O longa-metragem Ainda Estou Aqui fez história na 97ª edição do Oscar, realizada neste domingo, 2, e conquistou a primeira estatueta da história do Brasil na premiação. O filme protagonizado por Fernanda Torres venceu na categoria Melhor Filme Internacional e bateu indicados como Emilia Pérez, obra que acumulava 13 indicações –maior número deste ano–, Garota da Agulha (Dinamarca), A Semana do Fruto Sagrado (Alemanha) e Flow (Letônia).
Ao receber a estatueta, Walter Salles, diretor do longa-metragem, dedicou o prêmio a Eunice Paiva, a Fernanda Torres e a Fernanda Montenegro. “Primeiramente, obrigado em nome do cinema brasileiro. Estou muito honrado de receber esse prêmio entre um grupo de cineastas tão extraordinários”, começou ele.
“Esse prêmio vai para uma mulher, que durante uma perda sofrida em um regime autoritário, decidiu não se curvar e resistir. Então, esse prêmio vai para ela. O nome dela é Eunice Paiva. E também vai para as duas mulheres incríveis que interpretaram ela, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. E vai às duas mulheres extraordinárias que deram vida a ela, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, completou Walter Salles.
A disputa na categoria não era inédita para o Brasil. O diretor Walter Salles, inclusive, já viveu a expectativa pela consagração com Central do Brasil, em 1999, que acabou derrotado por A Vida é Bela. Desta vez, fãs do filme se mobilizaram de forma intensa para contribuir com a campanha do longa desde o final do ano passado, quando aumentaram os rumores de que a obra tinha chance de estar entre os concorrentes.
Ao longo da história, o Brasil teve 22 nomeações com 16 filmes diferentes. Ainda Estou Aqui foi o primeiro a conseguir emplacar três indicações entre as categorias principais. Além de Melhor Filme Internacional, o longa ainda espera o resultado de Melhor Filme e de Melhor Atriz com Fernanda Torres entre as indicadas.
No geral, Cidade de Deus (2004), de Fernando Meirelles, é o filme brasileiro com o maior número de indicações –Melhor Edição, Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia.
Desde o anúncio dos indicados em 23 de janeiro, o clima de torcida de Copa do Mundo tomou conta do País. Isso contribuiu, inclusive, para impulsionar o sucesso da obra, que já levou mais de 5 milhões de espectadores às salas de cinema brasileiros, um número alcançado por poucos filmes nacionais até aqui. Com mais de R$ 159 milhões arrecadados até aqui internacionalmente, o longa já bateu os R$ 20 milhões em bilheteria em salas de cinema só nos Estados Unidos.
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Ainda Estou Aqui é uma adaptação de um livro biográfico homônimo de Marcelo Rubens Paiva e traz Fernanda Torres como Eunice Paiva, advogada e ativista de Direitos Humanos. O drama retrata a história real da família Paiva no início da década de 1970, durante a ditadura militar brasileira, quando Eunice, mãe de cinco filhos com o engenheiro civil e deputado Rubens Paiva, tenta descobrir o paradeiro do marido, após ele ser levado de casa por militares em janeiro de 1971.
Além de Fernanda Torres, o longa traz no elenco os atores Selton Mello, Fernanda Montenegro, Valentina Herszage, Marjorie Estiano, Humberto Carrão, Maeve Jinkings, Daniel Dantas, Dan Stulbach, entre outros. O roteiro é de Murilo Hauser e Heitor Lorega, baseado na obra de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva. A produção é de Maria Carlota Bruno, Rodrigo Teixeira e Martine de Clermont-Tonnerre.
Ainda Estou Aqui foi um sucesso desde o primeiro momento. Nas redes sociais e na imprensa, fãs apaixonados geraram um movimento orgânico para impulsionar a performance do filme tanto nas bilheterias quanto nas premiações, culminando em vitórias no Globo de Ouro, no Prêmio Goya — o mais importante da Espanha –, a premiação de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, onde foi aplaudido durante 10 minutos, Até o Oscar, o longa já tinha conquistado 38 prêmios –maior número da história de uma obra brasileira.
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Fonte: Portal Terra