por Heitor Esmeriz, Globo Esporte
O Vélez Sarsfield é maior que a Ponte Preta? Sim. A Ponte dificilmente vai chegar um dia à quantidade de títulos que o Vélez tem? Provavelmente. O Vélez pode ganhar nove em dez nas próximas partidas contra a Ponte? As chances são boas. Mas a Ponte tem a eficiência de Elias e a categoria de Fernando Bob, novos heróis alvinegros. A Ponte tem o incansável Baraka. A Ponte tem César e Diego Sacoman, uma dupla de zaga iluminada para salvar três bolas. Tem a ousadia de Rildo. A Ponte tem a segurança de Roberto. A Ponte tem Artur, Uendel, Magal, Chiquinho, Leonardo… Mas, acima de tudo, possui uma torcida que merece a sequência de feitos históricos que o time escreve em 2013. Uma torcida capaz de invadir Buenos Aires e fazer uma torcida argentina parecer silenciosa. Por fim, a Ponte tem a vaga e vai enfrentar o São Paulo na semifinal da Copa Sul-Americana. Os jogos serão nos dias 20 e 27 de novembro. Primeiro no Morumbi, depois no Moisés Lucarelli.
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O sonho do primeiro título em 113 anos segue vivo. Mas e daí se não for campeã desta vez? A Ponte já fez história suficiente para alimentar a paixão da sua torcida por muito mais tempo. Eliminar o Vélez, uma vez campeão da Libertadores e do mundo, e calar o José Amalfitani eram coisas que poucos entre os mais otimistas poderiam imaginar. Após um empate sem gols em Campinas, na semana passada, a Macaca se classificou com uma vitória por 2 a 0 na noite desta quinta-feira.
Elias, em contra-ataque fatal no início do segundo tempo, fez a maioria dos aproximadamente 20 mil argentinos se render à minoria alvinegra. Minoria de quase 700 pessoas que serviu de combustível para os jogadores se desdobrarem dentro de campo e acreditarem em algo quase improvável. O placar ficou completo com Fernando Bob, autor do gol de placa da noite. Um chapéu e um leve toque de cabeça que coroa a grande atuação alvinegra. Que venha o São Paulo, adversário brasileiro das semifinais.
Além de histórica, a vaga serve para aumentar a expectativa pela permanência na elite nacional. Domingo, a Macaca recebe o Vitória, em mais uma decisão, desta vez na luta contra o rebaixamento no Brasileirão. Invicta há quatro jogos na Série A, o time está a dois pontos de deixar a degola e tem na vitória desta noite o combustível para confirmar uma arrancada histórica. Afinal, quem elimina o Vélez em Buenos Aires pode sonhar com tudo. Ainda mais em sair do rebaixamento.
O perigo vem do alto
Com Artur, Magal e Chiquinho entre os titulares, Jorginho tentou reforçar a marcação pelo lado direito. Artur fazia o papel de terceiro zagueiro quando o Vélez tinha a bola, enquanto Magal caia pela ala. Ao mesmo tempo em que o sistema defensivo parecia um pouco perdido taticamente, também se mostrava atento. Qualquer erro de posicionamento era compensado com esforço para fechar os espaços. A disposição alvinegra abafou o ímpeto inicial do Vélez. A esperada pressão nos primeiros minutos foi controlada. Com a bola nos pés, o lado esquerdo, com um Rildo inspirado e caçado pelos adversários, era a principal opção. O atacante, no entanto, mais serviu para irritar os defensores do Vélez do que ameaçar a meta argentina.
Sebastían Sosa era um espectador da partida até os 18 minutos. E ele também só assistiu à primeira chegada da Ponte. A cabeçada de Elias com endereço certo foi tirada por Allione. Na sequência, o goleiro do Vélez precisou trabalhar. Artur desviou cobrança de falta de Elias, e Sosa foi buscar no canto esquerdo. Também pelo alto, o Vélez criou seu lance mais perigoso. Rescaldini ganhou de Roberto por cima e cabeceou para o gol vazio. A bola quicou na grama e saiu. Não apenas pelo susto, mas também pelo comportamento e resultado parcial, a torcida da Ponte terminou o primeiro tempo com mais motivos para acreditar que a do Vélez.
Fim de jogo perfeito
A Ponte Preta cumpriu com tons de crueldade a trajetória dos quase mil alvinegros que deixaram o Brasil rumo à Argentina. Diante de um Vélez nervoso e ansioso, a Macaca mostrou como se faz. Com toque de bola rápido, aproveitou espaço deixado pelos hermanos para chegar ao gol. De Elias para Rildo. De Rildo para Elias. Bola na rede.
A partir daí, os argentinos pressionaram. Forçaram César a tirar uma bola em cima da linha. Acertaram uma na trave após falha de Roberto. E buscaram a classificação de qualquer forma. Mas do outro lado estava uma valente equipe brasileira, que não só se segurou, como também aprontou mais uma. Fernando Bob saiu em contra-ataque, chapelou o goleiro Sosa e, com um leve toque de cabeça, aniquilou as esperanças argentinas. E a falta de experiência em torneios internacionais? A Ponte colocou no bolso. Jogou como nunca, ganhou como nunca.