por Valter Lima, do Sergipe 247
O senador Eduardo Amorim (PSC) não parece mesmo disposto a uma reconciliação do seu grupo com o bloco do prefeito João Alves Filho (DEM). É o que fica claro nas respostas que ele dá ao 247 nesta entrevista.
Questionado sobre a perda do PSDB de Aracaju, o parlamentar diz que a atitude do grupo de João não foi “natural” da política. “Você deve levar o caráter e a personalidade para qualquer tipo de atividade que você exerça”, arrematou.
Ele também não deixa espaço para diálogo: “Agora é pouco provável, já que não fomos nós que fechamos as portas”.
Amorim ainda diz que “falta gestão” à prefeitura da capital e diz que “o mais breve possível” decidirá sobre sua candidatura a prefeito de Aracaju.
O senador do PSC ainda critica o aumento do IPTU. “Se fosse na minha gestão, jamais teria permitido”, diz.
Sergipe 247 – Vamos ao questionamento que não quer calar: o senhor será ou não candidato a prefeito de Aracaju? O que falta definir para que tome esta decisão?
Eduardo Amorim – Coloquei o meu nome à disposição. Como prática do nosso grupo, estamos dialogando para que essa decisão seja tomada o mais breve possível.
247- Passadas mais de duas semanas do episódio que envolveu a perda do comando do Diretório do PSDB na capital do seu grupo para o bloco do prefeito João Alves Filho (DEM), como o senhor avalia o fato? Se sentiu traído? Ou compreendeu que é algo natural da política?
EA – Natural nunca é. Você deve levar o caráter e a personalidade para qualquer tipo de atividade que você exerça. O caráter e os seus princípios norteiam as suas atitudes. A questão é que nós pegamos um PSDB totalmente endividado na capital e no interior, com suas contas atrasadas, bloqueadas, e em menos de cinco meses foi tudo colocado em perfeita ordem, e até foi construída uma nova estrutura. O PSDB antes de nós estava sem nenhuma fidelidade partidária por parte dos prefeitos que ocupavam a legenda. O que nos deixou mais surpreendido foi que mantínhamos diálogo sempre com vários dos atores. No mínimo, duas vezes por semana, tomávamos café da manhã juntos e nada foi dito. Fazíamos constantemente diagnósticos da capital, e até explanavam preocupação deles sobre a atual gestão. O meu gabinete sempre foi instrumento para se buscar recursos e abrir portas nos ministérios.
247 – Que peso terá a questão envolvendo o PSDB na sua decisão de ser ou não candidato a prefeito?
EA – Passado só nos serve como aprendizado. Gosto de olhar para frente. Gosto de me preocupar com o presente e principalmente com o futuro.
247 – O senhor ainda migrará do PSC para o PSDB? Ou este episódio fez com o senhor reavaliasse esta possibilidade?
EA – Não, por enquanto não. Se candidato for, serei pelo PSC, que obtive total aceitação do diretório nacional do partido.
247 – Aliados do senhor em entrevista se mostraram animados com sua pré-candidatura a prefeito da capital. Pastor Antonio, inclusive, comparou a sua disposição atual com o momento no qual o senhor se definiu candidato a senador para o pleito de 2010. O que o grupo já definiu sobre o assunto?
EA – Estamos conversando, acredito que muito em breve teremos essa decisão firmada. Nosso grupo age dessa forma, dialogando sempre.
247 – De outro lado, o deputado federal Laércio Oliveira não esconde o descontentamento com sua pré-candidatura. Ele diz que é um “risco desnecessário” e que pode fragilizar o projeto do grupo para 2018 caso o senhor não seja eleito prefeito. Qual a sua opinião sobre isto?
EA – Cada um tem a sua maneira de pensar e agir. Estou vivenciando 2016, ainda não estou preocupado com 2018. Não é primeira vez que Laércio Oliveira discorda no grupo, afinal, quem não lembra do Proinveste? Uma das tarefas do candidato é convencer o seu eleitor, se candidato for, no momento correto irei convencer o eleitor Laércio Oliveira.
247 – O senhor e todo o seu grupo apoiou massivamente o projeto de João Alves em 2012, o que foi visto por alguns como a força fundamental para que ele se elegesse em primeiro turno. No entanto, o seu grupo nunca participou da administração, o que já foi alvo de muitas reclamações de aliados do senhor. Isso desapontou o seu bloco? Se sentiu desprestigiado?
EA – É verdade que nunca nos foi oferecido espaço administrativo, mas também nunca pedimos. Apenas ajudamos todo o tempo, desde a composição da chapa majoritária e proporcional, sem nenhum tipo de exigência. Para alguns, essa é uma atitude no mundo político impossível, mas é assim que nós agimos. Nós esperávamos apenas o reconhecimento por sempre acompanhar João Alves nos ministérios, como foi bem-dito por ele várias vezes. Como exemplo, temos o episódio do PSDB, que quando estava em nossas mãos, dialogávamos sempre com Machado, mas quando saiu das nossas mãos, foi tudo realizado às escuras.
247 – Venâncio Fonseca disse que acredita na possibilidade de um entendimento entre o senhor e João. Qual a chance disto ocorrer? Haveria algum tipo de “pré-requisito”? Indicar o vice, por exemplo?
EA – Pré-requisito nunca houve para nada, a não ser do diálogo. Agora é pouco provável, já que não fomos nós que fechamos as portas.
247 – Que avaliação o senhor faz da administração de João, que está em seu quarto e último ano de gestão do atual mandato? Ele fez dezenas de promessas (que não foram cumpridas). Houve um exagero no que foi prometido, como o BRT, o edifício-garagem, o Bairro Modelo?
EA – Daquilo que foi prometido pouco se concretizou. Falta gestão.
247 – Como o senhor viu a demissão dos secretários Luiz Durval e Luciano Paz? A mudança do secretário da Saúde no momento tão delicado como o atual não prejudica o andamento das ações?
EA – Mudar secretariado não significa mudar a condução ou perfil da gestão.
247 – O que senhor achou do elevado aumento do IPTU da cidade? É razoável e necessário um reajuste anual (até 2022) de 30%?
EA – Sou contrário a qualquer tipo tributo, já pagamos muito e recebemos muito pouco; seja na saúde, educação ou em qualquer área. Se fosse na minha gestão, jamais teria permitido, eu teria corrigido.
247 – Especula-se muito que o seu grupo, caso não lance o seu nome, poderá apoiar outro candidato como o deputado federal Valadares Filho (PSB) ou o ex-prefeito Edvaldo Nogueira (PC do B). Qual a sua posição?
EA – Não conversei com Valadares Filho e nem com Edvaldo Nogueira. Não descarto apoio, mas é pouco provável já que no momento o bloco político está focado numa candidatura própria.