O Movimento Não Pago e a Frente em Defesa do Transporte Público e Mobilidade Urbana iniciam mais uma semana de protestos contra o aumento da passagem de ônibus, nessa terça-feira (21), a partir das 16h, no estacionamento do teatro Tobias Barreto.
Desde a semana passada, integrantes do Movimento Não Pago, estão indo ás ruas de Aracaju protestar contra o aumento da passagem de ônibus de R$ 2,25 para R$ 2,45. As manifestações tem ganhado a adesão de vários estudantes e trabalhadores. Nessa terça-feira os manifestantes sairão mais uma vez pelas ruas de Aracaju, denunciando as fraudes no cálculo da tarifa, a forma truculenta como o prefeito João Alves Filho e a Câmara de Vereadores conduziram o processo de aprovação do aumento, e também a opressão que os manifestantes vêm sofrendo da Polícia Militar, que claramente vem tentando intimidar e criminalizar o movimento.
A forma comoo reajuste foi aprovado deixou os manifestantes insatisfeitos. Todos os vereadores da bancada do prefeito João Alves Filho, exceto o que se ausentou da votação, aprovaram o reajuste sem fazer qualquer discussão embasada. Além disso, o processo de votação foi completamente antidemocrático. “A população foi impedida de assistir a sessão por ordem do presidente Vinícius Porto (DEM), que convocou um contingente da Guarda Municipal para proibir a nossa entrada. Insistimos em garantir o nosso direito e a Guarda nos atacou com spray de pimenta”, lamenta João Paulo, estudante e membro do Movimento Não Pago.
Sancionado na terça-feira, o reajuste da tarifa de ônibus tem desagradado a toda a população da Grande Aracaju usuária do transporte coletivo, principalmente porque o valor cobrado não condiz com a qualidade do serviço oferecido. Mesmo sendo a menor capital do nordeste e tendo um transporte coletivo sucateado, Aracaju possui a 2ª tarifa mais cara da região.
De acordo com Demétrio Varjão, economista e membro do Movimento não Pago, o motivo para o transporte coletivo ser tão caro em Aracaju são as fraudes contidas no cálculo da tarifa. “O cálculo feito pelo Setransp e SMTT inclui na tarifa custos que não existem, como: gastos com câmara de ar e protetores de câmara de ar, quando a frota de ônibus de Aracaju se utiliza de pneus com tecnologia sem câmara de ar. Outra grave irregularidade contida nas propostas da SMTT e Setransp é a inclusão de gastos com salários de cobradores em micro-ônibus e micrões, sendo que nesses veículos só há um profissional realizando as duas funções. Se for feita uma auditoria da planilha e forem retirados os custos que não existem, o valor da tarifa, ao invés de aumentar, deve ser reduzido imediatamente para R$ 1,82”.
Nos últimos anos, o valor da passagem aumentou mais de 150%, mas a qualidade do transporte só vem piorando. “A maior parte da frota de ônibus circula em condições precárias. Convivemos com ônibus velhos, quebrados, sujos e superlotados. No entanto, os empresários do transporte, que exploram o serviço ilegalmente, pois não há licitação, pediram mais um aumento, e mesmo com todas essas irregularidades, o prefeito João Alves Filho e a Câmara de Vereadores os atenderam” explica Flávio Valério, desempregado e integrante do Movimento Não Pago.
“A população não aceitará esse roubo passivamente. Mesmo que o poder público esteja a favor dos empresários, o povo de Aracaju está dando provas de que está cansado de ser tratado como gado, e quer acabar com esse sistema de transporte privatizado, que é completamente falido para nós, mas muito lucrativo para os empresários do setor”, desabafa Gustavo Fontes, advogado e coordenador do Movimento Não Pago.
Ascom Movimento Não Pago