Depois que o senador Romero Jucá (PMDB) foi exonerado do cargo de ministro do Planejamento por ter sido grampeado pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, falando em pacto para estancar a Lava Jato, o ex-ministro Carlos Ayres Britto, que presidiu o Supremo Tribunal Federal (STF) de abril a novembro de 2012, disse que ‘não há força humana’ que barre a força-tarefa que investiga o esquema de corrupção na Petrobras. “A Lava Jato passou a caminhar com suas próprias pernas. Ela se autonomizou e quem quer que seja, individual e coletivamente, não a deterá. A Lava Jato se vacinou contra interferências à sua continuidade. Tornou-se, portanto, um patrimônio objetivo do povo. Ela se tornou uma questão de honra nacional”, afirmou o magistrado, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo deste domingo (29).
A Lava Jato ganhou as ruas em março de 2014. Na ocasião, o juiz federal Sérgio Moro autorizou a primeira leva de prisões, buscas e quebra de sigilo de investigados. De lá para cá foram 30 operações sucessivas que pegaram empreiteiros, doleiros, ex-dirigentes da Petrobrás e políticos. Na avaliação do ex-ministro Ayres Britto, “não há força humana que impeça a Lava Jato e o regular prosseguimento dessa saneadora operação dos nossos costumes no sentido mais alto da interseção do republicanismo com o Direito penal”. “A Lava Jato é um patrimônio nacional, está andando com suas próprias pernas, emancipou-se pela sua fundamental importância nessa nova era republicana em que todos são iguais perante a lei”, disse o ex-ministro da mais alta Corte do País.
O ex-ministro destaca que “os envolvidos na Lava Jato são dominantemente pessoas bem postadas na pirâmide social, empresários, políticos, dirigentes de empreiteiras”. “O fato é que a Justiça, finalmente, após tantos anos ininterruptos de democracia passou a assumir com muito mais coragem sua própria independência”.
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Matéria extraída do Portal Bocão News.