Foi realizado nesta quinta-feira, 12, a terceira fase da operação Metástase. A operação investiga um grupo suspeito de desvios de verbas públicas para a realização de obras na gestão da Fundação Beneficente Hospital de Cirurgia.
Segundo os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado de Sergipe (MP/SE), o ex-gestor Gilberto Santos do hospital teria se utilizado de duas construtoras [MLP CONSTRUÇÕES LTDA. – ME e VIP CONSTRUÇÕES LTDA], registradas em nome de ‘laranjas’, moradores do município de Nossa Senhora das Dores, para desviar as verbas da Saúde e utilizar na compra de bens e enriquecimento ilícito do gestor da época.Durante a coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, 12, no MPE, o promotor Antônio Fernandes, relatou como o esquema funcionava. “Houve empresa que foi criada especificamente para isso, em nome de dois pedreiros, extremamente humildes e sem conhecimento técnico nenhum para dar uma aparência de legalidade. Essa empresa, com capital social de R$ 20 mil reais, não podia fazer obra daquele tamanho no Cirurgia. Então, mudaram o contrato social para que o capital passasse primeiramente a R$ 500 mil e depois para R$ 2 milhões, para que a empresa pudesse realizar as obras. Só que das oitivas feitas dos sócios e da documentação feita, esses dois pedreiros não mandavam em nada, eles não tinham o comando da empresa, apenas emprestaram seu nome de forma consciente”, destaca.
Ainda de acordo com o promotor, em um determinado momento, os pedreiros deixam de ser os sócios da empresa e passa para o nome de José Carlos, um outro irmão dos dois pedreiros. “Quando as obras intensificam, a empresa sai do nome desses dois laranjas, vai para o nome de José Carlos, irmão dos dois laranjas e da esposa dele. E aí é onde tem o maior período de pagamentos feito a MLP. Como a MLP precisa sair de evidência, os investigados resolveram descartá-la, tirando o nome de José Carlos e da esposa da empresa, diminuindo o contrato social de R$ 2 milhões para R$ 300 mil e voltando para R$ 20 mil reais. Ou seja, a empresa voltou a ser o que era”, diz o promotor Antônio Fernandes.
O promotor acrescenta que o esquema continua mesmo quando a empresa é descartada e substituída pela Vip Construções tendo como proprietário o mesmo José Carlos. “Esse José Carlos ao que tudo indica é uma pessoa de confiança de Dr Gilberto Santos, ex-presidente do Hospital Cirurgia. A ponto de ele já ostentar a seu favor movimentação financeira com a MLP muito antes de ser sócio. Enquanto o primeiro laranja, irmão de José Carlos, num ano recebeu R$ 17 mil reais da MLP, o José Carlos e a esposa receberam R$ 270 mil, reforçando a nossa desconfiança de que ele era quem comandava a MLP sobre as orientações de Gilberto Santos e usou os irmãos apenas como laranja”, informa o promotor Antônio Fernandes, ao acrescentar que José Carlos já foi ouvido, mas não confirma as acusações.De acordo com o promotor Antônio Fernandes, as obras eram feitas, mas não havia qualquer licitação e foi apurado pagamento de pouco mais de R$ 4 milhões do hospital a empresa MLP. “As obras eram feitas, o que acontece é que não se tinha competição porque não se fazia licitação, não se tinha parâmetro de preço porque não tinha fiscalização, se comprava no material de construção onde quisesse, não havia prestação de conta nenhuma e até em alguns casos não havia projeto. A gente conseguiu identificar a movimentação financeira e o pagamento do Hospital Cirurgia para o MLP no montante de R$ 4 milhões e 300 mil”.
Durante a operação de hoje, os promotores estiveram na residência dos pedreiros que eram os sócios da empresa. “Fomos na residência dessas pessoas que eram sócias, verificamos que eram casebres, eles não sabiam nada e não tinha estrutura nenhuma de conduzir uma empresa no porte de fazer esse tipo de contrato com o Hospital Cirurgia. O que se apurou é que os dois primeiros laranjas que abriram e cederam os nomes para abrir a empresa realmente não tinha domínio, conhecimento, preparo e qualificação para ter uma empresa”, destaca o promotor Diego Gouveia.
O próximo passo da operação será analisar os documentos encontrados e ver se haverá a necessidade de se pedir a prisão de um ou outro acusado.
Hospital Cirurgia
A Direção do Hospital de Cirurgia vem a público esclarecer que a Instituição está sob Intervenção Judicial desde 06 de novembro de 2018. Diante disso, informa que os fatos relacionados à Operação Metástase são em decorrência de investigações anteriores a esta gestão, não tendo nenhum tipo de relação com a atual Direção.
Ressalta ainda que está à disposição para quaisquer esclarecimentos e para contribuir com o que for necessário no transcorrer das investigações.
O Portal Infonet tentou entra em contato com o ex-diretor do Hospital Cirurgia, mas não obteve êxito. O Portal Infonet permanece à disposição de Gilberto Santos e das construtoras através do (79) 2106-8000 ou pelo jornalismo@infonet.com.br.
por Aisla Vasconcelos
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