Maloca foi a segunda comunidade brasileira a ser reconhecida como quilombo urbano
Nesta quarta-feira, 25 de abril, o Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) visitou a comunidade quilombola Maloca, em Aracaju. A comunidade está localizada no bairro Getúlio Vargas, região central de Aracaju, e foi a segunda a ser reconhecida como quilombo urbano no país.
O presidente da associação que reúne os moradores do local, Luiz Bonfim, mostrou a comunidade à procuradora da República Lívia Nascimento Tinôco e falou sobre os anseios e necessidades dos quilombolas. Na pequena vila que começou a ser construída em 1914, existem atualmente 54 famílias quilombolas, a maioria delas vive em casas alugadas.
Luiz Bonfim explicou que a pressão imobiliária sobre essas famílias é grande, e algumas já deixaram a comunidade por isso. Dentro da Maloca ainda há algumas casas que são alugadas por pessoas que não são quilombolas. Dona Neuza, cujo avô foi fundador da comunidade, afirma que a convivência com a vizinhança é pacífica. Inclusive, os vizinhos costumam participar das missas e das festas que são realizadas na Maloca.
A família de dona Neuza, vinda do município sergipano de Riachuelo, deu iniciou à comunidade e hoje já está na quinta geração nascida na Maloca. Para manter as tradições e a memória viva do lugar, a associação de moradores promove oficinas de dança, música, percussão e um projeto chamado “Linguagem e cultura na Maloca”, voltado para as crianças.
A comunidade também realiza uma tradicional festa junina que costuma atrair muita gente de fora. De acordo com Luiz Bonfim, um dos desejos dos quilombolas é ter reformado o largo onde a festa é realizada, a fim de atrair mais turistas e gerar renda com a venda de comidas típicas também em outras épocas do ano.
Titulação – Após a visita, a procuradora Lívia Tinôco entrou em contato com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para solicitar informações sobre o andamento do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação do Território (RTID) da Maloca. O Incra afirmou que espera concluir o relatório em até dois meses. Este é o primeiro passo para a regularização da área e posterior titulação das casas em favor da comunidade.
O Instituto informou ainda que um dos antropólogos que participou do processo de titulação do Quilombo Família Silva, primeiro quilombo urbano do país, localizado em Porto Alegre (RS), está participando do relatório antropológico da Maloca.
Assessoria de Comunicação
Ministério Público Federal em Sergipe