Um estudo publicado na revista Nature Neuroscience descobriu que em algumas pessoas a Covid-19 levou à destruição de microvasos sanguíneos no cérebro, o que gerou hemorragias quase imperceptíveis, debilitando a saúde do órgão e, consequentemente, a memória.
A névoa mental é um termo usado para descrever sintomas cognitivos como dificuldade de concentração, lapsos de memória, fadiga mental e lentidão no raciocínio. Muitas pessoas que tiveram Covid-19 relatam esses problemas, mesmo meses após a infecção. Isso pode impactar a vida pessoal e profissional, dificultando tarefas que antes eram simples.
Em entrevista ao Portal SE Notícias, a Neurologista Dra. Amanda Ferreira, esclareceu as principais dúvidas sobre o tema.
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Neurologista Dra. Amanda Ferreira, esclareceu as principais dúvidas sobre o tema Névoa Mental Pós-Covid – Foto: arquivo/pessoal
“Há várias hipóteses. O coronavírus pode causar inflamação no cérebro, afetando a função dos neurônios e reduzindo a conectividade entre diferentes áreas cerebrais. Além disso, sabemos que a Covid-19 pode causar alterações na circulação sanguínea, privando o cérebro de oxigênio em alguns momentos, o que pode resultar em danos sutis, mas significativos. Outros fatores, como o impacto psicológico da doença, também podem contribuir para os sintomas”, afirma a Neurologista radicada em Aracaju Dra. Amanda Ferreira.
Pessoas que tiveram casos mais graves da doença, principalmente aquelas que foram hospitalizadas, parecem ter um risco maior. No entanto, mesmo indivíduos que tiveram casos leves ou moderados podem apresentar esses sintomas. Também há indícios de que pessoas com histórico de ansiedade, depressão ou doenças neurológicas pré-existentes possam ter maior vulnerabilidade.
A duração da névoa mental varia bastante. “Algumas pessoas se recuperam em semanas, enquanto outras relatam sintomas por meses ou até anos. Estudos ainda estão sendo conduzidos para entender se esses problemas podem se tornar crônicos em alguns casos. Mas há evidências de que, com o tempo e a adoção de estratégias adequadas, muitos pacientes conseguem recuperar suas funções cognitivas”, explica Dra. Amanda.
Práticas como exercícios físicos regulares, uma alimentação equilibrada e uma boa qualidade de sono são fundamentais. “Também incentivamos atividades que estimulem o cérebro, como leitura, jogos de raciocínio e aprendizado de novas habilidades. Em alguns casos, pode ser necessário acompanhamento com neurologistas e psicólogos. Além disso, técnicas de mindfulness e terapia ocupacional podem ajudar na recuperação”, orienta Dra. Amanda.
O mais importante é ter paciência e buscar ajuda quando necessário. Muitas pessoas se sentem frustradas com a lentidão na recuperação, mas forçar demais pode ser contraproducente. Além disso, manter um estilo de vida saudável e estabelecer rotinas organizadas pode ajudar o cérebro a se readaptar.
“A comunidade científica está investigando intensamente esse fenômeno. Novos estudos sobre os mecanismos neurológicos da Covid-19 e possíveis tratamentos estão sendo publicados constantemente. Com o tempo, esperamos desenvolver abordagens mais eficazes para tratar e até prevenir esse problema”, finaliza Dra. Amanda Ferreira.
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Por Rodrigo Alves