Para o renomado jurista Luiz Flávio Gomes, a Operação Lava Jato é “um ponto fora da curva” na história do Brasil, com a justiça funcionando de forma célere, e resultando, até o momento, em 1400 anos de cadeia impostos e 131 condenações. “No Brasil não se aceita mais a roubalheira, são R$ 600 milhões por dia que poderia estar sendo canalizado para coisas importantes, como educação, saúde, justiça, segurança”, comentou.
Com o tema “Lava Jato: corrupção, ética, liderança e cidadania”, Luiz Flávio Gomes proferiu palestra no Tribunal de Contas do Estado (TCE/SE) na manhã desta sexta-feira, 23. Foi a segunda explanação do Fórum “Por um Brasil ético: o dinheiro público é da sua conta”, promovido pela Corte de Contas.
Na sua palestra ele discorreu, sobretudo, acerca dos resultados da Operação, chegando a dizer que o ministro Gilmar Mendes, do STF, o presidente Michel Temer, o ex-presidente Lula e o senador Aécio Neves formam “o quarteto que quer abafar tudo”. “Gilmar Mendes é o porta-voz deste grupo; eles querem manter uma estrutura de poder do século XIX”, ressaltou.
Para o palestrante, a Lava Jato tem despertado os brasileiros para uma realidade que deve ser combatida: “A Lava Jato está cumprindo um papel importante de mostrar para todos nós de que maneira que alguns caciques políticos corruptos governam o Brasil; o Brasil não tolera mais isso; eles estão governando o Brasil com a mentalidade do século XIX e nós já chegamos no século XXI, onde não se aceita mais esse tipo de roubalheira”, afirmou.
De acordo com o jurista convidado, o vasto histórico de corrupção no Brasil atesta que as instituições não cumpriram com seus papéis. “Quando falo em instituições, falo em todas: Tribunal de Contas, Justiça, Ministério Público, auditorias fiscais, Supremo [Tribunal Federal], todas falharam. Se houvesse uma fiscalização mais efetiva, nós seguramente estaríamos perto da Dinamarca e da Nova Zelândia, mas estamos muito longe deles”.
Conforme Luiz Flávio Gomes, diante do amplo acesso à informação possível nos dias atuais, sobretudo por meio das redes sociais, os cidadãos devem estar dispostos a se mobilizarem contra os casos de corrupção. “Não podemos ficar sentados esperando que as mudanças aconteçam”, destacou, acrescentando que “temos que ser governados com transparência e metodologias do século XXI”.
Ainda segundo o palestrante, a Lava Jato vai punir muitos, mas não todos os corruptos, e os que ainda permanecerem caberá aos cidadãos combatê-los por meio das urnas: “Como cidadãos, temos o dever de faxinar e colocar novas lideranças; o mundo civilizado já começou a fazer isso; a França, agora, de 570 parlamentares, colocou 400 novos; essa que é hoje a meta, o grande desafio do brasileiro é mudar”, concluiu.
O Fórum “Por um Brasil ético: o dinheiro público é da sua conta” teve como primeiro palestrante o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, cuja explanação, sobre “Ética na Administração Pública”, ocorreu no último dia 19. Já no dia 25 de agosto o palestrante será o advogado e ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Segundo o conselheiro-presidente Clóvis Barbosa, a série de palestras visa disseminar entre os sergipanos que é preciso mudar este país. “Recebemos hoje um grande jurista e militante da causa da luta por um Brasil ético; tanto que está percorrendo o Brasil e em todos os lugares que se apresenta é mostrando que temos que sair do Facebook e partir para a luta”.
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Ascom/TCE