Os prefeitos da Grande Aracaju decidiram, em reunião na manhã desta quarta-feira (24), retirar oficialmente as empresas Viação Cidade de Aracaju (VCA) e São Cristóvão do sistema de transporte coletivo da região. A partir de amanhã, a prefeitura de Aracaju abrirá um edital de chamamento para que empresas de outros Estados possam assumir essas duas vagas. Espera-se que em até dois meses, o sistema seja regularizado. Até lá, pelo menos, menos 150 ônibus estarão circulando em Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros e São Cristóvão.
Com a retirada oficial dessas duas empresas do Grupo Bomfim (a Viação Cidade Histórica e a São Pedro, do mesmo grupo, continuam operando normalmente), as manifestações que estão paralisando os ônibus não poderão mais ocorrer, segundo o prefeito João Alves Filho (DEM). Se houver novas paradas ou fechamento de terminais, como vem acontecendo diariamente na cidade, os responsáveis pela empresa serão responsabilizados.
“Todos nós estamos angustiados. Nós não temos responsabilidade por essa questão ter chegado a esse ponto. Esse caos é anunciado, porque os problemas se acumularam ao longo de anos”, disse o prefeito de Aracaju, durante coletiva de imprensa na manhã de hoje, após reunião com os prefeitos Fábio Henrique (Socorro), Rivanda Batalha (São Cristóvão) e Airton Martins (Barra).
“Nós estamos pactuados para resolver estes problemas. Procuraremos o governador para encaminhar a licitação conjuntamente. E para garantir a transparência do processo convidaremos representantes da Ordem dos Advogados do Brasil e Ministério Público para acompanhar. A situação do transporte é bem complexa e não tem como resolver num instalar de dedos, mas sabemos que hoje o problema é a VCA. Quando assumimos a prefeitura, a empresa era responsável por quase 50% da frota. Já reduzimos para 26% e agora ela está fora”, disse João.
Segundo o prefeito, já há duas empresas de outros Estados interessadas em substituir a VCA, por isso, a prefeitura irá realizar o chamamento para que haja uma seleção para escolher aquela que melhor se adéqüe ao sistema. “Vamos optar por aquela que mais rápido puder entrar em operação, mas sabemos que não será rápido colocar 150 ônibus para circular”, ressaltou.
Demonstrando muita contrariedade com a situação que a VCA ocasionou no sistema, João disse que a empresa tinha interesse que a prefeitura realizasse uma intervenção, porque assim assumiria os mais de R$ 500 milhões de passivo financeiro existente. “Teria que dar um tiro na cabeça. A VCA se comportou como uma empresa aventureira. Exaurimos todas as opções de diálogo. E encontramos empresas que aceitam trabalhar em Aracaju mesmo sabendo que uma licitação será realizada em breve”, afirmou.
Para o prefeito de Nossa Senhora do Socorro, segundo município mais atingido com a paralisação da VCA (60% da frota que circula na cidade), “todo esse sofrimento” vai ter uma consequência positiva: “vamos nos livrar definitivamente da VCA que presta um serviço péssimo para o cidadão”, disse Fábio Henrique. Ele afirmou ainda que a prefeitura de Socorro estuda a possibilidade de colocar ônibus próprios da administração para atender povoados e bairros onde o sistema não está indo. “A gente não pode permitir que uma comunidade fique sem transporte”, frisou.
por Valter Lima, do Brasil 247