Fredson Navarro e Marina Fontenele, do G1 SE
Durante o percurso do 4º ato ‘Acorda Aracaju’ que está sendo realizado nesta terça-feira (2), os manifestantes tentaram protocolar um pedido de audiência pública com o prefeito João Alves Filho, mas quando chegaram no Conjunto Costa e Silva, por volta das 18h30, a Prefeitura de Aracaju já estava fechada.
De acordo com membros do ‘Movimento não pago’, uma nova data será marcada para entregar o documento. A passeata segue com destino ao Distrito Industrial de Aracaju. Policiais do Batalhão de Choque fizeram um cordão de isolamento na porta da prefeitura, mas nenhum manifestante avançou.
Os manifestantes retornaram às ruas de Aracaju na tarde desta terça-feira para protestar contra o valor da tarifa e qualidade do transporte público. Os motivos das reinvindicações se ampliaram e os sergipanos confeccionaram cartazes em protesto aos custos da Copa do Mundo, problemas no serviço público, corrupção, educação e cidadania.
A concentração foi realizada na Praça Fausto Cardoso, por volta das 15h, as ruas do Centro da capital já aglomeravam dezenas de pessoas, desde crianças até idosos. De lá, os manifestantes seguiram em caminhada pelas avenidas Ivo do Prado, Barão de Maruim e Desembargador Maynard em direção à Prefeitura de Aracaju.
“O Movimento Não Pago quer continuar a discussão sobre o valor da tarifa de ônibus cobrada em Aracaju e mostrar as irregularidades nas planilhas de custos apresentadas pelos empresários do setor”, afirma um dos coordenadores do movimento, Cleidson Carlos Santos Vieira.
A passeata segue de forma pacífica nas ruas e até o momento nenhuma ocorrência foi registrada. “O grupo está crescendo nas ruas. Todos estão protestando de forma muito bonita, sem violência”, garante o ralações públicas da Polícia Militar, Major Paiva.
Em seguida, o manifesto vai seguir pela avenida Tancredo Neves até o terminal de integração dos ônibus do Distrito Industrial de Aracaju (DIA) onde o professor de Filosofia na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Romero Venâncio, vai ministrar uma aula sobre ‘Desobediência Civil e Transporte Público’.
Segundo a organização do Movimento Não Pago, a aula será embaixo do viaduto Jornalista Carvalho Déda onde o tráfego será interrompido temporariamente.
Os protestos foram iniciados no início de junho em São Paulo e ganharam às ruas de dezenas de cidades do Brasil. O primeiro ato Acorda Aracaju foi realizado no dia 20 de junho reunindo mais de 20 mil pessoas. O segundo protesto ocorreu no dia 26 e levou 10 mil manifestantes às ruas. No dia 28 de junho mais de mil pessoas voltaram e realizaram mais um ato.
Mesmo com o anúncio da redução do preço das passagens do transporte público, os protestos foram mantidos e estão foram realizados em dezenas de municípios e devem continuar nos próximos dias.
“Lutamos pelos nossos direitos de forma digna, sem desrespeitar as autoridades nem o próximo, lutamos por um país melhor. Participamos de um momento histórico em Sergipe e estamos felizes porque nossa mensagem foi bem entendida e todos saíram de casa com o mesmo proposito. Não compactuamos com os atos de vandalismo praticados pro uma minoria. Repudiamos qualquer manifestação que cerceie a liberdade de organização e de expressão”, orgulha-se Demétrio Varjão, integrante do Movimento Não Pago.
Tarifa do transporte público
Antes da manifestação, o prefeito de Aracaju João Alves Filho, reduziu a tarifa de ônibus de R$ 2,45 para R$ 2,35. Ele argumentou que a redução foi possível pelo fato de no fim de maio, o Governo Federal desonerar as empresas de ônibus do pagamento de PIS e cofins. O valor da nova tarifa foi aprovado na terça-feira por 17 votos a favor contra 5 na Câmara dos Vereadores de Aracaju e começou a valer a partir do dia 28 de junho.
Mas o novo valor não agradou e os manifestantes pedem a revogação da lei. “Por mais que esse fato pareça uma vitória das pressões populares, na realidade não passa de uma falsa redução. A tarifa não foi reduzida, na verdade foi reajustada de R$ 2,25 para R$ 2,35. Com a exclusão dos impostos no cálculo da tarifa, a prefeitura sanou apenas uma das graves irregularidades contidas na planilha de custos da SMTT. Vale lembrar que mesmo com um valor de R$ 2,35, o cálculo tarifário continua incluindo custos inexistentes, sem os quais o valor tarifário real seria R$ 1,92. Lutamos também pelo passe livre dos estudantes e desempregados ”, explica Demétrio Varjão.
Demétrio disse que os protestos vão continuar e que eles aguardam uma resposta do prefeito João Alves Filho. “Até o momento o prefeito não nos procurou para dialogar sobre os pontos que estamos reivindicando. Desde o começo o movimento está denunciando a fraude nos gastos com o transporte publico que incluiu na planilha de custos valores que não são reais com gastos que não são feitos. A luta é que o prefeito revogue o valor com o valor real da tarifa”, explica.
Mesmo com o anúncio da redução do preço das passagens do transporte público, os protestos foram mantidos e estão sendo realizados em dezenas de municípios e devem continuar nos próximos dias.