*Rodolfo Torres, do Congresso em Foco
Em seu terceiro ano como presidente, Dilma Rousseff assistiu ao esfacelamento do “núcleo duro” de apoio a seu govemo na Câmara dos Deputados, que já foi formado por 17 partidos e hoje abriga apenas petistas e remanescentes de outras sete legendas. O núcleo duro – formado pelos parlamentares que votam com o governo 90% das vezes ou mais – era integrado em 2011 por 306 dos 513 deputados. Ou seja, Dilma podia contabilizar como aliados fiéis seis em cada dez dos membros da Câmara, Desde então, esse núcleo vem encolhendo, e atualmente se resume a 101 deputados, segundo revela o Basômetro, ferramenta online do Estadão Dados que mede a taxa de governismo do Congresso.
Dos nove partidos que abandonaram totalmente a linha de frente de apoio ao governo, três são de tamanho médio – PR, PSD e PSB. Os demais se enquadram na categoria dos “nanicos”, com bancadas de menos de dez integrantes (PMN, PTC, PRTB, PSL, PT do B e PRB).
O PMDB, principal aliado do PT em termos numéricos, tem hoje apenas quatro representantes no núcleo duro – desde o final de 2011,63 peemedebistas abandonaram o grupo e agora se concentram na faixa dos que votam com o governo entre 60% e 89% das vezes. No PP, a debandada foi de 32 deputados para apenas 2. No PDT, de 16 para 2. No PTB só sobrou um dos 19 fiéis.
Com uma base cada vez mais inconsistente, Dilma tem enfrentado dificuldades crescentes para aprovar projetos. Na tentativa de agradar à base, acenou com a abertura dos cofres: na semana passada. Determinou a liberação de R$ 6 bilhões em emendas parlamentares até o final do ano, em três parcelas.
‘Nem de esquerda nem de direita’, PSD abriga campeões vira-casaca
Os três principais “desertores” do núcleo duro de apoio ao govemo são do PSD, o partido que seu criador, Gilbeito Kassab, de: finiu como “nem de esquerda, nem de direita, nem de centro”.
João Lyra (AL), Fábio Farias (RN) e Ademir Camilo (MG) se comportaram como aliados fi-delíssimos em 2011, ano em que o PSD foi fundado, com taxas de apoio de 95%, 96% e 96%, respectivamente. Em 2013, os índices caíram para níveis próximos a 45% – menos da metade.
Lyra, usineiro em Alagoas com patrimônio declarado de R$ 240 milhões, participou de poucas votações neste ano, por motivos de saúde. Mas, quando teve oportunidade, contrariou o governo em nove ocasiões, e se alinhou ao Planalto em apenas sete.
Lyra não é volúvel apenas em relação ao govemo Dilma Rousseff: desde 1985, já trocou de partido seis vezes e integrou as bases de apoio do tucano Fernando Henrique Cardoso e do petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Um ‘novo casamento’ para Dilma e Lula
A estratégia da presidente Dilma Rousseff para recuperar a popularidade perdida e embicar a campanha do segundo mandato prevê um novo “casamento” com Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho político. A partir deste mês, Dilma começará a aparecer em programas de TV, falando para diferentes públicos, como fez no início do govemo. A ideia é que ela destaque a parceria com Lula desde 2003. De aparições para atrair apoio das camadas populares a entrevistas com foco econômico, dirigidas a eleitores de maior poder aquisitivo, tudo está sendo planejado no Palácio do Planalto para reabilitar Dilma até dezembro. A intenção da presidente é também explicar projetos que causam polêmica, como o Mais Médicos, e “vender” as concessões em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, previstas para sair do papel a partir de setembro, após um ano de atraso. Em comum, nas entrevistas, a nova tentativa decolar sua imagem à de Lula.
Dilma já foi convidada para participar do “Programa do Ratinho”, do SBT, vice-líder de audiência no horário nobre. Por lá passaram recentemente seus prováveis adversários Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (sem partido). No radar do Planalto também estão programas voltados para a dona de casa, como “Mais Você”, de Ana Maria Braga (TV Globo).
Além de reconquistar o público feminino, a presidente também pretende aparecer no popular “Brasil Urgente”, de José Luiz Datena (Band), e no “Esquenta!” (TV Globo), de Regina Casé.
Discreto e calado, um novo Jader no Senado
Jader Barbalho chega ao plenário do Senado e se aeqmoda em uma das poltronas reservadas aos parlamentares do Pará, na terceira fila, do lado oposto à tribuna de imprensa onde se aglomeramos jornalistas. Taciturno, faz acenos discretos pai rá colegas e vota como manda sua bancada, a do PMDB.
Em seguida, deixa o plenário com a discrição que se impps desde que retomou ao Senado, dez anos após deixar o comando da Casa e renunciar ao mandato para não ser cassado na esteira das denúncias de corrupção que o envolviam.
Nos 19 meses do atual mandato, o senador paraense, 68 anos, em nada lembra uma das principais lideranças políticas brasileiras nas décadas de 80 e 90, duas vezes governador de Estado e outras duas ministro do governo Sarney (1985-1990).
Jader também foi presidente do PMDB e do Congresso, homem forte na gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e, de quebra, gozava de certa influência no mandato Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), quando apadrinhou as indicações dos presidentes da Eletronorte, Jorge Palmeira, e da Eletrobras, José Antonio Muniz. Sob Dilma Rousseff, Muniz foi rebaixado a diretor de transmissão, numa mostra de perda de influência do peemedebista.
Sarney tem melhora e poderá deixar UTI, diz Roseana
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), filha do senador e ex-presidente da República,José Sarney(PMDB-AP), disse ontem que a equipe médica do Sírio-Libanês avalia que seu pai deve deixará UTI do hospital nos próximos dias.
O senador, de 83 anos, foi internado no Sírio-Libanês na quarta-feira passada depois de apresentarum “quadro de febre acompanhado de tremores”.
Boletim médico divulgadope-lo hospital no fim da manhã de ontem informou que Sarneyha-via apresentado melhora clínico-laboratorial, mas não havia previsão de alta.
“Os médicos mostraram que ele teve melhora emtodoo quadro. Estamos mais tranquilos. Se continuar assim, ele deve sair da UTI em torno de 3, 4 dias”, afirmou Roseana.
* com informações da Folha de São Paulo