O pároco de Santana do Mundaú (AL) Givaldo Rocha 54 anos, foi proibido de celebrar missas em território alagoano depois de afirmar que pobre “é raça miserável”, ao reclamar contra a desorganização na procissão da padroeira do município, no encerramento da Festa de Santa Ana, em 20 de janeiro. O padre também foi enviado de volta à sua diocese de origem, em Propriá (SE), por ordem do Arcebispo Metropolitano de Maceió, Dom Antônio Muniz Fernandes.
No vídeo transmitido ao vivo pela página do Facebook da Paróquia Senhora Sant’Ana, o padre Givaldo encerra a celebração no fim da procissão elogiando a parceria com a administração pública e criticando a falta de compromisso da população do município com a organização do tradicional festejo religioso. E sugeriu que pobre seria capaz de “enfiar a faca no bucho do outro”, por causa de um metro de asfalto. Certamente se referindo a uma eventual disputa pela distribuição de barracas ao redor da festa, nas vias públicas.
“Eu costumo dizer que a igreja fez a evangélica opção preferencial pelos pobres. Mas, pense numa raça miserável de lidar é pobre. Com todo o respeito, pois eu digo a vocês: São vocês, os pobres, que mantém a Igreja. Mas quando eu digo pobre é sobretudo aqueles que querem somente se beneficiar. Por causa de um metro de asfalto, eu enfio a faca no bucho do outro. É uma vergonha. Essa pobreza, é uma pobreza de Deus. Não é culpa da administração [pública]. O que a gente espera de quem bota barraca é que tenham o mínimo de consideração. Respeitem o espaço dos outros. Para mim, não tinha banda. Mas se o prefeito não botar, não presta”, disse o padre diante da multidão de fiéis.
Após o vídeo do discurso do padre viralizar nas redes sociais, a Arquidiocese de Maceió divulgou hoje (7) uma nota confirmando a providência da Igreja Católica contra o sacerdote. E a Paróquia de Sant’Ana divulgou no Facebook um texto agradecendo a Givaldo Rocha pelo “esforço e a dedicação” durante cinco anos no município.
Veja a nota da Arquidiocese:
A Arquidiocese de Maceió comunica que o padre Givaldo Rocha de Santana, da Diocese de Propiá, em Sergipe, que exercia a função de administrador paroquial na Paróquia Senhora Sant’Ana, na cidade de Santana do Mundaú, não é *incardinado no Clero da Arquidiocese de Maceió. Portanto, o sacerdote estava no território arquidiocesano em experiência pastoral.
E, agora, por ordem do Arcebispo Metropolitano de Maceió, Dom Antônio Muniz Fernandes, no final do mês de fevereiro do corrente ano ele retorna a sua diocese de origem, em Propiá-SE.
*INCARDINAÇÃO: Termo jurídico canônico usado pela Igreja para exprimir o vínculo jurídico do sacerdote com a Arquidiocese.
E a nota da Paróquia:
A nossa comunidade recebe a informação de que o nosso administrador paroquial, padre Givaldo Rocha, permanecerá conosco até este mês de fevereiro. A notícia foi divulgada pela Arquidiocese de Maceió.
Os grupos, movimentos e as comunidades agradecem pelo esforço e a dedicação de Padre Givaldo durante estes 5 anos. A sua marca de trabalho pastoral e presença na comunidade foram fundamentais para o crescimento espiritual daqueles que acompanharam de perto o seu desempenho.
Reformas na Igreja Matriz, restauração de imagens, a criação do Novenário da Padroeira, Cavalgada da Padroeira, a construção das capelas nas comunidades Nossa Senhora Aparecida (Barro Branco), São José (Cigarra), Nossa Senhora de Fátima (Amoras), Santa Luzia (Chã de Areia), Santa Teresinha (Jussarinha), São Joaquim (Residencial), as celebrações nos sítios, a realização de eventos como o Despertar Jovem, e a assistência aos grupos foram de idealização e/ou receberam apoio deste sacerdote e estas foram apenas algumas das suas ações que são visíveis para a comunidade.
Elevemos a Deus as nossos preces por padre Givaldo Rocha e por nossa comunidade. Que Senhora Sant’Ana interceda ao Neto Jesus por todos nós!
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Por Davi Soares, do Diário do Poder