Na manhã desta sexta-feira, 26, em entrevista coletiva realizada na Secretaria de Segurança Pública (SSP/SE), o Departamento de Combate aos Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap) apresentou detalhes da operação, intitulada “Alétheia”, realizada na manhã de ontem, nas cidades de Aracaju e São Cristóvão, que resultou na prisão de uma associação criminosa responsável pelo envolvimento com práticas ilícitas de constituição de empresas privadas a partir de documentos falsificados. Na ocasião, 11 pessoas foram presas.
Segundo a delegada Daniele Garcia, diretora do Deotap, as investigações tiveram início há três meses, a partir de uma denúncia feita pelo presidente da Junta Comercial do Estado de Sergipe (Jucese), George Trindade, sobre a existência de alguns processos para constituição, alteração e reativação de empresas apresentando indícios de irregularidades.
Na coletiva, George Trindade explicou como ocorreu a suspeita nas documentações: “em meados de abril, um grupo de analistas do Jucese desconfiou do processo de constituição de quatro empresas, onde a documentação apresentava indícios de fraudes. A partir daí, entramos em contato com as equipes do Deotap para que fizessem a investigação desses processos. Encaminhamos toda a relação de documentação, bem como fomos orientados a tomar medidas de precaução e de mudanças de rotina, para garantir a segurança no registro comercial de Sergipe”.
Sobre o esquema, o delegado Gabriel Nogueira explica que funcionava a partir de adulteração de documentos e comprovantes de residência para a criação e reativação de empresas. “Basicamente, a fraude se configurava na constituição fraudulenta da empresa, com a adulteração e fabricação de documentos, comprovantes de residência e renda, documentos de identidade dos sócios e a própria informação relacionada à empresa. O objetivo era aplicar golpes no mercado”, explicou.
Ainda durante as investigações, percebeu-se que um dos principais motivos para abertura dos CNPJs era colocar a empresa na disputa de licitações públicas municipais. De acordo com o delegado do Deotap, as investigações mostram que as empresas criadas de maneira suspeita em Sergipe participavam de licitações nos Estados de Alagoas e Bahia e também estão envolvidas em fraudes na aquisição de planos de telefonia celular corporativos, lesando várias empresas de telefonia.
“Conseguimos identificar os envolvidos no fato e a partir das prisões e buscas cumpridas hoje confirmamos as suspeitas, através de carimbos da Junta, documento de diversas empresas, inclusive com identidade de outros institutos como o de Alagoas, que mostram que a fraude tem expansão para outros estados. No momento estamos investigando se há algum relacionamento suspeito entre os integrantes da associação criminosa com funcionários de instituições financeiras”, ressaltou.
Foram presos na operação: Cristiano Luis de Oliveira Monteiro, Wilson Moura Santos, Renato Santos Araújo, Bruno Barbosa de Oliveira, Raonny Almeida Santos, Fabrício Kaique Araújo Santos, Renan Hora Santos, Douglas Souza Santos, João Erinaldo de Menezes Júnior, Ronaldo Carvalho Ribeiro e Wallacy Rocha Alves dos Santos.
Na operação, os policiais apreenderam um pen drive com um dos presos, o Cristiano Monteiro, mais conhecido como “Cristiano Carioca”, e dentro do pen drive constava as matrizes dos documentos a serem falsificados em um programa de computador específico. Segundo Daniele Garcia, a fraude funcionava da seguinte forma: “eles pegavam um documento verdadeiro e manipulava os dados utilizando o Corel Draw. Além de recibos, documentos de cartório, procurações, eles falsificavam cheques que eram posteriormente negociados no mercado por um dos integrantes da quadrilha”.
Sobre os integrantes da associação criminosa, a polícia aponta o preso Cristiano Carioca como o suposto líder, além da participação de contadores e de outros empresários no crime. “Verificamos que Carioca seria o elo entre os demais integrantes. Haviam pessoas que demandavam a constituição e reativação das empresas; existia também um núcleo técnico que passava as orientações, que seriam os profissionais na área de contabilidade; havia um falsário, que era a pessoa que preparava a documentação; e dentro desse cenário, pessoas que tinham suas constituições de empresas para sonegar tributos”, salientou Gabriel Nogueira.
A diretora do Deotap, Daniele Garcia, ressalta que no decorrer do inquérito policial, a polícia saberá quais municípios podem ter sido vítimas das fraudes, bem como quantas pessoas físicas ou jurídicas foram lesadas. “O trabalho investigativo foi iniciado, com a operação encerra-se uma fase, mas há todo um desdobramento ainda a ser feito, vítimas a serem identificadas, para que possamos fechar por completo a investigação. Em todo caso, a polícia não tem dúvidas de que o prejuízo causado seja muito grande”, frisou a delegada.
Efetivo
Cerca de 40 policiais civis, sendo 14 delegados, divididos em 12 equipes, foram empregados na operação. Além deles, policiais da Divisão de Inteligência da Polícia Civil atuaram durante o período da investigação. Eles foram coordenados pelos delegados responsáveis pela investigação, Gabriel Nogueira e Daniele Garcia (diretora do Deotap).
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Fonte: SSP/SE