Marina Fontenele Do G1 SE
São Cristóvão tem três creches e 39 escolas municipais de Ensino Fundamental, onde somente três têm turmas do 6º ao 9º. Os estudantes que forem além dessas séries devem recorrer a escolas da rede estadual.
O Colégio de Aplicação (Codap) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) é o nono colocado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Com nota 6,9, a instituição se destacou entre as escolas públicas e privadas de todo o país. Já a Escola Municipal Araceles Rodrigues conseguiu apenas 1,2, um ponto a menos que o resultado da avaliação feita em 2007. Ambas as instituições de ensino ficam no município de São Cristóvão, em Sergipe.
O Ideb é um levantamento feito pelo Ministério da Educação (MEC) através do resultado da Prova Brasil, que mede o desempenho dos alunos, e taxas de aprovação, frequência em sala de aula e do índice de reprovação da instituição.
Nemésio Augusto Álvares Silva, diretor e professor de física do Codap, diz que não há um segredo para os bons resultados, mas que eles refletem a organização democrática dentro do colégio que tem 245 alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e mais 206 das três séries do Ensino Médio.
“Como escola laboratório nós temos autonomia para fazer desde o regimento interno até decidir o currículo e a forma de avaliação dos estudantes. Essa gestão democrática é feita com a participação dos professores e alunos”, explica o diretor.
Diferente da maioria das instituições de ensino particulares, o Codap não se dedica exclusivamente a aprovações nos vestibulares. “Nosso objetivo é a educação para formar cidadãos críticos. Não fazemos simulados e mesmo assim os resultados aparecem com mais de 80% de aprovação no processo seletivo da UFS”, informa o diretor da instituição.
Diferencial que dá resultado
No Codap, as disciplinas Inglês, Francês e Espanhol são obrigatórias. Além disso, as aulas de Educação Física são cobradas na parte teórica e prática e as de Informática incluem programação de linguagem e conhecimento de pacotes do sistema operacional.
Práticas investigativas para a pesquisa científica também são estimuladas dentro da sala de aula desde as primeiras séries. Em 2011, cada aluno recebeu um netbook que ajuda na pesquisa e debate do assunto estudado. O Codap oferece ainda uma estrutura que favorece o aprendizado com biblioteca, duas salas de audiovisual e laboratórios de Física e Química, Informática, Biologia, Artes.
“Apesar de ficarmos felizes com os resultados temos consciência que há melhorias a serem feitas. Estamos precisando de mais professores, pois 12 se aposentaram e só temos autorização para contratar sete. Também gostaríamos de ter as primeiras séries do Fundamental e de adaptar as instalações para o ensino em tempo integral”, revela Nemésio.
Superação no aprendizado
No nono melhor colégio do Brasil, as turmas têm cerca de 30 jovens que participaram de sorteio público para ingresso na instituição de ensino. Por conta desse tipo de ‘seleção’ alunos com pouco conhecimento em leitura e em outras disciplinas também entram na escola.
“Para diminuir essa diferença, o aluno participa do projeto de Língua Portuguesa e de Matemática no turno inverso ao que ele frequenta as aulas. Também disponibilizamos plantão de dúvidas para o restante das matérias”, informa o diretor do Codap.
Em 2011, menos de 10 estudantes pediram transferência. O índice de evasão na escola é pequeno apesar do de reprovação no 6º ano do Ensino Fundamental ainda serem preocupantes, cerca de 20 na primeira série oferecida pelo Codap. Outro diferencial da instituição federal é que o setor de orientação educacional acompanha a frequência escolar e comunica aos pais quando há alguma irregularidade.
A família e a educação
Já na Escola Municipal Araceles Rodrigues, 765 alunos se dividem entre 1º e o 9 ano do Ensino Fundamental e Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Lá o índice de evasão chega a 200, diferença entre matriculados em 2012 e os que continuam frequentando as aulas.
O diretor da escola municipal, Antônio Fernandes dos Santos Mangueira, disse que não sabia do resultado de pior índice do Ideb em Sergipe. Ele atribui esse número à falta de interesse dos pais na vida escolar dos filhos. Outro ponto que ele acredita ter prejudicado o desempenho dos alunos foi a reforma na escola que começou no final de 2010 e que atrasou o início do período letivo do ano seguinte para o mês de março.
“Sempre que convocamos reuniões dos pais poucos comparecem. A maioria dos alunos volta com o dever de casa em branco. Também percebemos que os alunos mais velhos são os que mais faltam”, explica Antônio Fernandes.
Planos que ainda engatinham
Sobre a queda de um ponto em relação à avaliação do Ideb feita em 2007, o diretor da Escola Araceles disse que convocou os professores para traçar planos de melhorias. Apesar disso, ele descarta aulas de reforço e plantões de dúvidas porque não há espaço físico para isso nem professores suficientes.
Segundo Suzimara Oliveira de Souza, diretora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de São Cristóvão, cada escola tem um grupo de reflexão sobre os dados das avaliações para, a partir daí, criar um plano de ação de melhorias. Entre esses projetos ela cita encontros de leitura e concurso de poesia.