O Complexo de Operações Policiais Especiais (COPE) da Polícia Civil prendeu na última sexta-feira, 1º, nas cidades de Lauro de Freitas e Salvador (BA), integrantes de uma quadrilha interestadual de roubos de cargas que agiam em Sergipe, Bahia, Goias e Minas Gerais cujas ações criminosas geraram um ativo de mais de R$ 5 milhões para a organização criminosa. Em mais de quatro meses de investigações, a Polícia Civil identificou cerca de 15 roubos de cargas.
A operação ‘Falso Corsário’ foi coordenada pelo delegado Hildemar Rios e ocorreu simultaneamente em Sergipe e Bahia, com apoio da Superintendência de Inteligência da SSP e do Comando de Operações Especiais da Polícia Civil do Estado vizinho, além da Divisão de Inteligência e Planejamento Policial (Dipol) de Sergipe. Segundo o delegado, as investigações iniciaram em maio de 2014, após o registro de ocorrências de alguns roubos em rodovias que cortam o Estado.
Os primeiros integrantes dessa quadrilha foram presos em uma operação da Polícia Rodoviária Federal no município de Itaporanga D’Ajuda em maio deste ano. Na época foram presos os paulistas Alexandre Alves de Oliveira, vulgo ‘Duda’, que no ato da prisão se identificou com o nome falso de Genival Francisco da Silva, e Adriano Costa de Souza, conhecido como ‘Cupim’. Eles foram flagrados em um caminhão Volvo FH, após tentar roubar uma carga de cerveja na BR-101. Na oportunidade, foram apreendidos várias placas de veículos, bloqueadores de sinal rastreador de veículo, giroflex, entre outros objetos.
As cargas preferências dos criminosos eram compostas de produtos com alto valor agregado e com facilidade de revenda no mercado negro, a exemplo de ferro, cimento, bebidas alcoólicas, implementos rodoviários, máquinas, equipamentos, bandagens de pneus, tintas, entre outros. As investigações mostraram que os criminosos se passavam por policiais civis e federais para parar os caminhões. Após render os motoristas, eles se apossavam dos veículos, enquanto outra parte do bando mantinha a vítima como refém em algum matagal.
“Geralmente os motoristas eram mantidos reféns por horas, aguardando a carga roubada sair do Estado onde foi subtraída ou até que fossem levadas para algum galpão da quadrilha ou até mesmo ser repassada para os receptadores. Quando queriam ficar com os caminhões, eles desmontavam todo o rastreamento eletrônico dos veículos, adulteravam os dados e os revendiam por um preço bem abaixo do valor de marcado”, disse o delegado.
Depois da prisão de Alexandre e Adriano, a Polícia Civil de Sergipe intensificou as investigações e veio a prender em Salvador o sergipano Arnaldo Alves da Silva Júnior, 34 anos, e paranaense Haroldo José Amaral, 48 anos, detido em Lauro de Freitas. Novamente, foi apreendido um bloqueador de sinal rastreador veicular, notas fiscais de cargas roubadas pela quadrilha, além de chaves de veículos roubados pelo grupo.
Também foram realizados buscas em galpões localizados em Aracaju, Salvador, Simões Filho e Irará, na Bahia. “Esses locais eram utilizados pela quadrilha para guardar cargas, caminhões e carretas roubadas, bem como era uma espécie de escritório para planejar novas execuções”, explicou Rios.
Funções
Cabia a Alexandre, Haroldo e Adriano, junto com outros investigados que estão foragidos, fazer as abordagens, subjugar as vítimas e transferir as cargas roubadas de um caminhão para outro. Já Arnaldo Júnior era o responsável pela venda e distribuição dos produtos roubados. Era ela quem decidia o que devia ser roubado e também o responsável por revender os caminhões roubados para outros criminosos.
A Polícia Civil também procura outro investigado de nome Marco de Jesus Marinho, conhecido como ‘Marco Careca’. “Ele tem 21 mandados de prisão expedidos pela Justiça por atuação criminosa em vários Estados do Brasil”, disse o delegado. Todos os envolvidos na quadrilha já responderam a processos por formação de quadrilha, homicídio, roubo de cargas, porte ilegal de arma de fogo e estelionato.
Na última sexta-feira, a Polícia Civil apreendeu vários veículos roubados, entre eles uma carreta bi-trem roubada em Minas Gerais e localizada em um galpão na capital sergipana, uma caminhonete localizada em Salvador. Também foi recuperado duas carretas em Barreiras (BA) e Cristinápolis (SE). Ainda foi apreendido um caminhão Volvo FH 540, cor prata, roubado em outubro de 2013 próximo a entrada do município de Siriri.
“Os roubos provocados por essa quadrilha causam um grande prejuízo econômico aos empresários e ao erário do Estado, já que as cargas roubadas são revendidas clandestinamente por preços inferiores aos praticados no mercado”, constatou. Hildemar garantiu que as investigações vão continuar a fim de identificar e prender os demais integrantes da quadrilha, receptadores e demais pessoas que colaboraram com o bando.
Operação Falso Corsário
A operação ganhou esse nome em alusão ao período das grandes navegações, onde corsários eram autorizados pelo Estado a abordar e atacar navios de outras nações. Fazendo analogia com o passado histórico, os criminosos dessa quadrilha se faziam passar por policiais, simulando ter autorização para abordar veículos e pessoas nas rodovias.
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