por Aldaci de Souza, Portal Infonet
Respeito e cassação. Essas foram as palavras mais pronunciadas durante ato conjunto entre representantes dos Sindicatos dos Enfermeiros, dos Servidores da Saúde, dos Jornalistas, dos professores da rede estadual, dos médicos, das assistentes sociais e do Instituto Braços, na manhã desta terça-feira, 10 na Câmara Municipal de Aracaju. Parlamentar diz que sindicalista deve ser “banida do mundo” e mais um Boletim de Ocorrência será prestado.
A manifestação contra declarações do vereador Agamenon Sobral (PP) – [de que médicos e enfermeiras estavam saindo do plantão para irem ao motel e fazendo sexo oral no local de trabalho] teve início na Praça General Valadão e em seguida os participantes saíram em caminhada até o prédio da Câmara, aonde fizeram uma ocupação. Gritando palavras de ordem, pediam respeito e a cassação do vereador.
Na chegada à Câmara, os manifestantes se encontraram com uma passeata de policiais civis que estavam indo até a Assembleia Legislativa e se solidarizaram com o movimento contra o parlamentar. “Agamenon respeite as mulheres. Você fala demais, eu quero ver você falar da polícia. Vá nas delegacias ver se os delegados estão trabalhando”, afirma Antônio Moraes, presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Sergipe.
“Nós exigimos respeito de um Poder para com diversas categorias e providências pela quebra do decoro”, destaca Lídia Anjos, representante Instituto Braços.
Beijinhos
Em meio aos apitos e pedidos de cassação do vereador Agamenon Sobral, a surpresa: o vereador apareceu na janela da Câmara Municipal de Aracaju e mandou beijos para os manifestantes, inflamando os participantes que começaram a gritar: “fora, fora, fascista, fascista”. Em seguida, fizeram a ocupação do prédio.
No plenário, a representante da Marcha Mundial de Mulheres, em Sergipe, Emauelle Suzart, leu uma Carta de Repúdio, entregue aos vereadores. “As entidades vêm a público repudiar as agressões verbais sexistas do vereador Agamenon Sobral, que na última terça-feira, 3, ultrapassou os limites não só no decoro parlamentar, mas também do respeito à sociedade sergipana, em especial às mulheres trabalhadoras”, destaca.
Ela referiu-se aos episódios em que Agamenon disse na imprensa, que os médicos do Huse faltam aos plantões para irem ao motel com as enfermeiras, que técnicas de enfermagem do Nestor Piva fazem sexo oral com médicos no horário de trabalho e em que teria dito palavra de baixo calão contra a presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Flávia Brasileiro, quando ela falava na Tribuna Livre.
“Conclamamos que após a intolerável postura condenável do vereador, a mesa diretora desse parlamento faça valer o artigo 98 da Lei Orgânica do Município de Aracaju, que conduzirá com a quebra de decoro parlamentar, devendo por esse motivo, ser punido com a cassação de seu mandato”, completa Emanuelle Suzart.
Satisfação
“Não devo satisfações a eles, devo ao povo de Aracaju e mandei beijos ao verificar que um sindicato como o Sintese, que tem 25 mil filiados, como o Sindicato dos Enfermeiros e outros que estão ali, não conseguiram reunir nem uma mil pessoas nesse ato. Foi um sinal de que eu estou falando a verdade quando digo que médicos, enfermeiros e professores estão ganhando sem trabalhar. Armaram um circo para tirar meu mandato, mas não vão me calar”, ressalta.
E sobre as declarações de Antônio Moraes ele respondeu: “a polícia não é problema porque todas as vezes que se chegar nas delegacias, vão perceber que tem muitos presos, então eles estão trabalhando”, diz.
Da tribuna, Agamenon mostrou um disquete contendo gravações da última sessão. “Aqui está a comprovação de que não falei nada contra essa sindicalista. Ela deve ser banida do mundo”, afirma se referindo à Flávia Brasileiro.
“Eu continuo sendo ameaçada porque quando uma pessoa diz que outra deve ser banida do mundo, é porque deve ser morta. Estou indo agora prestar um novo Boletim de Ocorrência”, alerta Flávia Brasileiro.