A superlotação das delegacias da capital está sendo denunciada pelos presos e pelo Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Sergipe (Sinpol).
Na manhã desta quarta-feira (5), a equipe do G1 esteve na 2ª Delegacia Metropolitana, no Centro de Aracaju, onde ontem os presos realizaram uma rebelião contida pelos policiais do Grupo Especial de Repressão e Busca (Gerb).
“Estou doente e até agora nada foi feito. Eles chamam o Samu, que aplica uma injeção e vai embora. Meu corpo está todo empolado”, disse o preso Luiz Alex dos Santos. Ele revelou ainda que na cela tem espaço para quatro presos, mas 11 ocupam o lugar. “Aqui dorme cinco e seis ficam acordados porque não tem como dormir”, explicou.
“Queremos cumprir a nossa pena. Mas desse jeito não tem como. Queremos ser transferidos”, relatou o preso Laercio Pereira dos Santos.
Para Jorge Henrique dos Santos diretor de comunicação do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Sergipe (Sinpol) a situação das delegacias da capital é resumida em caos. “É um verdadeiro caos dentro das delegacias. Os presos estão submetidos a uma condição desumana, sem condições sanitárias e alimentação adequada. Não estamos defendendo quem cometeu crimes, mas temos que dar condições ao ser humano”, revelou.
A saúde dos presos é um ponto que também preocupa o representante do sindicato. “As doenças que os presos possuem, como Tuberculose, colocam em risco a saúde dos policiais e das pessoas que frequentam a delegacia”.
Além disso, segundo ele o maior risco está relacionado as fugas. “O risco maior está no comportamento dos presos, que não aceitam essa situação a que estão submetidos. Ontem, por exemplo, quase aconteceu uma fuga em massa na segunda delegacia”.
“Estamos tentando conscientizar as autoridades para que acabe com essa irregularidade de presos em delegacias. Dizem que o Copemcan [Complexo Penitenciário Manuel Carvalho Neto] está com excesso de lotação, mas ele tem áreas livres internamente e externamente, que poderiam receber containers climatizados, onde os presos poderiam dormir e ficar na área do local durante o dia. Eu comparo essa situação a das masmorras mediáveis. Ninguém dos Direitos Humanos que tanto pregam a lisura e o cumprimento das leis não aparece para acompanhar essa situação, finalizou.
Segundo a Secretaria de Justiça (Sejuc), benfeitorias estão sendo realizadas no Complexo Penitenciário Manuel Carvalho Neto (Copemcan), mas ainda dependem de ser analisadas pela Justiça para que ele volte a ser liberado. Sobre novas vagas no sistema prisional a Sujuc informou ,através de sua assessoria de imprensa, que no anexo ao presídio de Nossa Senhora da Glória serão disponiblizadas 36 novas vagas. Já o presídio de Areia Branca deve ser entregue no final de agosto e vai ter capacidade para receber 396 presos, enquanto o de Estância, que será entregue em outubro vai disponibilizar 198 vagas. Além das 500 tornozeleiras eletrônicas, que serão testadas inicialmente em 20 detentos. Mas todas essas vagas agudaram trâmites internos para serem abertas para os detentos.
Outro fator apontado pela Sejuc que acaba contribuindo para superlotação dos presídios é falta de celeridade do poder judiciário, que aumenta o tempo que os custodiados ficam nos presídios provisórios.
Com informações do G1, em Sergipe