Marco Prates, de Exame.com
Reagindo a vídeo em que TelexFREE credita ao Ministério Público a falta de um acordo, promotora diz que empresa divulga informações falsas que atrasam desfecho da ação.
O Ministério Público do Acre divulgou hoje nota em que afirma que a TelexFREE, acusada pela instituição de operar sob esquema de pirâmide financeira, divulgou informações falsas a respeito da falta de um acordo que poderia culminar com o fim do bloqueio dos bens da companhia, em vigor desde junho de 2013.
O MP reagiu a um vídeo, divulgado ontem (veja na página seguinte), em que o diretor de marketing e sócio da TelexFREE, Carlos Costa, afirma que o MP não aceitou a proposta de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) sugerida pela empresa.
“Cumpre dizer que foi a empresa Ympactus (que usa a marca TelexFREE no Brasil), por meio do Senhor Carlos Costa, presente na audiência, que não aceitou sequer negociar a proposta de acordo apresentada pelo Ministério Público”, diz a nota assinada pela promotora Alessandra Marques, responsável pelo caso.
O MP afirma que os TACs não são “simples frutos da vontade unilateral de quem é réu em processo”, e que este “não é resolvido por vídeos ou por conversas em redes sociais”.
Em novembro, o TAC apresentado pelo MP foi negado pelos sócios da empresa em uma audiência de conciliação no Acre.
O documento em questão estipulava que a empresa teria de, além de devolver o dinheiro dos divulgadores, com prioridade para quem investiu nos dois meses anteriores ao bloqueio, apresentar um novo modelo de negócios de vendas diretas.
O MP acusa ainda a empresa de estar atrasando o desfecho do processo. Na semana passada, a TelexFREE foi multada em 11 mil reais pela justiça do Acre por apresentar recursos com essa finalidade, no entendimento da juíza Thaís Khalil, da 2ª Vara Cível de Rio Branco.
”Agora quem dará a palavra final será o Poder Judiciário”, afirma a promotora Alessandra Marques na nota.
Conflito personificado
Confrontado com a nota do MP, Carlos Costa divulgou hoje um novo vídeo, afirmando que a TelexFREE tem consciência de que apenas o MP é que propõe TACs. E diz que a promotora confundiu o que seria apenas uma sugestão da empresa para um novo acordo com a negação, que de fato ocorreu, de novembro do ano passado.
“Sabemos muito bem que só o Ministério Público pode propor o TAC. Passamos uma proposta para que a senhora desenvolvesse esse TAC”, diz Carlos Costa, dirigindo-se diretamente à promotora.
Neste último vídeo, o sócio da TelexFREE faz inúmeras referências diretas à Alessandra Marques, que já foi ameaçada de morte por causa da ação civil pública em curso.
“Está nas suas mãos. Eu espero sinceridade, doutora. Eu, diferente da senhora aí, estou sendo sincero de todo o coração”, afirma Costa.
No vídeo, ele informa ainda que a proposta de sub-rogação, em que uma outra empresa pagaria os devedores caso a TelexFREE perdesse o processo, não foi aceita pela justiça do Acre.