por Valter Lima, do Sergipe 247
Parlamentar que integra a base do prefeito de Aracaju pediu anonimato, mas reclamou da falta de definição sobre pautas importantes à cidade, como a definição do reajuste da tarifa do transporte público; vereadores estão divididos sobre tema; vice-prefeito diz que decisão é matemática e não há o que discutir; para piorar situação, há possibilidade de greve dos rodoviários; categoria decide nesta terça
“Nunca vi um governo tão bagunçado. Não se decide nada”. Este foi um desabafo de um vereador de Aracaju ao Sergipe 247 após participar de uma reunião com o prefeito João Alves Filho (DEM) e todos os parlamentares municipais nesta segunda-feira (8), no Centro Administrativo José Aloísio de Campos. O encontro serviu o prefeito fazer um balanço dos 100 primeiros dias de mandato e anunciar projetos que serão encaminhados à Câmara, nos próximos dias.
Integrante da base que dá sustentação ao prefeito, o vereador, que conversou com esta reportagem e que pediu anonimato, disse que o encontro foi pouco produtivo e não houve qualquer encaminhamento mais objetivo da parte do Executivo sobre questões relevantes à cidade, como, por exemplo, o reajuste do transporte público.
Até o momento, as planilhas que sugerem o aumento da tarifa não chegaram aos vereadores, fato programado para ocorrer desde o início da semana passada. Está previsto que a entrega finalmente ocorra na manhã desta terça-feira (9), com a ida do superintendente de Transporte e Trânsito da capital, Nelson Filipe, à Câmara.
O vice-prefeito de Aracaju, José Carlos Machado, diz não entender o motivo de tanta celeuma. “É uma decisão eminentemente técnica. Hoje, eu não sou a favor, nem contra o reajuste. Acho que tem que se fazer justiça e quem dirá o valor do aumento é a planilha. A SMTT já deve ter chegado a uma conclusão. Como é uma coisa matemática e se discute tanto? Tem que esclarecer o que é função do Setransp, para poder definir o que será inserido na planilha. O Setransp tem que garantir a segurança nos terminais? Sim ou não? Se tem e não está fazendo, não coloca na planilha, por exemplo. Há denúncia de supervalorização? Então traz o “Movimento Não Pago” para a discussão. É simples”, afirmou.
Para o líder do Governo na Câmara, o vereador Manuel Marcos (DEM), o reajuste deve ser “racional”. “Tudo é reajustado o tempo todo, porque não a passagem?”, questionou.
Da mesma forma, o parlamentar Ivaldo José (PSD) disse compreender a necessidade do aumento. “É um projeto que ainda carece de uma reflexão maior, mas tem que ver por dois aspectos: é real que a frota tem que ser melhorada e já é o segundo ano sem aumento. Não corrigiu nem a inflação. O que vai nortear a nossa decisão é a planilha. O pleito dos empresários é justo. Temos que ver qual o percentual, ver o impacto. A Câmara é uma casa de decisão. Não pode ficar em cima do muro, não tem empate”, ressaltou.
Contrários ao aumento, os vereadores Iran Barbosa (PT) e Max Prejuízo (PSB) querem uma discussão mais crítica da real necessidade de um reajuste. “Espero que a Câmara possa se debruçar, com o cuidado necessário, sobre qualquer análise relativa às planilhas de custos. Estudos feitos pelo “Movimento Não Pago” apontam para problemas graves na planilha do Setransp. Temo um transporte precário, sem qualidade, que não atende aquilo que a população precisa. Fica difícil dialogarmos sobre reajuste da tarifa, quando o Setransp não compareceu ao debate que realizamos”, afirmou.
“Não tem como falar em reajuste enquanto não houver licitação do transporte. O sistema está sucateado. Não voto aumento da passagem”, afirma Max. Questionado pelo 247 se ele mudaria de opinião caso houvesse uma orientação do prefeito, ele foi taxativo: “a partir do momento que ele mandou para a Câmara, deixou que cada vereador fizesse a sua escolha”.
O vice-prefeito não acredita que a licitação saia ainda neste ano. “Da forma que foi colocada pela gestão anterior não consigo viabilizar. Não tem como licitar Aracaju sem a integração. Tem que fazer um consórcio e cuidar de uma licitação única”, sugeriu.
Enquanto a Câmara discute se reajusta ou não a passagem, os rodoviários também se reunirão nesta terça-feira (9) para decidir se aceitam ou não a proposta do Setransp, de aumento de salário de 8% e reajuste do tícket alimentação em 10%. Há um clima de rejeição da proposta. A categoria deseja o dobro dos valores. Uma greve não está descartada.