Por Lincoln Chaves, para o Globo Esporte, em Santos, SP
Nelson Andrade, pai de Victor Andrade, está indignado. Ele não só assumiu a responsabilidade pelo atacante do Santos, que comemora 18 anos na segunda-feira, não ter viajado para a Ásia com um grupo formado por atletas encostados e do time sub-20, como reclamou do clube permitir que supostas “questões pessoais” do técnico Claudinei Oliveira com o jogador estejam minando as oportunidades dele no Peixe.
– A decisão (de não viajar) não foi de Victor, mas minha. Por uma série de fatores. O principal é que não vou satisfazer vontade de ninguém. É uma questão pessoal do Claudinei com ele, que não sei quais são, e não concordo com isso. Já atendi vontades uma vez, quando ele estava de férias, no final do ano passado, e voltou para jogar o Brasileiro sub-20. Não admito que técnicos tomem decisões no lugar dos dirigentes – dispara.
Promovido por Muricy Ramalho, em junho do ano passado, quando sequer tinha completado 17 anos, Victor Andrade, fez apenas quatro jogos pelo Santos em 2013, sendo que foi a campo só uma vez com Claudinei: no amistoso contra o Barcelona, no último dia 3 de agosto, no Camp Nou. Na ocasião, o atacante atuou por 16 minutos. Após o jogo na Espanha, o garoto chegou a se manifestar em uma rede social, pedindo mais oportunidades.
Victor Andrade está vinculado ao Santos até outubro do ano que vem, com uma multa rescisória de € 50 milhões (R$ 150 milhões). A partir de abril, o atacante poderá assinar um pré-contrato com qualquer outro clube. Nelson, no entanto, avisa que uma eventual renovação só vai ocorrer se o Peixe mudar a atitude quanto ao jogador.
– Só há renovação se houver postura do clube, se Victor tiver oportunidades de jogar. Sempre tratamos o clube com respeito, mas a recíproca às vezes não é verdadeira – resume.
Vice-presidente do Santos e mandatário em exercício devido à licença de Luis Alvaro Ribeiro, Odílio Rodrigues, minimiza o episódio e diz não ter conhecimento do suposto “racha” entre Victor Andrade e Claudinei.
– A única coisa que eu sei é que isso será resolvido internamente, com todo cuidado necessário, sempre com a visão de que defendemos o princípio da hierarquia, da disciplina. O Victor é um jogador promissor, patrimônio do clube, por quem temos muito carinho, que tem de preservado – garante, evitando comentar as críticas de Nelson à postura do Peixe em relação ao filho.
– A diretoria não abre mão de suas funções de diretoria, administrativas e disciplinares. Não transfere a função para outros. Temos um ambiente profissional – conclui.