Em uma sessão solene realizada na quinta-feira (13/03), a Câmara Municipal de Nossa Senhora do Socorro entregou a *Medalha Agripina Maria de Carvalho*, honraria dedicada a mulheres que se destacam por suas contribuições ao município. A medalha, que homenageia Dona Pina, primeira funcionária da Casa Legislativa, foi concedida a personalidades, secretárias municipais e representantes da sociedade socorrense.
A sessão, que deveria ser um momento de celebração, foi marcada por um grave episódio de intolerância religiosa. Durante o evento, o prefeito Samuel Carvalho teria ignorado deliberadamente Mãe Silvia, ialorixá e presidente do Instituto Revida, representante de religiões de matriz africana. O prefeito não a cumprimentou pessoalmente, mesmo cumprimentando as pessoas sentadas à sua esquerda e direita, em um ato classificado como discriminatório pelos vereadores e pela plateia presente.
Os vereadores Charlys de Gel e Conceição da Millenium denunciaram, na terça-feira (18), na tribuna da Câmara, que o prefeito Samuel Carvalho cometeu um “crime de intolerância religiosa” ao não cumprimentar Mãe Silvia, enquanto cumprimentou outras homenageadas. Charlys de Gel classificou o gesto como discriminatório e cobrou uma nota de repúdio da Câmara, além da apuração imediata do caso.
A vereadora Conceição da Millenium, reforçou a denúncia, descrevendo o ato do prefeito como “doloso e misógino”. Ela destacou que Mãe Silvia, além de líder religiosa, é reconhecida por seu trabalho social e de combate à intolerância à frente do Instituto Revida, reforçando a gravidade do ocorrido.

Intolerância religiosa contra Mãe Silvia, ialorixá e presidente do Instituto Revida, marca sessão de homenagem às mulheres em Socorro – Foto: ascom/divulgação
Mãe Silvia é uma figura de destaque não apenas em Socorro, mas em todo o estado de Sergipe. Recentemente, ela recebeu o prêmio Boa Prática e Selo ODS no Ministério Público Estadual, em reconhecimento aos trabalhos desenvolvidos pela instituição Revida (Instituto Renascer para a Vida), que promove ações de inclusão social, educação e respeito às diversidades. Esse reconhecimento reforça a importância de sua luta e a gravidade do ato de discriminação sofrido durante a homenagem.
A defesa da liberdade religiosa, uma das pautas centrais do REVIDA, é um direito garantido pela Constituição Federal, no artigo 5º, inciso VI, e qualquer violação a esse princípio deve ser tratada com rigor. Nossa Senhora do Socorro é uma cidade conhecida por sua diversidade cultural e religiosa, e atitudes que incentivam o preconceito são inadmissíveis.
A importância de uma resposta firme e exemplar por parte das autoridades foi reforçada pelos vereadores, que destacaram que casos como este não podem ficar impunes. “A democracia exige justiça, e a população espera uma posição clara e contundente contra atos de intolerância”, afirmou o vereador e denunciante.
O caso gerou comoção e indignação entre os praticantes das religiões de matriz africana e autoridades das várias esferas de poder, com manifestações de apoio a Mãe Silvia e repúdio ao ato de discriminação nas redes sociais. A sociedade sergipana se solidariza com o povo de Nossa Senhora do Socorro e reafirma o compromisso com o respeito à diversidade religiosa e aos direitos fundamentais de todos os cidadãos.
O Instituto Revida aguarda o posicionamento oficial da Câmara Municipal de Nossa Senhora do Socorro e do Gabinete do prefeito Samuel Carvalho, que, até o momento, não se manifestou publicamente sobre as denúncias feitas pelos vereadores. O silêncio do chefe do Executivo, reforça as acusações e a necessidade de uma resposta contundente, asseverou o advogado do REVIDA, Gerson Carvalho.
Assessoria de Comunicação, REVIDA – Instituto Renascer para a Vida.
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