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A Polícia Civil investiga se a morte do cantor sertanejo José Bonifácio Sobrinho Júnior, conhecido como Boni Júnior, foi um homicídio. Boni tinha 28 anos e morreu no dia 28 de outubro deste ano. Segundo versão da Polícia Militar (PM) na época, ele se envolveu em um acidente com um carro da corporação após furar um bloqueio policial na GO-515, que liga Panamá a Goiatuba, e atirou contra os militares. A família, no entanto, contesta a versão. “Meu filho nunca portou arma de fogo. Ele não era bandido. Era cantor, músico e intérprete. A única arma dele era o violão”, declarou ao G1 a mãe da vítima, a secretária Terezinha Luiz Vinhal, de 54 anos.
Nesta quinta-feira (13) a polícia marcou para as 16h a reconstituição do dia da morte do cantor. Segundo um dos delegados responsáveis pela investigação, Ricardo Chueire, ficou comprovado pela perícia técnica que a cena da morte foi alterada e que o artista foi alvejado com um tiro na cabeça. Corpo do sertanejo deverá ser exumado para ajudar nas investigações, mas a data ainda não foi definida.
Na época do acidente, os PMs contaram que o cantor estaria fazendo manobras perigosas na cidade de Panamá e, quando percebeu a presença da polícia, teria tentado fugir para Goiatuba. De acordo com eles, uma barreira foi montada na pista para deter o músico, mas ele não teria parado e bateu no carro da polícia. Os PMs contaram também que Boni Júnior atirou contra os carros da polícia e, por isso, os militares teriam disparado contra o carro que ele conduzia.
Segundo Chueire, há a hipótese de que a arma supostamente usada pela vítima para atirar contra os policiais tenha sido plantada.
“Desde o dia da morte, a família imaginou que tinha algo errado e a perícia comprovou alteração no local da cena do crime. A versão é que ele estava fugindo de outra viatura e teria atirado contra os policiais da barreira. Segundo a PM, ele veio atirando e eles tiveram que abrir fogo. Mas no carro da vítima não tem sinais de disparo de arma de fogo e ele foi atingido na cabeça. A perícia comprovou ainda que os tiros na viatura não foram disparados por ele, pois isso seria fisicamente impossível”, explica Chueire.
“Ele era um menino tranquilo, sorridente, feliz, brincalhão. Meu filho não merecia isso. Fizeram de maldade e eu quero Justiça, só Justiça”, declarou Terezinha Vinhal.
De acordo com ela, a morte do filho “foi uma verdadeira comoção”. “O Boni nunca teve problemas com a polícia. Para se ter ideia, até o padre ficou revoltado e pediu que a Justiça fosse feita ainda aqui na Terra”, lembra a secretária.
Exumação
De acordo com o delegado Gustavo Carlos Ferreira, que também acompanha as investigações, na época, não se falou do tiro que o cantor recebeu na cabeça porque ele teve um traumatismo craniano. “Se sabia que os policiais tinham aberto fogo contra a vítima. Mas na perícia ficou constatada a perfuração por arma de fogo na cabeça, sem local de saída do projétil”, detalha.
Em função disso, a Polícia Civil informou que também fará a exumação do corpo de Boni Júnior, uma vez que a bala não foi retirada. “Isso vai nos ajuda a saber de qual arma saiu a bala e quem o matou”, explica Chueire.
Durante a reconstituição desta quinta-feira, a polícia vai confrontar as provas apresentadas pela perícia técnica com a versão contada pelos policiais militares. O resultado tem prazo de 10 dias para ficar pronto. Se ficar constatado o homicídio, os PMs podem ser autuados e responder por homicídio qualificado e fraude processual. “Já está provado que a cena do crime foi alterada. Mas temos que delimitar quem o matou. Vamos comprovar de uma vez por todas a alteração do local do crime, que provavelmente aconteceu para encobrir o homicídio”, explica Chueire.
O corregedor da Polícia Militar de Goiás, Coronel Lourival Camargo, informou ao G1 que caso seja comprovado que Boni Júnior foi vítima de homicídio, os policiais envolvidos serão penalizados: “A mesma preocupação que a Polícia Civil tem em desvendar o caso nós também temos, pois a instituição não é conivente com essa conduta. Se de fato eles tiverem envolvimento no crime, serão submetidos a procedimento ético e a até a uma provável exclusão da corporação”.