Na tarde da última terça-feira, 20 de janeiro de 2015, policiais civis do Centro de Operações Policiais Especiais (COPE) coordenados pelos delegados Hildemar Rios e Jonathas Evangelista, efetuaram a prisão de cinco integrantes de uma associação criminosa especializada em roubo de combustíveis que vinha agindo nos estados de Sergipe e Bahia.
Foram presos os sergipanos Júlio César Silva dos Santos, 30 anos, José Cícero Soares, vulgo “Cicinho”, 33 anos, Vildeis dos Santos, conhecido como “Bidú”, 27 anos, e José Antõnio dos Santos, o “tonho”, 32 anos, , além do baiano Aparecido Santana dos Santos, que atende por “Cidinho ou Coroa”, 55 anos apontado como o chefe da associação criminosa que foi desarticulada.
Além destes, também foi cumprido mandado de prisão em desfavor de Ismael dos Santos Silva, vulgo “Rojão ou Bruno”, 32 anos, que já se encontrava no sistema penitenciário estadual no dia da operação.
A operação, que contou com apoio de policiais da Coordenadoria de Polícia da Capital (COPCAL), se desenvolveu nas cidades de São Francisco e Malhada dos Bois, após cerca de oito meses de investigações conduzidas pelo COPE e pela Divisão de Inteligência e Planejamento Policial (DIPOL).
“As investigações foram iniciadas no mês de maio de 2014, após a ocorrência de um roubo de uma carga de gasolina ocorrido no pátio de um posto de combustíveis localizado na BR 101, Pov. Taboca, Nossa Senhora do Socorro/SE”, destacou o diretor do COPE, delegado Jonhatas Evangelista. Ainda de acordo com o delegado, a maioria dos integrantes da quadrilha é especialista em roubar e furtar combustíveis, sendo reincidentes nessa modalidade criminosa.
Os crimes eram executados em rodovias do e pátios de postos de combustíveis localizados em Sergipe e na Bahia, onde os criminosos abordavam os motoristas. Depois de renderem os motoristas e assumirem a direção dos caminhões, uma parte do grupo mantinha as vítimas reféns por várias horas, sempre amarradas, até serem abandonadas distante dos locais da abordagem.
“Enquanto as vítimas eram mantidas reféns, os outros integrantes do bando se apossavam dos caminhões e semi-reboques roubados e os conduzia até o meio de um canavial localizado nas imediações do Povoado Nascença (São Francisco/SE), onde residiam alguns dos presos. Aproveitando-se da geografia do local, rapidamente a quadrilha transferia o combustível roubado para um caminhão-tanque pertencente a Aparecdo, e após isso distribuía os combustíveis em postos localizados em Sergipe e Alagoas”, explicou o delegado do COPE, Hildemar Rios.
Em regra, quando os motoristas (vítimas) eram liberados, a carga já havia saído do Estado onde foi roubada ou já se encontrava armazenada no caminhão tanque utilizado pela quadrilha. Os caminhões roubados eram abandonados em canaviais situados no interior do estado de Sergipe.
“Somente nos últimos meses, o prejuízo causado pela quadrilha se aproxima de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais)”, informou Jonhatas.
Tráfico
Quatro dos presos foram surpreendidos numa residência localizada no centro de São Francisco. Neste imóvel, que pertence a Júlio César, foram apreendidos 52,5 (cinquenta e dois e meio) tabletes de maconha prensada, totalizando cerca de 38kg (trinta e oito quilogramas) da droga, munições de arma de fogo calibre .38 (ponto-trinta-e-oito) e .380 (ponto-trezentos-e-oitenta), além de balança e outros objetos e instrumentos que reforçam os indícios de tráfico de drogas no local.
Ao perceberem a presença dos policiais, os criminosos empreenderam fuga, pulando do pavimento superior do imóvel para casas vizinhas, porém foram presos pela equipe policial, que cercou as demais casas da vizinhança e localizou os foragidos escondidos.
Em virtude da apreensão de drogas, os envolvidos foram autuados em flagrante pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas.
As investigações revelaram indícios de que os lucros obtidos por alguns dos presos com os roubos de combustíveis eram investidos no tráfico de drogas. Segundo apurou-se, a droga foi adquirida no estado de São Paulo.
Funcões
As investigações revelaram que os presos “Rojão” e “Cicinho” eram os responsáveis pelas abordagens aos motoristas, sendo que após eles subjugarem as vítimas, o investigado “Tonho” juntava-se à dupla e conduzia o caminhão roubado até o local onde era feita a transferência da carga pelos investigados Vildeis e Aparecido, dentre outros que estão foragidos.
Ao preso Aparecido restava o encargo de transportar e distribuir os combustíveis nos postos, utilizando, para isso, o caminhão de sua propriedade. Deve-se registrar que a liderança de Aparecido deve-se principalmente ao fato dele trabalhar transportando combustíveis há vários anos, o que lhe possibilitou reunir vasto conhecimento sobre o funcionamento do transporte de combustíveis, além de ter contato com diversas pessoas que comercializam combustíveis, a exemplo de proprietários, gerentes e funcionários de postos em localidades de diferentes estados.
Além de escolher os caminhões a serem roubados, Aparecido era o responsável pela venda das cargas roubadas e pela repartição dos lucros, distribuindo aos demais integrantes o valor correspondente à participação de cada um.
Desvios e outros crimes
As investigações revelaram que o grupo é especializado não somente na prática de roubos de cargas de combustível, como também no desvio, receptação e venda ilegal de combustíveis. Confirmando essa informação, ao serem realizadas buscas em alguns imóveis utilizados pelos presos, foram encontrados vários galões, tonéis e reservatórios utilizados para acondicionar combustível, bem como mangueiras e outros objetos que compõem a estrutura montada por eles para o comércio clandestino e ilegal de combustíveis.
Além disso, foram identificados alguns casos de desvio de cargas, nos quais os motoristas, em conluio com os integrantes da quadrilha, entregavam os caminhões e as cargas e posteriormente registravam boletins de ocorrência comunicando crimes de roubo/furto que não existiram. Ao fazerem a comunicação, estes motoristas prestavam declarações falsas, fazendo com que os órgãos policiais envidassem esforços inúteis com a finalidade de esclarecer as supostas infrações.
“Em alguns casos os criminosos chegaram a simular a ocorrência de crimes, como forma de aumentar a confiabilidade das estórias que eram apresentadas à polícia”, pontuou Hildemar.
Durante as investigações também foram identificados casos em que motoristas que transportam combustíveis vendiam parte das cargas para os investigados que atuavam no comércio ilegal de combustíveis, sendo que todas estas pessoas envolvidas serão convocadas para serem interrogadas no COPE, ou ainda presas, de acordo com o caso.
Antecedentes
A maior parte dos presos responde ou já respondeu a processos criminais pela prática de crimes de homicídio, roubo, formação de quadrilha, porte ilegal de arma de fogo e comércio ilegal de combustíveis, sendo que alguns deles foram condenados e chegaram a cumprir parte da pena imputada.
No decorrer das investigações os criminosos chegaram a ser presos no Estado da Bahia quando se preparavam para roubar uma carga de combustíveis. Na ocasião, foram apreendidos com os investigados uma arma de fogo, munições, um bloqueador de sinal de rastreadores de veículos/carga (equipamento conhecido como JAMMER), além de rádios comunicadores portáteis.
Apreensões
Além da droga, munições e dos artefatos utilizados no comércio ilegal de combustíveis, também foram apreendidos três veículos, sendo dois carros e uma motocicleta, que serão submetidos a perícia e poderão ter o seu perdimento decretado pela Justiça, acaso se comprove a ligação com o tráfico de drogas.
Receptadores
As investigações continuam em andamento para identificar e prender outros integrantes da quadrilha, receptadores e demais pessoas que eventualmente tenham colaborado com os criminosos, seja guardando e/ou transportando conscientemente mercadorias roubadas, repassando informações acerca de cargas a serem roubadas, fornecendo notas fiscais, placas veiculares, equipamentos e documentos que de qualquer forma tenham auxiliado as ações da associação criminosa.
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Informações da SSP/SE