Com sobriedade, firmeza e conhecimento profissional da situação, o deputado federal Márcio Macêdo (PT) expôs, durante entrevista ao programa de rádio “A Hora da Verdade”, apresentado pelo radialista George Magalhães, nesta sexta-feira (24), seu posicionamento sobre a obra de contenção do avanço das águas sobre a avenida Beira-Mar, em Aracaju. Para o parlamentar, não há como autorizar uma ação na área, sem os devidos estudos ambientais.
No entanto, Márcio ressaltou que, se comprovados os riscos de desabamento da avenida, que o prefeito de Aracaju, João Alves Filho (DEM), realize obras emergenciais de contenção, que são diferentes do projeto apresentado pelo Executivo Municipal, que aterra o rio em 40 metros e constrói seis espigões.
“Não tem como autorizar uma obra deste tipo sem estudos. Além disso, não se tem nenhuma certeza do risco que o prefeito está falando. Não tem nenhum trabalho de modelagem matemática mostrando as conseqüências dessa obra nos rios Sergipe e Poxim, na Barra dos Coqueiros, na Coroa do Meio e na Atalaia Nova. Não sou contra a obra, acho que tem ser feita, mas precisa fazer os estudos necessários, porque senão quem vai responder por alguma catástrofe que ocorrer é quem autorizou a obra”, afirmou.
Márcio Macêdo frisou que a obra emergencial, determinada pela Justiça, não é a mesma obra que João está propondo. “Uma coisa é ter obra de contenção do risco, outra coisa é a obra que João está propondo que não pode ser feita sem os estudos ambientais e sociais, para evitar problemas futuros. A responsabilidade da obra não é da Adema, é de João. Ele é prefeito eleito pelo povo, a responsabilidade é dele do que vier a acontecer. Se ele não quer assumir a responsabilidade de prefeito, renuncie”, ressaltou.
Para o deputado, o prefeito João Alves Filho não pode resolver uma questão tão delicada “atropelando as leis e tentando passar uma imagem equivocada do processo”. Não é correto se utilizar de terrorismo para fazer uma grande obra como ele quer. Não adianta jogar para a torcida coisas que não verdadeiras. É feio. A cabeça de João Alves é da engenharia da década de 50, mas o mundo mudou. As concepções da engenharia mudaram. As relações com o meio ambiente e com a sociedade mudaram. Ele precisa compreender isso, não pode querer fazer as coisas acima de tudo e todos, tem que respeitar a lei”, avisou.
Para justificar a importância dos estudos de impacto ambiental, Márcio citou os problemas ocasionados pela ocupação incorreta da Coroa do Meio, que foi realizada por João Alves Filho. “Há especialistas que creditam à ocupação da Coroa do Meio os problemas que estamos vendo hoje na 13 de Julho. João quer tentar resolver esse problema com terrorismo sem medir as conseqüências. E isto pode estourar no mercado, na Atalaia Nova, na Coroa do Meio”, alertou.
Neste sentido, o parlamentar apresenta soluções. “A alternativa aos riscos que a prefeitura tanto tem falando é o aterro de 40 metros e os seis espigões? Ou pode ser feita uma obra mais sustentável, mais moderna, que proteja o rio e que estabeleça interação entre a sociedade e o rio?”, disse.
De mesmo modo, Márcio Macêdo saiu em defesa da equipe técnica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema). “Não é correto essa agressão gratuita a Genival Nunes, que é um técnico respeitado, homem que tem se dedicado a esta área ao longo dos anos. É decente, íntegro, pessoa de bem, preocupado com as questões de ordem técnica. É um dos secretários de meio ambiente mais bem avaliados do Brasil”, afirmou.
Como exemplo do respeito às questões ambientais, o deputado sergipano lembrou do projeto “Águas de Sergipe”, iniciado por ele enquanto secretário estadual de Meio Ambiente no primeiro Governo Marcelo Déda (PT). “Tem um processo em relação ao rio, que eu iniciei e que Genival deu continuidade, com apoio incondicional do governador Marcelo Déda, que o investimento de R$ 117 milhões de dólares na recuperação de todo o rio, que vai desde a construção de aterros sanitários, recuperação de matas ciliares, esgotamento sanitário, despoluição do rio, para que ele volte a ser navegável. Foi um projeto que eu pensei, coloquei no papel, depois os técnicos aprofundaram, aprovamos no Banco Mundial, o Senado aprovou. E, em breve, o projeto entrará em execução”, informou.
Da Assessoria de Imprensa