O Departamento de Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap) prendeu em flagrante no final da tarde desta quarta-feira, 20, em frente a um escritório do bairro 13 de Julho, Dernival Luiz de Moura, 61 anos, suspeito de adulterar e falsificar documentos, crimes previstos no Código Penal. Ele é funcionário de Nollet Feitosa Vieira, 38 anos, que até o momento só era conhecido como Carlinhos.
Carlinhos foi identificado partir dos depoimentos de Clarice Jovelina de Jesus e José Agenilson de Carvalho Oliveira, que ligados a Associação de Moradores e Amigos do Bairro Nova Veneza (Amanova). Os dois foram presos na última terça-feira e aceitaram o instituto da deleção premiada proposto pelo Ministério Público do Estado. Nollet ou Carlinhos é empresário do ramo de postos de combustíveis e de locação de máquinas pesadas para a construção civil, além de possuir dezenas de contratos com prefeituras e outros órgãos públicos.
Segundo a delegada Daniele Garcia, no momento da prisão de Dernival, a polícia apreendeu vários talonários de notas fiscais, vários talões de cheques de bancos diferentes preenchidos com valores médios de R$ 3 mil e outros de cerca de R$ 30 mil, além de carimbos de empresas, cartórios e prefeituras do interior de Sergipe e R$ 5 mil em dinheiro. Em depoimento, Dernival disse que iria desaparecer com os documentos e entregar o dinheiro a Nollet.
A investigação pretende agora identificar quem Nollet representa e qual sua influência na ameaça as testemunhas que decidiram contar a verdade a Polícia e ao Ministério Público. “A senhora Clarice e o senhor Agenilson nos ligaram para informar que estão sendo constrangidos com a presença de carros e pessoas estranhas próximo a suas residências”, disse a delegada.
O caso mais grave de ameaça foi registrado contra o gerente do Banco do Estado de Sergipe (Banese), que gerencia a conta a Amanova. Ele disse em depoimento que dois dias antes dele prestar esclarecimentos no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) recebeu a visita de duas pessoas estranhas no banco, que o instruíram a mentir no interrogatório. “O gerente me disse que mentiu porque ficou medo e se sentiu ameaçado”, narrou a delegada.
Além desses dois casos, a polícia também investiga agora a invasão da creche, que está sendo erguida pela Amanova, no Bairro Veneza. “Por falar nessa creche, ouvimos o depoimento do pedreiro que trabalha na obra e ele disse que se for utilizado material de primeira qualidade gasta-se no máximo R$ 250 mil. Ocorre que foi destinado mais de R$ 2 milhões para a associação”.
Testemunhas
Daniele ressaltou que as investigações vão se aprofundar cada vez mais e avisou que testemunhas que estão sendo ameaçadas vão contar com proteção policial, especialmente o gerente do Banese, Clarice e José Agenilson. “Conclamo o Nollet e senhor Wellighton Gois que têm mandados de prisão em aberto a se apresentarem, mas se eles não fizerem isso serão procurados e o inquérito seguirá normalmente”, enfatizou.
A delegada também apresentou uma cartilha que foi apreendida na casa de Clarice Jovelino. Nela, as representantes das associações eram instruídos a mentir nos depoimentos à polícia e à Justiça. Todo material apreendido passará por uma análise no Laboratório contra a Lavagem de Dinheiro.
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Informações da SSP/SE