por Valter Lima – Sergipe 247
O conselheiro municipal de Saúde Nicanor Farias procurou o 247 para denunciar que a prefeitura de Aracaju tem priorizado a realização de exames através do programa “Pró-Mulher, Pró-Família”, enquanto os mesmos procedimentos não são realizados nas unidades básicas de saúde. Segundo ele, esta atitude tem deixado os usuários indignados. O conselheiro afirma que o programa tem adquirido assim um “caráter eleitoreiro”.
“A reclamação tem sido recorrente e em todos os postos de saúde da cidade: enquanto um exame demora até dois anos para ser realizado nas unidades, o mesmo exame é feito no mesmo dia no Pró-Mulher. Isso tem deixado as pessoas indignadas. A minha crítica não é ao programa, mas ao fato de que os usuários no dia a dia não têm tido a mesma atenção. Isso enfraquece o Sistema Único de Saúde, enquanto faz com que as pessoas passem a enxergar o Pró-Mulher como um programa eleitoreiro. O povo já está chamando de Pró-Voto”, afirma Nicanor Farias, mais conhecido como “Popô”.
Ele salienta que os mesmos profissionais e os mesmos laboratórios que atuam no programa da prefeitura são os mesmos que trabalham para os postos de saúde. “Então porque para o Pró-Mulher funciona e realiza, em média, 250 exames, em um único dia, enquanto nas unidades de saúde, as pessoas precisam esperar seis meses, um ano, até dois anos?”, questiona. “Isso mostra que a prefeitura dá uma relevância muito maior ao programa e deixa de assistir os postos”, critica.
Popô Farias é conselheiro municipal da terceira região de Aracaju, que envolve os bairros Inácio Barbosa, Coroa do Meio, Médici, Ponto Novo e Luzia. Segundo ele, nas reuniões dos conselheiros, que acontecem a cada dois meses, o diagnóstico é sempre o mesmo. “Não é específico do meu bairro, é em geral, em todos os postos de saúde. Se as 43 unidades de saúde da capital estivessem funcionando a contento, realizando os exames, não havia necessidade de fazer o Pró-Mulher”, avalia.
Questionado pela reportagem sobre a informação divulgada pela prefeitura de que os usuários estariam agendando seus exames, mas não estariam comparecendo para a realização dos procedimentos, o conselheiro confirma que isto ocorre. No entanto, ele tem uma justificativa: “o paciente precisa do exame, pois só com o resultado o médico pode detectar o problema de saúde, então aqueles que conseguem juntar algum dinheiro, tirando de suas economias, faz pela rede particular”. E complementa: “a PMA diz que cerca de 30% dos usuários não comparecem para fazer o exame. Considerando que demora até dois anos para que a pessoa possa ir fazer o procedimento, este número de pessoas que não comparecem é até pequeno”.
Além de não priorizar a realização de exames, o representante da comunidade denuncia que o quantitativo de profissionais para as Equipes de Saúde da Família está reduzido. “Não tem efetivo. Não tem como as equipes de saúde darem conta de toda a região para a qual estão destinadas”, afirma. Ele exemplifica na região onde ele reside: “No Inácio Barbosa, comunidades como a do Pantanal, e aquela unidades habitacionais que ficam próximo ao terminal DIA e os prédios que já existem atrás do Hospital Primavera estão desassistidos”. O resultado disso, alerta, “é a proliferação do mosquito da dengue, da zika e da chikungunya”.
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Informações do jornalista Valter Lima do Portal Sergipe 247