*Palmiro Fontes
Século XVI, mais precisamente a sua segunda metade, a época morava aqui nessas terras, índios de origem tupi, os Tupinambás, povo de pele vermelha, desconfiado e guerreiro, mas disposto ao convívio pacífico com o homem branco conquistador de terras e gente.
No ano de 1575, dez anos antes mesmo da fundação da futura capital do estado, São Cristóvão, o homem branco já chegará aqui, com a Missão de São Tomé, e que tinha a frente, o padre português da Companhia de Jesus, Gaspar Lourenço. Homem de catequese, Pe. Gaspar fundou aqui às margens direitas do Rio Vaza-Barris, que coincidentemente até hoje é a única cidade banhada por esse rio, a “Povoação de Santo Inácio”, e deu-se início aos trabalhos de catequização dos índios, e formação de uma aldeia. Nesse mesmo ano, 1575, no finzinho, a povoação de Santo Inácio foi dissolvida brutalmente pelas forças do governador baiano Luís de Brito de Almeida, aonde o Cacique Surubi, líder emblemático dos tupinambás, tomba diante de um tiro de mosquete das tropas baianas. Derrotados e massacrados, com contingente restante estimado em 1.200 pessoas, foram conduzidos com o Pe. Gaspar Lourenço até outras missões jesuítas que ficavam em torno de Salvador, uma caminhada de 320 km feita com as piores condições possíveis.
Em 1590 então, a antiga povoação de Santo Inácio é anexada a capital São Cristóvão, e sua povoação, por causa dos conflitos entre brancos e índios, passou a ser morosa. Posteriormente com a doação de terras através das sesmarias (cartas de concessão de terras), a povoação retomou seu caminho, alcançando no ano de 1845 a condição de “freguesia”, e apenas nove anos depois, em 1854, a categoria de vila recebendo o nome de “Vila de Nossa Senhora D´Ajuda”, desmembrando-se da Velha Capital. Disso tem-se então como aniversário da cidade, mais precisamente de sua Emancipação, a data de 28 de março, e o ano desse nascimento, o de 1854.
Itaporanga tem esse nome na língua tupi-tupinambá, e significa ita=pedra e poranga=bonita. Por ter duas cidades homônimas, uma Itaporanga em São Paulo e outra na Paraíba, em 1949 já como comarca, adota o D´Ajuda, já que tem na sua padroeira a invocação de Nossa Senhora D´Ajuda, e resgatando também a sua origem enquanto freguesia.
Hoje, distante 29 km da capital Aracaju, Itaporanga D´Ajuda conta com uma população estimada em 32.496 habitantes e sua região dividindo-se em sede e 48 povoados, inclusive a Praia de Caueira. Tem sua economia alicerçada num parque fabril, na pecuária de corte e leite, e na agricultura familiar, tendo nas culturas de mangaba e de coco sua predominância.
Terra da qual nasceram dois governadores, Felisbelo Firmo de Oliveira Freire, médico, escritor, poeta, e Arnaldo Rollember Garcez, também ex-prefeito e ex-deputado. Conta ainda com outros nomes da história cultural e politica brasileira, como imortal da Academia Brasileira de Letras Gilberto Amado, que aqui passou a sua infância e começou seus estudos; e José Augusto Garcez, museólogo, pintor, folclorista e poeta.
Aqui se fez quase sempre presente uma preocupação especial com a cultura popular e o folclore. Lembramo-nos do Festival de Arte de 1983 e dos Encontros Culturais de 1999 até meados dos anos 2000, aonde seu Zequinha do Cacumbi liderava sua corte; seu Noca dos Campos com o azul e branco do seu São Gonçalo; Mãe Dudé e suas pastorinhas; Seu Juarez alternando-se entre o Cacumbi e o Reizado, Caboclinhos com Didiu e seu Zequinha no Lambe-Sujo; quadrilhas e festejos ao som de Manoel Sotero, Fumo de Gasto e tantos outros. Eita quanta tradição e cultura presente nesse povo tão amigueiro, nessa terra cheia de planícies verdejantes aonde fontes pujantes enobrecem mais a paisagem, e a fauna e flora fazem grande moradia. Tem-se aqui um ditado que “tem coisas que só acontecem em Itaporanga” e é verdade verdadeiríssima. Aqui você vê carroça rebocando carro, doido se fazendo de são, são se fazendo de doido, e estudante de filosofia se passando por historiador.
Feliz Aniversário Itaporanga d´Pedra Bonita, paz e bem aos seus munícipes e que o olhar do bom DEUS nunca desapegue desse povo trabalhador, feliz e único.
Terra de Itaporanga (de nossa autoria)
Terra de Itaporanga / terra de bois e terra de fadas
A terra que tem tudo / e da terra não falta nada
Terra de forças estranhas / a terra mais que amada
Terra que Lourenço trouxe o mundo / e também as estradas
Terra de Senhora D´Ajuda / Terra que ela abençoa / coisa muita boa
Amigo não sou cantador / mas te falo em prosa de amor
Dos versos dos que sabem / te digo não há lá fora
Beleza como desta terra / que és bem vindo toda hora.
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*Palmiro Fontes, cidadão itaporanguense, comerciante e estudante de Filosofia/UFS