O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), classificou como “gravíssimo” o comportamento do ex-secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, afirmando que ele poderia ter colocado “em risco” a vida de diversas autoridades do país.
Segundo o ministro, está “amplamente comprovada” a omissão de Torres na invasão às sedes dos três Poderes.
A afirmação consta em decisão que mandou prender Anderson Torres nesta terça-feira (10). Moraes atendeu a uma representação do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos.
Além de Torres, o ministro também autorizou a prisão preventiva do ex-comandante da Polícia Militar, Flavio Augusto Vieira.
Segundo Moraes, a omissão de Torres e do ex-comandante da Polícia Militar, Fábio Augusto Vieira, ficaram “amplamente comprovada” pela falta de segurança que possibilitou os ataques aos prédios, incluindo o edifício-sede do STF, e pela previsibilidade da conduta dos criminosos, que não foram impedidos de cometer os atos de vandalismo.
“Os comportamentos de Anderson Gustavo Torres e Fábio Augusto Vieira são gravíssimos e podem colocar em risco, inclusive, a vida do Presidente da República, dos Deputados Federais e Senadores e dos Ministros do Supremo Tribunal Federal”, afirmou.
De acordo com Moraes, os fatos levados pela PF demonstram a atuação de possível organização criminosa que busca desestabilizar as instituições da República, principalmente o Congresso e o Supremo, e derrubar as estruturas democráticas e o Estado de Direito no Brasil.
“Há fortes indícios de que as condutas dos terroristas criminosos só puderam ocorrer mediante participação ou omissão dolosa – o que será apurado nestes autos – das autoridades públicas mencionadas”, disse Moraes.
O ministro diz ainda que além de “potencialmente criminosa”, a omissão de Torres e de Vieira é “estarrecedora”. Como mostrou o UOL, bolsonaristas radicais planejaram o atentado na Praça dos Três Poderes ao longo do dia em grupos na internet.
“Neste caso, os atos de terrorismo se revelam como verdadeira “tragédia anunciada’, pela absoluta publicidade da convocação das manifestações ilegais pelas redes sociais e aplicativos de troca de mensagens, tais como o WhatsApp e Telegram”, disse.
Além da prisão, Moraes também autorizou buscas na residência de Torres. Agentes da Polícia Federal estiveram no local durante a tarde e recolheram documentos e um computador.
O UOL busca contato com a defesa de Anderson Torres. O espaço segue aberto a manifestações.
Delegado da Polícia Federal, Torres está nos Estados Unidos desde o início do mês e foi exonerado durante as invasões de extremistas bolsonaristas às sedes dos três Poderes.
O nome do ex-secretário foi alvo de críticas de autoridades dos três Poderes – no cargo, era responsável pela Polícia Militar, que não conteve as invasões.
A prisão de Torres foi solicitada pela AGU (Advocacia-Geral da União) no domingo, horas após o início dos ataques. Hoje, a PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu a Moraes a instauração de um inquérito contra o ex-secretário e o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.
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Por Paulo Roberto Netto, do UOL, em Brasília