Uma investigação do Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV) da Polícia Civil localizou em Amargosa, interior da Bahia, a mãe do garoto autista de 12 anos de idade, que abandonou o filho em um shopping do bairro Coroa do Meio, zona sul de Aracaju. O caso ganhou repercussão após o Juizado da Infância e Juventude de Aracaju autorizar a divulgação da foto do menino na imprensa e nas redes sociais.
Segundo a delegada Lara Schuster, a primeira providência do DAGV foi entrar em contato com o escrivão de Polícia Judiciária, Rodrigo Ribeiro, que também é vice-presidente da Associação de Pais de Autistas de Sergipe (Apase) para ajudar no caso. De imediato, a Apase colocou à disposição da polícia a lista de médicos e locais em Aracaju que cuidam de crianças autistas e todas elas afirmaram que o garoto nunca passou por um tratamento na cidade.
Diante dessa constatação, as delegadas Lara Schuster e Suirá Paim, concluíram que a criança era de outro Estado. A partir da autorização da Justiça para divulgação da foto do menino, a presidente da Associação dos Amigos do Autista da Bahia (AMAs) entrou em contato com o DAGV e informou que uma criança com as mesmas características da foto divulgada havia passado por tratamento na AMA há cerca de dois anos. “Ela fez uma ressalva no sentido de dizer que a criança era mais bem cuidada do que é hoje”, disse Lara.
Neste contato, a AMA Bahia passou também os contatos dos pais do garoto. “Entramos em contato com o pai do menino e comunicamos sobre o ocorrido, mas inicialmente ele não deu certeza se tratar de seu filho, já que se separou há dois anos e há pelo menos um ano não via o filho pessoalmente”. Insistimos no contato com os demais familiares e confirmamos que a criança localizada no shopping era da família.
Desfecho
Com a confirmação de que o menino encontrado aqui era da Bahia uma equipe policial se dirigiu a cidade de Amargosa e em contato com o Conselho Tutelar local tentou entender os motivos que levaram a mãe a abandonar o filho especial sozinho em um ambiente desconhecido. Os policiais descobriram que a mãe do garoto é psicologa e professora e que passou a morar no interior do Estado da Bahia após se separar do marido no ano de 2012.
Ela foi viver sozinha com o filho e segundo pessoas próximas a mãe do menino demonstrava sinais de tristeza e inquietação. “Todas as pessoas que ouvimos na Bahia tomaram como surpresa a notícia do abandono. Eles afirmam que ela sempre cuidou muito bem da criança, mas disseram que ela apresentava sinais de muito cansaço”, disse a delegada Suirá Paim.
A delegada disse, ainda, que somente no final do inquérito é que poderá dizer se a mãe premeditou ou não o abandono do menino ou se agiu sob efeitos de distúrbios psicológicos. “Após deixar o filho no shopping com uma bolsa amarrada nas costas, contendo remédio, fralda e peças de roupa, ela voltou para Bahia e chegou a ligar para o ex-marido cobrando a pensão do filho. Ela também voltou a trabalhar, mas os colegas disseram que a psicologa parecia muito confusa”, destacou.
Perguntada pelos conselheiros tutelares de Amargosa sobre o porquê de abandonar o filho, ela negou o fato. “Disse apenas que o menino se desprendeu de sua mão e desapareceu”, disse Suirá. Quando novamente questionada sobre os motivos de não ter procurado as autoridades para denunciar o sumiço do filho, ela disse que deixou isso para o pai, já que ele é advogado e tem mais conhecimento desse assunto. “No entanto, os conselheiros perceberam, claramente, que ela apresenta desconexão de ideias e que nesse momento não apresenta condições de cuidar de um criança especial”.
A Apase disponibilizou uma equipe composta de fonoaudiólogos e psicólogos para atender o menino. Rodrigo Ribeiro acredita que o garoto tem um nível de autismo que varia de moderado a grave, mas que neste momento encontra-se “descompensado” devido a sua inserção brusca em uma realidade diferente do seu cotidiano. Caberá ao juiz da Infância e Juventude de Aracaju decidir sobre a guarda do garoto, mas Rodrigo analisa que devido aos cuidados que um processo como este costuma ter, o menino deverá ficar pelo menos quatro meses em um abrigo da capital.
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