Marina Fontenele e Fredson Navarro, G1 SE
Estacionamento começou a ser cobrado no dia 26 de novembro.
Quase 24 mil pessoas aderiram à campanha de boicote no Facebook.
O movimento nos Shoppings Riomar e Jardins em Aracaju está reduzido desde a segunda-feira (26) quando entrou em vigor a cobrança nos estacionamentos. A medida foi anunciada pelos representantes dos centros comerciais na sexta-feira (23) e pegou os sergipanos de surpresa. Desde então, revoltados com a taxa começaram a publicar em seus perfis nas redes sociais reivindicações contra o pagamento.
Um evento criado no Facebook, por exemplo, já tem quase 24 mil participantes. A página propõe um boicote aos empreendimentos comerciais que cobram estacionamento. “Ninguém vai aos shoppings de bicicleta, carro, moto, jegue ou a pé. Vamos mostrar a indignação e a falta de respeito com os aracajuanos”, diz a descrição do evento.
Além da população em geral, estudantes de uma faculdade particular que fica localizada no Shopping Riomar vão realizar uma manifestação às 20h desta quinta-feira (29). Eles são contra a medida que determina que a permanência só será gratuita até os primeiros 20 minutos. A partir daí serão R$ 4 para carros e R$ 2 para motos por até quatro horas, além do acréscimo de R$ 1 para cada hora extra.
“Nós fizemos uma reunião com os estudantes na segunda-feira (26), convidando a todos a participarem desse movimento. Por acreditar no potencial que as redes sociais têm, fizemos uma chamada geral para que todos colocassem seus comentários no grupo do Facebook e postassem fotos sobre a atual situação dos estacionamentos dos shoppings. Apesar de lutar contra um grupo empresarial muito forte, acreditamos que só por meio da pressão poderemos ter melhoras para todos”, explica o presidente do Diretório Central dos Estudantes da faculdade, José Ernani Moura Souza.
Muitas pessoas que trabalham nos shoppings optaram por estacionar fora da área privativa para evitarem a cobrança. O lojista José Vieira disse que recebeu um comunicado dizendo que apenas um veículo por loja poderá ter acesso gratuito ao estacionamento. “A gente passa o dia todo aqui e quando for botar na ponta do lápis vai pagar quase uma parcela do carro. Nosso orçamento isso vai pesar muito”, desabafa a esteticista Maria da Conceição Souza.
Os cartões dos lojistas só começaram a ser entregues no dia seguinte ao início da cobrança, atitude que foi questionada pelos empresários, pois segundo eles, o cadastro deveria ter sido feito com antecedência. “As credenciais são entregues de imediato, no momento do fornecimento dos documentos e informações necessárias”, informou a assessoria de comunicação do grupo João Carlos Paes Mendonça (JCPM), proprietário dos dois shoppings.
Cobrar x Vender
Adriane Felix Ribeiro faz parte do grupo que aderiu ao boicote. Para ela, os grandes empresários aproveitaram a época de festas e férias escolares para empurrar essa cobrança, já que nesse período o consumo é maior.
“Por outro lado, é nesse momento que eles investem em ornamentação e contratação de pessoal, além de ser um período com uma lucratividade maior, ou seja, uma faca de dois gumes, uma verdadeira quebra de braço. Vamos ganhar essa partida! Continuemos com o boicote! Temos outras opções de lazer e ótimas lojas fora dos shoppings”, incentiva Adriane.
A Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) protocolou uma ação junto ao Tribunal de Justiça de Sergipe para que a presidência do Tribunal de Justiça remeta, em caráter de urgência, o Recurso Especial ao Supremo Tribunal Federal (STF), visando salvaguardar a Lei Municipal que proíbe a cobrança dos estacionamentos nos shoppings e instituições de ensino de Aracaju.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Aracaju (CDL), Samuel Schuster, a taxa só vai acarretar prejuízos. “Logo num período que o comércio mais vende, a administração dos shoppings ter uma decisão como essa não é cabível. Poderá haver um impacto negativo nas vendas”, prevê.
O diretor regional do JCPM, Fernando Rocha, acredita que através da cobrança o shopping vai poder disponibilizar melhores vagas para os clientes. “Vamos dar mais conforto para eles. Têm pessoas que ocupam as vagas o dia todo e isso impede que o cliente em compra consiga ter uma vaga no momento em que ele necessita”. Ele ressalta ainda, que a pratica é comum em locais como rodoviárias, aeroportos, hospitais e universidades. “Eles cobram para disciplinar e nós vamos fazer o mesmo”, justifica.
Sobre o fornecimento de Nota Fiscal sobre o serviço prestado, exigência de alguns consumidores, a assessoria de comunicação dos centros comerciais informaram: “Conforme a lei 89/2009 e regulamentado no Decreto n. 3.393, os estacionamentos, considerados serviços de elevado fluxo, são autorizados a emitirem o chamado RPS (Recibo Provisório de Serviço). A partir do RPS, o contribuinte converte, até dez dias depois, em Nota Fiscal, por meio do site da prefeitura”.