Muricy Ramalho cogitou, antes do clássico, escalar Neymar isolado no ataque. Taticamente, preferiu dar um colega ao astro no setor. Mas, no placar, o Santos não precisava de mais ninguém. Com três gols de seu camisa 11, o Peixe se garantiu na final do Paulista vencendo o São Paulo por 3 a 1 neste domingo, no Morumbi.
Pelo terceiro ano seguido, o Santos elimina o São Paulo nas semifinais do Campeonato Paulista. Pela quarta temporada consecutiva, o Peixe está na final do Estadual, desta vez brigando pelo tricampeonato, à espera de Guarani e Ponte Preta, que se enfrentam neste domingo no estádio Brinco de Ouro da Princesa.
O show de Neymar começou com três minutos de clássico, convertendo pênalti sofrido por Alan Kardec. Ainda no primeiro tempo, o jogador fez mais uma, aproveitando passe de Ganso, aos 31 minutos. Willian José descontou aos 18 da etapa final, mas o garoto que os santistas chamam de Joia sentenciou o placar em falha de Denis aos 32.
Herói do San-São, Neymar chegou a oito gols em dez gols confrontos contra o Tricolor. E chegou a 102 gols com a camisa do Peixe, isolando-se como terceiro maior artilheiro no clube depois da era Pelé – está atrás de Serginho Chulapa e João Paulo, ambos com 104 gols.
O jogo –Emerson Leão não pôde testar um meio-campo mais preenchido com Casemiro contra a Ponte Preta porque o jogo em Campinas, que ocorreria na quinta-feira, foi adiado. Mas insistiu na formação, com Willian José como substituto de Luis Fabiano na posição de referência na frente. A novidade que deu certo, contudo, veio da cabeça de Muricy Ramalho.
O técnico do Santos não inventou nas laterais, colocando Maranhão na direita e Léo na esquerda nas vagas dos titulares Fucile, machucado, e Juan, suspenso. A inovação ocorreu no ataque, com a troca de Borges, em má fase, por Alan Kardec. Alternativa que deu certo com menos de dois minutos de clássico.
Uma rápida troca de passes saiu dos pés de Arouca para os de Alan Kardec, que caiu perto da pequena área ao ser pressionado por Paulo Miranda. O assistente atrás do gol, Leandro Bizzio Marinho, indicou pênalti, que o árbitro Paulo César de Oliveira confirmou. Na cobrança, aos três minutos, Neymar bateu no canto contrário ao escolhido por Denis e conseguiu o que o Peixe mais queria: um gol logo no início.
Com as redes balançadas, o Alvinegro pode se posicionar de maneira que minimizasse o desgaste do jogo na altitude de La Paz na quarta-feira. Com exceção de Alan Kardec, o time inteiro, inclusive Neymar, atuava da intermediária defensiva para trás, armando um paredão que não permitia ao São Paulo nem finalizar.
Um chute torto de Cícero na ponta esquerda, contudo, mostrou à equipe anfitriã que o caminho para tentar empatar: Maranhão, lateral direito que, quando não deixava espaços ao subir, marcava mal demais. Leão liberou Cortez para ajudar Cícero e, por ali, os dois só não eram mais eficientes porque Willian José se posicionava mal na área.
As tentativas, porém, geravam outras chances, como o escanteio que Paulo Miranda desviou na trave aos dez minutos. E a preocupação santista em ajudar Maranhão deixava Lucas mais à vontade para fintar até ter a oportunidade de finalizar da entrada da área como gosta.
O problema, entretanto, era que não havia opção para atacar pela direita, já que Piris abdicava de jogar para marcar Neymar mesmo quando o Tricolor tinha a bola. Alternativa que não valeu tanto a pena. Aos 31 minutos, Rhodolfo afastou e deixou a bola nos pés de Ganso, que tocou de primeira para Neymar, sem Piris no seu encalço, driblar Paulo Miranda e fazer 2 a 0.
Neymar foi ainda mais decisivo na sequência, quando fintou Piris quantas vezes quis até receber uma falta, gerar cartão amarelo para o paraguaio e causar uma confusão que diminuiu o ímpeto são-paulino. Até o intervalo, o que se viu foi o Santos tocando a bola e um dono de casa já sem saber como pressionar. Motivo para vaias de sua torcida, que também xingava Paulo César de Oliveira de ladrão.
Na volta para o segundo tempo, Leão mostrou outro caminho. Evitou a expulsão de Piris trocando-o por Rodrigo Caio e sacou o imperceptível Jadson para Fernandinho entrar e se aproveitar de Maranhão como quisesse. Sob os pedidos de raça vindo das arquibancadas, o São Paulo teve ânimo para se recolocar na partida.
Aos dois minutos, Lucas driblou quem tinha pela frente para bater rente à trave. Dois minutos mais tarde, Paulo Miranda não conseguiu desviar para o gol vazio, assim como Neymar, na sequência do lance, no rebote de chute de Alan Kardec – o toque do camisa 11 bateu na trave.
O Peixe até conseguiu balançar as redes aos 12 minutos, com Alan Kardec, mas o árbitro anulou alegando falta de Edu Dracena em Paulo Miranda no trajeto da bola. O gol que valeria ocorreria do outro lado, quando Aranha já estava na meta santista – Rafael foi substituído no segundo tempo com dores no joelho direito.
Aos 18, três minutos depois de acertar o poste de Aranha, Willian José recebeu em posição duvidosa na área, limpou a marcação e descontou. O gol foi uma nova injeção de ânimo que só não aumentou porque o goleiro reserva do Santos fez grande defesa em falta cobrada por Cícero.
Neymar, contudo, ainda estava em campo. E o astro mostrou ter sorte além de qualidade. Aos 32 minutos, o atacante arriscou de longe e Denis espalmou para dentro de sua meta. Terceiro gol que o artilheiro comemorou dançando em provocação à torcida são-paulina. Em campo, a provocação com a bola no pé resultou na expulsão de Cícero aos 38 minutos. O camisa 11, realmente, fez de tudo neste domingo no Morumbi
William Correia e Helder Júnior São Paulo (SP)