Os 657 novos homens e mulheres da Polícia Militar de Sergipe, formados no último dia 6 de janeiro, já estão reforçando a segurança no interior e na capital. São 487 policiais a mais atuando na Grande Aracaju, 30 no Baixo São Francisco e Leste Sergipano, 46 no Agreste Central, 31 no Alto e no Médio Sertão, 33 na região Sul e 30 na região Centro Sul. Dos 487 soldados distribuídos na capital e região metropolitana, 228 fazem parte dos grupamentos especiais da PM, que também podem atuar no interior quando necessário.
Os novos PMs receberam um treinamento intensivo antes de serem encaminhados às ruas dos 75 municípios sergipanos. Através do Curso de Formação de Soldados (CFSD) eles foram capacitados nas disciplinas propostas pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, em seis meses de curso em horário integral com carga horária superior a 1.200 horas de treinamento. Antes, os alunos já haviam passado por um processo seletivo que contou a participação de 42.000 concorrentes.
“Nada é mais importante para um homem público do que realizar o que prometeu ao povo. Eu disse que iria realizar o concurso e convocar na primeira etapa mais de 600 policiais e isso me deixa muito feliz. Incorporar 657 novos soldados demonstra o quanto o Governo está preocupado com a segurança da população. Precisamos de uma polícia unida e comprometida. Sei que ainda é preciso fazer mais e estamos trabalhando para isso. Vamos analisar a situação, porque queremos convocar mais aprovados para reforçar ainda mais o policiamento”, afirma o governador Jackson Barreto.
Os novos soldados representam um acréscimo superior a 15,3% ao efetivo da Corporação. Dos 73 são do sexo feminino.
Qualificação
Em 14 de julho de 2014 foram iniciadas as aulas do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), os 657 novos integrantes da Corporação realizaram atividades pedagógicas e operacionais de sala de aula em regime intensivo, participando em seguida de Estágio Prático Supervisionado de Policiamento Ostensivo nas ruas da capital e do interior do estado, onde exercitaram técnicas e conhecimentos teóricos aprendidos em sala de aula.
“O Curso de Formação de Soldado das Polícias Militares do Brasil buscam, hoje, um currículo unificado, que foi estabelecido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (Senasp/MJ), que não apenas financia, mas sugere um currículo na tentativa de unificar o conhecimento dos policiais militares em todo o Brasil. Para a Polícia Militar de Sergipe não foi diferente. Várias disciplinas foram ministradas, disciplinas eminentemente técnicas e voltadas para a atividade Policial Militar, como o Curso de Abordagem, Curso de Tiro, o próprio Gerenciamento de Crise, como também matéria relacionadas à área jurídica, como o Direito Penal, Direito Constitucional, ou seja, uma formação bastante eclética que habilita estes policiais a atenderem a demanda da sociedade por segurança”, explica o tenente-coronel Eduardo Henrique.
Para o tenente-coronel, que foi um dos instrutores do CFSD dos novos PMs, o trabalho que já está sendo realizado pelos novos soldados nas ruas só irá complementar os conhecimentos que os soldados adquiriram durante o treinamento preparatório.
“O treinamento no CFAP [Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças] foi bem específico e assimilamos bem. Também com a ajuda dos praças antigos conseguimos colocar melhor em prática tudo aquilo que aprendemos. Hoje teve uma ocorrência de homicídio, chegamos ao local, isolamos o ambiente para evitar aglomerações e fizemos o procedimento recomendado”, conta o soldado Freitas, 28, ao relatar os primeiros dias nas ruas como PM formado.
Atuando no bairro Siqueira Campos, na capital, Alisson Wandré, 24, diz que o período é de adaptação, mas graças ao treinamento de formação e ao trabalho em equipe junto aos PMs mais experientes se sente a vontade para por em prática o que aprendeu durante o CFSD. “Pegamos ocorrências simples, mas também algumas um pouco mais complexas. O serviço vem servindo a contento, e estamos pondo em prática tudo o que aprendemos no Curso de Formação. Estamos trabalhando em grupo e sempre com alguém mais antigo, um cabo, um sargento da guarnição, eles comandando, a frente das ocorrências e nós, como soldados, obedecendo, trabalhando sempre em equipe para poder efetuar um melhor trabalho.
Para o soldado Anderson Costa, 26, a capacitação que receberam foi fundamental para que os novos PMs possam sentir a segurança necessária para exercerem sua função na sociedade. “Foram mais de cinco meses de um curso muito bom e fomos realmente bem formados. Tivemos os melhores instrutores, tenho certeza disto. Houve todo um investimento por parte do governo e isso foi muito importante para que pudéssemos ser formados da melhor forma. Agora estamos pondo em prática tudo que aprendemos e pelo fato de termos, realmente, aprendido, não estamos tendo muitas dificuldades no serviço”.
Mais segurança
O soldado Thomaz Ramiro, 28, ressaltou a importância do novo efetivo para sociedade e Corporação e a preocupação que o Estado teve em formar um PM voltado para oferecer maior segurança a população.
“A sociedade estava ansiando muito por mais segurança e os PMs mais antigos também estavam sentindo esta necessidade, porque foram quase dez anos sem concurso público para área. A cidade foi crescendo, com este crescimento veio a violência e a segurança não havia acompanhado isto, então, com esta nova turma dá para dar um gás na segurança pública do estado. O investimento foi alto, o curso foi muito bom, a Corporação se preocupou muito em formar policiais não apenas operacionais, mas também policiais que estejam aqui para poder auxiliar o cidadão, estar mais presente e a filosofia implantada foi do PM que deve está ao lado do cidadão e procurando saber os problemas da comunidade. Acredito que a população está percebendo esse reforço. No nosso período de estágio, por exemplo, a população pôde ver a gente agindo nas ruas, no interior, em áreas como a Orla, onde no final do ano é comum o crime aumentar e o movimento crescer nos finais de semana e podemos perceber as pessoas se sentindo um pouco mais seguro, porque realmente estávamos nas ruas, nos turnos da manhã, tarde e noite. O número de armas apreendidas e drogas foi considerável, no período, e lembrando-se que tratava-se de alunos em fase de estágio, que ainda não tinham a prática anterior das ruas. Por isso que acredito que a sociedade já percebe que houve, realmente, um aumento na segurança”, expõe .
Segundo o soldado Ramiro a experiência que se inicia serve também para os novos integrantes terem uma visão mais ampla de como funciona a Corporação e o serviço que prestam à sociedade, que para ele é motivo de orgulho. “A mudança foi muito grande, porque quando a gente está de fora é muito fácil criticar a atuação do policial, e muitas vezes quem critica não entende a doutrina, que tudo tem um porquê e quando a pessoa desta de fora e não conhece é mais fácil criticar. Porém a partir do momento que a gente entra na Corporação, começamos a ver como funciona tudo, as dificuldades que há, porque os recursos do Estado não são ilimitados, e vemos o quanto a maioria dos policiais se esforçam para fazer seu trabalho”.
Graças ao reforço no policiamento o servidor público, Jackson Leite, que mora desde criança no Siqueira Campos já se sente mais seguro para aproveitar uma tarde na praça do bairro com sua família. “Moro aqui no Siqueira Campos há muito tempo e de uns dias para cá percebi o aumento do policiamento. A gente vê que eles vêm fazendo ronda por aqui, hoje mesmo, na praça, há cinco policiais e aos sábados e domingo eles estão por aqui. Naturalmente é preciso maior frequência, para que possamos ter uma maior segurança, mas o efetivo que eles estão colocando aqui é bom. Com o efetivo que a gente já ver aqui na praça, a gente tem condição de vir, trazer os filhos e sobrinhos como eu trouxe os meus hoje e estou até tirando foto. Gostaria que continuasse assim, porque é importante para o Siqueira Campo, para o bairro crescer ainda mais.
O comerciante Domingos Bispo dos Santos trabalha há dez anos vendendo lanches na mesma praça e também reafirmou o quanto é positivo o aumento no policiamento. “De uns tempos para cá o policiamento aumentou bastante e isso é muito bom porque a malandragem que tem por aqui se afasta. Foi bom para nós, comerciantes, para quem trabalha aqui e para quem passa ou vem passear na praça”.
De acordo com o subcomandante da 1 ª Companhia do 8º Batalhão de Polícia Militar, aspirante Jobson Fernando, é uma satisfação e alegria ter esses novos soldados bem preparados atuando na Corporação. “A chegada dos novos soldados foi muito aguardada para nós, como instituição. No pouco contanto que já tivemos com eles percebemos o alto nível e grau de instrução e comprometimento deles e isso valoriza e enriquece muito a visão em relação ao curso que eles fizeram. Com um novo efetivo chegando à Companhia a gente pode colocar mais policiais nas ruas, fazendo um melhor policiamento para garantir a segurança das pessoas. Sabemos que o crime não para e aumentou bastante, principalmente com a proporção que Aracaju ganhou de grande capital, o crime passou a ter outra dinâmica, a violência está muito maior, mas a chegada desses novos policiais dá um novo fôlego e uma nova perspectiva para as atividades desempenhadas, visando sempre garantir maior segurança para os cidadãos”.
Trote
Até o momento, a única dificuldade percebida pelo efetivo é um velho vilão do serviço de segurança pública, o trote. Mesmo as atividades dos novos PMs terem sido iniciadas nesta semana os soldados já perceberam o quanto os trotes, que são considerados crimes por lei, atrapalham o seu trabalho. “A maioria das ocorrências resolvemos no local. Está sendo tranquilo, desde que iniciamos na terça-feira [13], que foi nosso primeiro dia.
Alguns colegas já pegaram ocorrências maiores, mas até agora o que mais recebemos foi trotes. Normalmente, estamos trabalhando mais no policiamento preventivo. Quando somos acionados pelo Ciosp, vamos até o local solicitado e geralmente resolvemos o que é preciso no local. O que mais atrapalha são os trotes, porque a gente acaba indo para um lugar que não precisa dos nossos serviços”, diz o soldado S. Vieira, 21.
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Agência Sergipe de Notícias