
Hoje, o senhor afirma não ter mais aliança com o prefeito? Com certeza. Eu não posso aplaudir um prefeito que não ouve a população. Quando fui para o palanque, eu dizia que iriamos governar ouvindo as pessoas, que é assim que tem que ser, e em momento algum foi feita uma consulta à população sobre determinados assunto, inclusive sobre algumas obras que não são consideradas para a população como prioritárias, que em minha opinião são obras de faixadas. Ele administra sem ouvir a população.
O prefeito não deu continuidade ao programa social, que foi uma das nossas promessas de campanha.
Como o senhor avalia a operação do Ministério Público Estadual e Federal, que fechou o matadouro de Itaporanga? Essa é uma questão que vem se arrastando durante alguns anos. É notória a falta de compromisso do gestor na situação do momento. Eu estive no mercado municipal e o mato estava entrando de fora para dentro do estabelecimento, ou seja, falta de zelo da gestão. O prefeito poderia ter assinado um termo de conduta com o Ministério Público, se comprometendo a fazer as devidas reformas para que evitasse o fechamento do matadouro. E, após o fechamento, o prefeito se pronunciou na imprensa dizendo que não tem interesse em reabrir o matadouro. A verdade é que hoje temos dezenas de famílias sendo penalizadas, além dos marchantes e as fateiras, pessoas que viviam desse trabalho.
O fechamento do matadouro foi uma falta de compromisso do gestor atual. Não tiro, também, a culpa de gestores passados, visto que é um problema que vem se arrastando durante anos, mas que ele, na condição de atual gestor, com uma arrecadação muito boa de royalties, poderia muito bem ter assinado o termo de conduta do Ministério Público e se comprometido a fazer as devidas reformas para evitar o fechamento do matadouro.
TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA
Quando o prefeito enviou para a câmara a reforma do código tributário do nosso município, tomei conhecimento às 18h do mesmo dia. Cheguei a ser criticado nas redes sociais, mas não tive acesso ao projeto. Hoje, a população paga uma taxa de iluminação pública, e há uma revolta muito grande por parte dos comerciantes, eu tive inclusive conversando com um deles, que relata que a cidade está falida, a prefeitura não compra nada ao comércio de Itaporanga. Então, esse ônus a mais que os comerciantes estão pagando é um prejuízo, que se tivessem muitos funcionários teriam de demitir. Eles Relatam que precisam desligar geladeiras, por não terem condições de pagar a energia.
Qual recado você deixa para a população de Itaporanga? Itaporanga tem uma população forte, que sempre conseguiu passar por todas essas dificuldades. Uma população criteriosa na hora de escolher um candidato, que saberá analisar e jugar cada um. Espero que as pessoas deste município mantenha a esperança de que Itaporanga vai mudar para melhor após a próxima eleição.
Outro lado
A reportagem do portal SE Notícias procurou ouvir a Assessoria de Comunicação do prefeito Otávio Sobral, o filho Marcelo Sobral e o secretário de obras Sergio Melo, para saber se ambos teriam interesse em se manifestar mediante declarações do então vice-prefeito, Francinaldo Alves, mas até a publicação da matéria não se posicionou sobre a entrevista
Acompanhe o SE Notícias no Twitter, Facebook e no Instagram
Por Orácio Oliveira e Yslla Vanessa/SE Notícias