Era tarde de quarta-feira quando a praça Ulisses Guimarães, no bairro Santos Dumont, estava ocupada por pessoas da comunidade. Crianças brincavam em balanços, pais as observavam e adolescentes andavam de skate na quadra. Segundo relato dos moradores, o passeio na área pública apenas era possível por conta da presença permanente do Posto de Atendimento ao Cidadão (PAC) Móvel. A base de policiamento ostensivo da Polícia Militar (PM), também presente em outros bairros de Aracaju e em cidades do interior, garante a segurança da população. Ao todo, são 32 veículos do tipo furgão, no qual equipes estão atentas aos chamados dos cidadãos, que possibilitam maior mobilidade para o policiamento preventivo e atendem ocorrências.
O policiamento comunitário é realidade, de forma permanente no Santos Dumont, desde junho deste ano, quando o governador Jackson Barreto entregou a unidade móvel à população. Desde então, a imagem que moradores, comerciantes e até policiais tinham do bairro mudou. De acordo com a dona de casa Maria do Carmo Santa Rosa, levar sua filha Marina Yasmin, 6, para brincar na praça só foi possível porque sabia que a polícia estava presente na área.
“Não frequentava muito a praça, justamente por conta da presença de suspeitos. Se os profissionais de segurança não estivessem aqui, já teria voltado para casa. No geral, a comunidade se sente mais segura com a presença deles e houve diminuição do número de roubos. Por enquanto, não necessitei da ajuda efetiva dos policiais, mas se precisasse, iria até eles. Os policiais são acessíveis, tanto é que estão aqui nos observando para dar mais segurança”, declarou Maria do Carmo, que mora há 10 anos no bairro.
A sensação de segurança é a mesma para a estudante de Educação Física Vitória Melo, que mora no bairro Soledade, mas frequenta muito o Santos Dumont, pois seus amigos e namorado moram na localidade. Ela comenta que evitava voltar para casa durante a noite, por conta de assaltos, mas que por visualizar a presença de policiais, principalmente perto do ponto do ônibus, ela está passando mais tempo por lá. “Antes, você via aqui usuários de droga, e como agora há policiamento, diminuiu, inclusive durante a noite. Sinto-me mais segura para andar aqui e a presença da polícia faz a diferença. Minha nota para eles é 10. Não achava que era algo acessível”.
Com efetivo de 15 policiais militares, a base móvel do Santos Dumont é comandada pelo major Geovanio Feitosa, coordenador de operações do 8º Batalhão. O PAC atende a cerca de 20 comunidades e tem telefone para que a população entre em contato, o 98867-6048. De acordo com o major, a presença do posto da PM é importante, pois amplia a proximidade entre o órgão de segurança e a comunidade local. Além disso, o veículo agiliza o atendimento às demandas dos cidadãos.
“Qualquer ocorrência penal é registrada, como, por exemplo, uma briga simples e agressão, ameaça, vias de fato, um possível furto, e suspeição. Se, por alguma ocasião, houver um suspeito em frente a uma loja, a comunidade pode ligar, a viatura vai chegar lá e abordar para averiguar a circunstância. Além da segurança da área comercial, há também uma preocupação com as escolas da região. O policiamento comunitário está sempre disponível aos diretores, professores, basta solicitar que eles comparecem até o local. Durante o dia o PAC também faz rondas, vai até certos pontos e circula nas proximidades também de pontos de ônibus e terminal de integração”, explicou Geovanio.
A vendedora Joseane Dias conta que, apesar de não ter precisado do apoio do PAC Móvel desde que esse chegou à comunidade, ela solicitaria caso fosse necessário. Ela também comenta que o número de crimes na região diminuiu e que ela mesma já havia sido vítima de assalto na loja em que trabalha. “Vi bastante mudança depois da presença da polícia. Com a unidade móvel, os bandidos ficam receosos de aparecer. Eu, inclusive, tinha medo de vir trabalhar e as pessoas questionavam muito a questão da segurança. Mas agora a gente se sente mais tranquilo e não houve mais nenhum crime aqui. Sempre que a gente precisa, eles vêm logo e estão sempre circulando pela região”.
De acordo com o coordenador de operações do 8º Batalhão, o PAC móvel realiza uma média mensal de 20 conduções a delegacia, sejam elas relacionadas a detenções e/ou prisões. Ele também apresentou dado dos últimos seis meses. Durante o período, foram 176 ocorrências levadas à delegacia. Além disso, foram 18 armas apreendidas, sendo duas apenas em julho e por meio da atuação da unidade móvel.
A soldado Ruanny Matias, que atua numa das equipes do PAC Móvel do Santos Dumont, acredita que o trabalho dela e dos colegas faz a diferença. “Fico satisfeita no sentido de saber que estou servindo a sociedade. Nunca havia trabalhado no serviço comunitário, passei 10 anos no Batalhão de Choque e Rádio Patrulha, e quando comecei a conviver diretamente com os problemas com os quais a população sofre, passei a ter uma interação social melhor. Aqui começo a ganhar amigos e as pessoas começam a confiar em você. A polícia ganha outra credibilidade e passa a ser vista de uma forma melhor. Estamos aqui há mais ou menos dois meses, e há vários locais em que a população se sentiu muito grata, e ela mesma comenta que a polícia fez com que diminuísse muito o número de ocorrências. É muito bom voltar para casa sabendo disso. Fico com o sentimento de dever cumprido”.
A relação de proximidade entre a comunidade e a polícia é confirmada pelo padre Soares, que está à frente da paróquia São Francisco. Ele afirma que o trabalho da viatura e da PM tem sido de fundamental importância para os moradores. O sacerdote ainda comenta que todos se sentem mais tranquilos, protegidos e que a praça é reflexo disso, pois as pessoas fazem dela um espaço de lazer. “Posso dizer que a praça está mais segura, as pessoas vão ao culto e à missa, e está um clima melhor. Isso é inegável. É um bem imenso para a comunidade. Queremos que a PM continue aqui, pois só trouxe tranquilidade para o bairro”, relatou.
Para que a população possa dialogar ainda mais com as equipes da PM, mensalmente são realizadas reuniões, segundo explica o major Geovanio Feitosa. Ele conta que o bairro tem um conselho de segurança e que os líderes do Santos Dumont, junto com a comunidade e a igreja, discutem sempre os questões do mês anterior, destacando soluções e fatores que precisam ser melhorados, de modo a ajudar na formatação da estratégia adotada pela polícia.
PAC Móvel
As 32 bases móveis de policiamento ostensivo da Polícia Militar (PM) estão em pleno funcionamento em Sergipe. Os veículos do tipo furgão são adaptados para atendimento e têm capacidade para abrigar até nove policiais. As viaturas reforçam a segurança da capital e do interior do estado, e são colocadas em diversos pontos, podendo até ser deslocadas durante o mesmo dia para atender as necessidades da população. As bases são totalmente caracterizadas para facilitar a visualização, e possuem sistema de rádio próprio, com comunicação direta com Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) e demais unidades da polícia, abrangendo mais de um bairro. Os policiais militares trabalham em turno de 12 horas, em dias e horas alternados.
De acordo com o comandante de policiamento da capital, tenente-coronel Vivaldy Cabral, a escolha do período e dos locais de atuação é feita a partir de dados estatísticos produzidos pelo Ciosp da Secretaria de Segurança Pública (SSP). O investimento total nos PACs móveis foi de R$ 4.784.000, sendo que cada base custou R$ 149 mil.
Delegacias plantonistas
No sentido de fornecer mais acesso aos instrumentos de segurança do Estado, o governo implementou, neste ano duas, delegacias plantonistas. A antiga unidade localizada na rua Laranjeiras foi transferida para o prédio da 3ª Delegacia Metropolitana (DM), no Santos Dumont, tornando-se a plantonista zona norte. Já a outra foi alocada nas instalações prediais da 4ª DM, no conjunto Augusto Franco, e é conhecida como plantonista zona sul. Os espaços funcionam das 18h às 8h do dia subsequente e também em finais de semana e feriados.
O funcionamento simultâneo das duas novas delegacias busca facilitar o acesso do cidadão à polícia e aprimorar o monitoramento das ocorrências criminais. Segundo o coordenador de delegacias da capital, André Baronto, os locais de instalação das plantonistas foram escolhidos com base em critérios estruturais e de demanda.
“Percebemos que, com a mudança, melhorou muito o acesso da população, que antes tinha que sair, por exemplo, da zona norte para registrar boletim de ocorrência na rua Laranjeiras, tanto é que o número de registros aumentou. Isso também facilitou o trabalho para a Polícia Militar, que passou a realizar um atendimento mais ágil na própria região. A PM tende a ficar menos tempo na delegacia, pois a ocorrência agora é feita de forma mais rápida. Isso também gerou aumento do número de flagrantes e atendimentos lavrados. Percebemos que a população está extremamente satisfeita com esses atendimentos”, destacou Baronto.
A comerciante Angélica Santos, que mora e trabalha no conjunto Augusto Franco, gostou da adoção das novas delegacias plantonistas. Ela comenta que o fato de ter uma unidade próxima de onde mora faz com que a população se sinta mais segura. A empregada doméstica Maria de Fátima Santos também aprova a novidade e conta que já deixou de ir a antiga plantonista da rua Laranjeiras por achar longe, mas que, com a proximidade da nova unidade, não deixaria de registrar uma ocorrência.
O coordenador de delegacias da capital esclarece que existe uma recomendação para que a pessoa busque a plantonista mais próxima do local da ocorrência, mas que o cidadão pode ficar a vontade para se dirigir a qualquer uma das duas unidades, de modo que opte pela opção mais cômoda. Ele aproveita para explicar que, com exceção das plantonistas, as demais delegacias funcionam em horário comercial de atendimento.
Baronto aproveita a oportunidade para anunciar uma novidade. “Apesar da Delegacia do Turista, na Orla de Atalaia, não funcionar como plantonista pela noite, ela fica aberta durante esse turno para que sejam registrados boletins de ocorrência durante 24 horas. O turista que chega à Orla, por exemplo, e precisar de atendimento, pode se dirigir até lá. Estamos colocando nova equipe com dois delegados para dar celeridade aos serviços e tentar fazer um trabalho diferente na região”.
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