Uma mulher foi presa na manhã desta sexta-feira (5) por suspeita de ter matado as duas filhas estranguladas em Itaquaquecetuba. Segundo a polícia, a dona de casa de 33 anos confessou os crimes. Ela tentou se matar, mas não conseguiu, ainda de acordo com o delegado Deodato Rodrigues Leite, responsável pelo caso.
As duas irmãs, de 5 anos e de 5 meses, foram encontradas mortas no fim da tarde de quinta-feira (4) na casa onde viviam, no Jardim Scafid II. “Nós a interrogamos e ela acabou confessando que matou as duas meninas na manhã de ontem por estrangulamento. Ela retratou com clareza o que aconteceu. Matou primeiro a mais nova, tirou do berço, colocou na cama e estrangulou. Foi, pegou a outra e também estrangulou. O objetivo dela era colocar as duas na cozinha, abrir o gás e morrer também por asfixia. Não conseguiu. Ela foi até o banheiro, se esfaqueou, mas não conseguiu”, detalha o delegado.
De acordo com a polícia, depois dos crimes e das tentativas frustradas de suicídio, a mulher trancou a casa e saiu. “Foi embora, primeiro para Arujá e depois para Guarulhos. Aí se jogou contra o taxi”. Segundo Leite, ela foi socorrida e levada ao Hospital Geral de Guarulhos, onde foi presa e está sob escolta.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o estado dela é estável.
Durante o interrogatório, a mãe não explicou o motivo dos crimes, mas disse que não foi a primeira vez, de acordo com o delegado. “Já tentou uma outra vez quando estava grávida do segundo bebê. Ela tentou contra a vida da mais velha”, diz o delegado. “Não senti emoção, arrependimento. Total apatia, frieza e não era a primeira vez. É o que mais choca”, continua.
De acordo com Leite, a mulher vai responder por duplo homicídio. “Assumiu o que fez. Testemunhas presenciaram ela saindo da cena do crime, a casa estava trancada, o local foi periciado. Existem provas contundentes, além da confissão.”
Para o delegado, o crime foi ainda na manhã de quarta. “O que chamou a atenção é que ontem pela manhã as amiguinhas da mais velha foram chamá-la e ela não deixou brincar. Estou partindo do princípio que essas crianças já tinham sido atingidas pela mãe e ela evitou. Depois ela fugiu do local.”
Sobre o comportamento da mãe, segundo a polícia, apenas o pai tinha percebido uma mudança. “O marido só que nos reporta que ela estava meio distante, meio aérea. Os vizinhos dizem que era uma família normal, que ela tratava bem as crianças.”
O cunhado dela, Rogério Fernandes Lima, contou ao G1 que ela é uma mulher reservada e não era de amizades e brincadeiras, mas bem equilibrada. “Eu não a vi nos últimos dias, mas minha mãe e o meu irmão (pai das crianças) disseram que ela estava mais quieta e calada nos últimos dias.”
O caso
A Polícia Militar foi acionada na quinta depois de uma ligação da avó das meninas e de vizinhos. Elas estavam deitadas no chão da cozinha próximas da porta que dá para o quintal da casa. “Tinha um pouco de sangue no local, na faca e na pia. No banheiro tinha sangue com roupa meio molhada”, descreveu o cabo Fábio Kendi Otsubo, um dos primeiros policiais a entrar no local do crime.
A enfermeira Jéssica dos Santos Andrade é vizinha da família. Ela e um outro vizinho ajudaram a abrir o imóvel. A avó contou aos vizinhos que recebeu um telefonema da mãe das crianças, pedindo que ela fosse até a casa, porque as meninas estavam sozinhas.
Jéssica conta que assim que entrou viu pela janela os corpos das meninas deitados no chão da cozinha, como se estivessem dormindo. “Ao lado estava um botijão de gás com a mangueira rompida. Eu vi uma faca suja de sangue na cozinha. Fui ao banheiro e vi no chão perto do chuveiro um pouco de água com sangue”, relatou a enfermeira. Ela completou que assim que viram a cena, eles saíram da casa e chamaram a polícia.
O mecânico Antônio da Silva mora há dez anos na rua da família e conta que os vizinhos se mudaram para o local há um ano e meio. Ele disse que a relação deles sempre foi boa e nunca ouviu briga. Silva descreveu a mãe das meninas como uma mulher reservada que ficava trancada em casa e falava pouco com os vizinhos.
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Fernanda Lourenço e Jamile Santana, do G1 Mogi das Cruzes e Suzano