Uma médica que prestava serviço na Unidade de Saúde da Família e Ambulatório Padre Almeida, localizada no Povoado Colônia 13, no município de Lagarto, a 75 km de Aracaju, foi vítima de uma tentativa de estupro enquanto trabalhava.
Segundo a diretora da USF, o fato ocorreu na manhã de terça-feira, 9/9. No entanto, o Conselho Regional de Medicina de Sergipe (CREMESE) só tomou conhecimento na tarde de sexta-feira, 19.
Em nota pública [final da matéria], a Prefeitura de Lagarto informou que só teve ciência do caso na tarde do dia 19. Porém, ao SE Notícias, a diretora da USF declarou que comunicou o ocorrido ao secretário de Saúde no dia seguinte, ou seja, em 10/9.
Na manhã deste sábado, a reportagem do Portal SE Notícias conversou com Thaís Moura, diretora da USF, que relatou que a profissional informou ainda no dia 9/9 ter sofrido a tentativa de estupro. No momento do ataque, a médica estava acompanhada por uma enfermeira e por uma técnica de enfermagem.
Ainda segundo a diretora, assim que soube do crime, acionou a Polícia Militar, que esteve no local e realizou diligências, mas não conseguiu capturar o suspeito. Questionada pela reportagem se havia câmeras de monitoramento no local, Thaís confirmou que sim, e disse que as imagens já foram entregues à polícia e ao secretário de Saúde do município de Lagarto.
Ao SE Notícias, o secretário de Comunicação da Prefeitura de Lagarto, Hugo Sidney, afirmou que a médica já havia sido comunicada de seu afastamento da USF dias antes do episódio.
O que diz o Conselho Regional de Medicina
O Conselho Regional de Medicina do Estado de Sergipe (CREMESE) manifesta repúdio à tentativa de estupro sofrida por uma jovem médica no dia 9 de setembro, durante o exercício de sua função na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Almeida, localizada no Povoado Colônia 13, no município de Lagarto.
O fato, que configura grave violação à integridade física, sexual e psicológica da profissional, representa uma afronta à dignidade de todos os médicos e médicas que atuam na linha de frente, prestando atendimento à população, muitas vezes em condições precárias de segurança.
O CREMESE também lamenta, com indignação, o comportamento da gestão da referida unidade de saúde, que, ao invés de acolher a vítima, demonstrou completo descaso diante da gravidade da ocorrência, desestimulando-a registrar boletim de ocorrência e minimizando os fatos. Como agravante, a médica foi demitida após ter formalizado a denúncia às autoridades, o que reforça o cenário de negligência institucional e retaliação à vítima.
O Conselho considera inadmissível qualquer forma de omissão ou tentativa de silenciamento em casos de violência, sobretudo quando envolvem profissionais em ambiente de trabalho. É dever das instituições de saúde assegurar condições mínimas de segurança e acolhimento – o que claramente não ocorreu neste episódio.
Reafirmando o compromisso com a valorização, segurança e respeito à classe médica, o CREMESE acompanhará o desdobramento das investigações e irá adotar as medidas pertinentes.
O que diz a Prefeitura de Lagarto
A Prefeitura de Lagarto tomou conhecimento, por meio da nota pública emitida pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Sergipe (CRM/SE), da denúncia de tentativa de violência contra uma médica durante o exercício de suas funções em uma unidade de saúde do município.
Manifestamos, em primeiro lugar, nossa solidariedade e profundo respeito à profissional mencionada, reafirmando que qualquer forma de violência contra a mulher é inaceitável e merece total repúdio. A gestão municipal garante que a médica será acolhida e terá acesso a todo o suporte jurídico, psicológico e administrativo necessário, de modo a resguardar seus direitos e oferecer o cuidado que o momento exige.
Foi determinada a imediata abertura de procedimento interno para apurar, com rigor e transparência, todas as circunstâncias da denúncia. Caso seja constatada qualquer forma de omissão ou falha administrativa, as medidas legais e disciplinares cabíveis serão adotadas sem hesitação.
Situações como a relatada ferem não apenas a dignidade da vítima, mas também o compromisso coletivo com uma sociedade mais justa e segura.
A Prefeitura de Lagarto acompanhará de perto o andamento das investigações com seriedade, responsabilidade e sensibilidade diante da gravidade do tema. A gestão municipal reafirma seu trabalho de combate à violência contra a mulher com ações e políticas públicas em defesa da mulher, a exemplo da sala Patrulha Maria da Penha, um espaço de escuta, proteção e acompanhamento das vítimas de violência.
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Redação SE Notícias