Em debate interno do PT, o deputado apresentou suas propostas, lembrou dos militantes históricos que ajudaram a construir o partido, defendeu a reforma política e fez uma avaliação sobre a política de alianças para 2014
O deputado federal Márcio Macêdo participou neste sábado (5) de mais um debate do Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores (PT) em Sergipe. De forma enfática, ele conclamou a militância a fazer a defesa da história e do legado do partido no Estado. O parlamentar também exaltou a importância deste momento de debate interno, ressaltou a necessidade de realização urgente da reforma política no país, apresentou suas propostas enquanto candidato a presidente do PT, e fez uma avaliação da política de alianças para os próximos pleitos eleitorais.
“O nosso partido foi formado a partir do movimento sindical e estudantil, da ação das comunidades eclesiais de base e dos intelectuais de esquerda do Brasil inteiro. Aqui em Sergipe, não foi diferente. Desde aqueles que fundaram o nosso partido e aqueles que se incorporaram depois, como os professores Zé Costa e Luiz Alberto, como Marcélio Bonfim; da mesma forma os jovens que vinham do movimento estudantil, a exemplo de Marcelo Déda e Chico Buchinho, como outros que ajudaram a construir o movimento sindical, como Ana Lúcia e Diomedes, como aquele que militaram no movimento sindical rural, como João Sessenta, além daqueles que ajudaram a construir o movimento operário, como Chiquinho Gualberto e Rômulo Rodrigues. Há tantos outros que construíram a nossa história ao longo desses anos. As gerações seguintes que se incorporaram, como eu, Rogério Carvalho e Cássio Murilo. E já há hoje uma nova geração, a exemplo de Jeferson Lima, que é a maior referência petista da juventude no Brasil”, lembrou Márcio Macêdo, ao iniciar sua participação no debate.
HOMENAGEM A DÉDA
Ele prosseguiu dizendo ainda que a história do PT “ganhou contornos decisivos no Estado, quando os sergipanos, a partir da construção partidária, transformaram Marcelo Déda no maior deputado estadual da história de Sergipe, depois deputado federal e depois prefeito de Aracaju e governador, sempre eleito e reeleito no primeiro turno, e que está fazendo, nesta última década, a maior revolução de gestão que este Estado já viu”.
“É este o legado que está em jogo e que as elites querem destruir. Não é o legado de uma ou outra pessoa. É o legado do partido e de toda a nossa história. Ao invés de algumas pessoas se incomodarem quando falamos sobre isso, elas deveriam vir defender este legado. E o PED é um dos momentos de fazer isso. É tarefa de todo militante do PT, de todo dirigente partidário, de todo parlamentar, de cada líder sindical que milita no partido defender a nossa historia, o legado e o nosso futuro. Porque não haverá futuro progressista na política para Sergipe se o PT não estiver presente de alguma forma”, afirmou Márcio Macêdo, bastante emocionado, puxando um coro em homenagem ao governador Marcelo Déda.
DEBATE INTERNO
No segundo momento da discussão, ao responder aos questionamentos das centenas de filiados presentes no encontro, Márcio Macêdo ressaltou “a riqueza do debate”, proporcionado pelo PED. “Só uma partido como o PT é capaz de fazer um debate dessa magnitude. Quero abraçar a militância e parabenizar por este momento”, frisou. Ele reforçou que não concorda com a avaliação de que exista uma dicotomia entre direita e esquerda política dentro do partido. “Os filiados ao PT são de esquerda, que estão sob o teto do socialismo democrático. Temos divergências de conceitos e opiniões, mas temos um teto que nos une”, afirmou.
ALIANÇAS POLÍTICAS
Questionado sobre as alianças partidárias para o pleito de 2014, Márcio Macêdo disse não acreditar na possibilidade de um acordo entre o governador em exercício Jackson Barreto (PMDB), provável candidato da base aliada ao PT, com o prefeito João Alves Filho (DEM) ou com o senador Eduardo Amorim (PSC).
“Sinceramente não acredito que tenha essa aproximação, mas se tiver, ressalto que sou contrário. O nosso projeto é antagônico ao de João. Ele é de outra matriz ideológica, de um outro jeito de fazer política, diferente do nosso. Somos adversários históricos. Nós construímos esse projeto e o lideramos. Não concordamos com a aliança com João nem com Amorim. Defendemos a manutenção do bloco aliado que está desde 1994 junto, do qual participei da construção e, quando fui presidente do partido, ajudei na consolidação. Deus também me deu a honra e a alegria de poder ter sido o presidente do PT para preparar o nosso partido para ser governo. E Deus haverá de me dar essa mesma honra de ser presidente do PT de novo para preparar o partido para encerrar este ciclo do governo e abrir um novo momento vitorioso na nossa história”, defendeu.
“NÃO É POSSÍVEL QUE O PRESIDENTE DO PT COMANDE OUTROS PARTIDOS”
O vereador do PT em Estância, Dominguinhos, ao discursar como representante da chapa liderada por Márcio Macêdo, criticou aquelas lideranças que comandam diversos partidos. Ele ressaltou que isto não pode ocorrer com o PT. “Temos que tomar cuidado com o nosso partido, para que não tenhamos um presidente que tenha preocupações com outras legendas além da nossa. Até porque se o nosso presidente for comandar outros partidos, não terá tempo para cuidar do PT”, afirmou.
REFORMA POLÍTICA
Sobre a reforma política, Márcio Macêdo afirmou que o debate em torno desta temática é fundamental. “Eu quero assumir compromisso com o meu partido, de que uma vez presidente, não só vamos construir o projeto de formação política da militância, como instituir um fórum permanente de debate sobre a reforma política, em consenso com o projeto do PT sobre este tema”, explicou.
São quatro os pontos que o partido já apresentou como principais nesta discussão: o voto proporcional em lista fechada, o financiamento público de campanha, a paridade de gênero e a Constituinte exclusiva. “A reforma política é a mãe de todas as reformas. E defendo também que devemos debater o projeto da reforma encaminhado pelo movimentos sociais liderados pela Ordem dos Advogados do Brasil e CNBB”, afirmou.
PROPOSTAS PARA O PT
Finalizando sua contribuição ao debate, Márcio Macêdo apresentou suas principais propostas como candidato a presidente. “Quero falar sobre a responsabilidade que todos temos de fortalecer o nosso partido e preparar para o futuro. Ao conjunto da militância dirijo cada uma das minhas propostas. Uma vez terminado o PED, a gente unificará o partido de forma colegiada, horizontalizada, respeitando as forças políticas e incluindo a militância como protagonista deste processo. Vamos criar o programa de formação política. Proponho também que tenhamos uma política de comunicação que possa, em tempo real, instrumentalizar os nossos companheiros, para poder ter as informações adequadas sobre o partido. Vamos realizar uma ampla reestruturação dos setoriais do partido. Proponho que tenhamos uma ampla política de participação do conjunto do partido”, destacou.
“Tenho muito orgulho de ter sido presidente do PT. E agora não sou candidato novamente por vaidade, arrogância, nem por querer colocar meus interesses acima dos interesses do PT. Sou candidato a presidente do PT porque 43 diretórios viram em mim o perfil ideal, conciliador, que o momento histórico exige, para unir, organizar e preparar o partido para os desafios que virão”, encerrou.