O secretário nacional de Finanças do PT, Márcio Macêdo, defendeu, nesta segunda-feira (20), que o partido em Sergipe lance uma candidatura única para o processo de eleições internas, que ocorrerá em abril deste ano. “Não é tempo de disputa, é tempo de buscar unidade dentro do partido. As diferenças existem, há divergências e diferenças de concepções, mas é hora de construir a unidade necessária para superar este momento. O ideal é uma chapa única, preservando as concepções de cada força, a pluralidade. O PT é maior do que todos nós. É necessário que haja unidade programática”, afirmou ele, em entrevista à rádio Mix FM.
Para o petista, esta unidade é fundamental para fortalecer o partido para o pleito de 2018, quando, defende ele, a sigla integre a chapa majoritária. “É possível construir uma unidade. Estou trabalhando para isso, para que o PT fortalece a militância, se reaproxime dos movimentos sociais. É importante que continuemos com a campanha de denúncia do golpe realizada por Michel Temer e de defesa do resgate das políticas públicas dos governos Lula e Dilma. Temos que preparar o PT para 2018. Se não tiver paz interna e respeito mútuo, podemos sair fragilizados. O PT tem história, tem projeto, acúmulo, viabilidade política, tempo de TV, militância, de modo que é natural que pleiteie estar na chapa majoritária em 2018”, ressaltou.
Questionado pelo radialista Gilmar Carvalho sobre a possibilidade de ser candidato a presidente nacional do PT, Márcio Macêdo reafirmou que, embora esta seja possibilidade colocada na corrente majoritária do partido, ele defende que o ex-presidente Lula seja o nome de consenso para comandar a legenda. “Seria importante que Lula fosse o candidato, pois ele tem condições de unificar o PT e assim dar um recado eloquente para o país sobre o processo organizativo do partido para as eleições de 2018. Mas estou dentro do processo e à disposição do partido”, disse.
Força política de JB
O dirigente petista também foi convidado a comentar sobre a adesão de políticos que eram de oposição ao bloco comandado pelo governador Jackson Barreto. Para ele, JB tem demonstrado “uma imensa capacidade de fazer política”. “É óbvio que se tem críticas ao governo, às políticas públicas e questões administrativas, o que é natural, mas há de se reconhecer a enorme capacidade, por parte do governador, de manutenção e ampliação de um campo político. A oposição em Sergipe está fragilizada, agonizando, perdendo quadros e não encontrou o discurso claro de enfrentamento. Jackson tende a crescer politicamente e chegar em 2018 com muita força. Ele está hegemonizando politicamente e desmontando pilares da oposição, o que é legitimo na democracia”, avaliou.
Deso
Márcio Macêdo também voltou a se colocar contrário à privatização da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso). “Por princípio e orientação do meu partido, sou contra a privatização de empresas publicas, sobretudos em setores estratégicos. Fui do conselho da empresa no governo de Marcelo Déda, então conheço um pouco a situação. A Deso é uma empresa que trata de questão extremamente estratégica, que é a água, que está ligada à sobrevivência humana. Tem a questão do esgoto: cada R$ 1 investido em Saneamento gera uma economia de R$ 10 em saúde. Tem que verificar a possibilidade de aumento da tarifa. Quem vai pagar a conta dos que mais precisam? Tem o processo de demissões em massa. Ou seja, não é algo simples e envolvem setores que devem ser controlados pelo Estado”, afirmou.
Ele salientou que, se privatizada, a Deso poderá deixar de atender regiões mais carentes do Estado. “Como a empresa privada tem como produto ultimo o lucro, isto pode prejudicar locais mais longínquos, em localidades carentes onde estão os mais pobres. A Deso atende mais de 128 mil residências com tarifa social, o que equivale a 500 mil pessoas. Será que o empresariado vai manter?”, questionou.
Neste sentido, o petista reforçou a necessidade de ampliação do debate e cobrou coerência da oposição sobre o assunto. “Defendo o debate e a reflexão da sociedade. Mas vejo a oposição fazendo o enfrentamento político, mas sem moral nenhuma para isso, uma vez que é o governo federal quem está incentivando e impondo a privatização como condição para conceder ajuda financeira aos Estados. Quem apóia e está no governo Temer, como é a oposição em Sergipe, não tem moral para falar de privatização da Deso. O governador também precisa refletir sobre isso. Jackson tem tradição de luta em defesa do povo”, ponderou.
Para Márcio Macêdo, se a Deso encontra-se sucateada e com parte dos servidores recebendo salários incompatíveis com a realidade, é preciso reestruturar a empresa. “É necessário melhorar os equipamentos da Deso, trabalhar por sua reestruturação. Reduzir as perdas da captação de água, que chegam a 45%. Um projeto que idealizei quando fui secretário foi o ‘Águas de Sergipe’, com investimentos acima de 120 milhões de dólares para a recuperação da bacia do rio Sergipe, com atuação forte da Deso. Ou seja, os problemas da Deso não se resolvem com privatização”, afirmou.
Ainda como argumento contrário à venda da companhia, o ex-deputado federal levantou o seguinte dado: das 30 empresas líderes em reclamação do consumidor no Procon/SE, a Deso aparece em último lugar. “Ou seja, a privatização não soluciona, senão empresas privadas não apareceriam como líderes em reclamação”, completou.
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Ascom/Márcio Macêdo