A possibilidade da retirada da Prefeitura de Aracaju do Banco do Estado de Sergipe (Banese) provocou uma mobilização dos parlamentares estaduais que demonstram a preocupação com os prejuízos que essa operação, caso seja efetuada, possa acarretar para o banco estatal. Nesse sentido, foi formada uma Comissão Especial Temporária composta por cinco deputados (sendo dois da oposição) que estão buscando encontrar alternativas e esclarecer os riscos presentes nessa medida. No final da manhã desta segunda-feira, 30, a comissão foi recebida pelo governador em exercício, Jackson Barreto, no Palácio de Veraneio.
De acordo com a deputada estadual Ana Lúcia Menezes, que integra a Comissão, a grande preocupação dos parlamentares é com o risco que esta operação possa acarretar para a ‘saúde financeira’ do banco. “O Banese tem uma importância fundamental para todos os sergipanos, sobretudo os de baixa renda. Ele está presente em todos os municípios sergipanos oferecendo produtos e serviços, atendendo aos interesses da população. Portanto, qualquer iniciativa que venha a expor esta instituição a riscos é motivo de preocupação. Qual é o outro banco que teria interesse em manter pontos de atendimentos em um pequeno município sergipano?”, questionou a deputada, expondo seus argumentos ao governador em exercício.
Ainda de acordo com a parlamentar, a possibilidade de retirada da conta do segundo maior cliente, a Prefeitura de Aracaju, por uma necessidade básica de recursos precisa ser repensada. “Temos que levar em conta quantos investimentos fruto da parceria com o Governo do Estado, que é o acionista majoritário do banco, são realizados em parceria beneficiando a administração municipal e, consequentemente, a população de Aracaju. Não é uma simples operação financeira, há um grande interesse social em jogo”, alertou a deputada. A referida comissão também buscou manter um encontro com a direção do banco para obter informações mais detalhadas sobre o impacto que a operação poderá acarretar.
Defesa da Instituição
Para o governador em exercício, é extremamente louvável a iniciativa dos parlamentares em buscarem mostrar os diversos aspectos sociais e estratégicos envolvidos nesta operação. “Este é um trabalho muito importante desenvolvido por nossos parlamentares, que eu reconheço e faço questão de elogiar publicamente”, disse Jackson Barreto, dirigindo-se aos deputados Zeca da Silva, Samuel Barreto (Capitão Samuel), Garibalde Mendonça, Francisco Gualberto e Ana Lúcia Menezes.
Ainda segundo o governador, este é um trabalho de fundamental importância e busca mostrar os riscos que a possibilidade da retirada da conta de 12 mil servidores municipais poderá acarretar. “Eles já buscaram manter contato com o prefeito João Alves, com a direção do banco, e agora vieram buscar contato conosco visando à manutenção da conta da Prefeitura de Aracaju no nosso Banese. Nós achamos que a possibilidade de venda da conta da Prefeitura a uma outra instituição trará muitas dificuldades ao Banese, não apenas pela retirada das 12 mil contas dos respectivos servidores, pela arrecadação de impostos e, o mais grave, que é a relação com os servidores que tem os empréstimos consignados, descontados em folha, cuja garantia é justamente o crédito dos salários na respectiva instituição”, ponderou o governador.
Jackson Barreto evidenciou que a possibilidade de retirada da folha de pagamento do Banese poderá acarretar dificuldades à Instituição. “Estamos todos preocupados, já que o Banese é um banco que tem uma capilaridade muito grande, não apenas agências, mas postos do Banese, representando uma capilaridade imensa. Qual é a instituição bancária que pode prestar melhores serviços em Sergipe que o Banese?”, também questionou o governador em exercício. “Só em Aracaju, o banco tem 67 pontos de atendimento, que outra instituição tem igual? E isso só na capital, no interior, temos situações semelhantes, sobretudo, nos pequenos municípios sergipanos que muitas vezes não detém grande movimentação financeira que desperte interesse de outras instituições”, declarou.
Interesse dos Sergipanos
Para o governador em exercício, mais que uma simples operação financeira, estão em jogo interesses estratégicos do Estado e os interesse do povo sergipano e da economia sergipana. “Essa reunião com os deputados foi muito importante. Hoje a tarde teremos uma audiência com o prefeito João Alves Filho e também trataremos deste assunto. Afinal de contas, se a Prefeitura de Aracaju está interessada em ganhar 40 milhões pela venda da conta, que não será um pagamento imediato e sim parcelado, muito mais importante é a parceria permanente com o Governo do Estado e a contribuição que o Estado pode oferecer para abrir portas em Brasília, junto ao Governo Federal, para novas possibilidades e linhas de crédito”, lembrou o governador em exercício.
“Recentemente, com a aprovação do Proinveste, o Estado deu uma contribuição à Prefeitura para a realização de uma obra importante. Recentemente, aprovamos 66 milhões de reais para mobilidade urbana, onde o Governo do Estado buscou recursos e se endividou para resolver o problema dos corredores para o transporte público na capital. Isto é uma parceria para resolver problemas que são da responsabilidade da administração municipal e que assumimos como uma responsabilidade nossa”, exemplificou Jackson Barreto.
Ainda de acordo com ele, a retirada da conta do Banese é uma expressão de negação de toda uma história do nosso processo de desenvolvimento. “Temos um compromisso histórico com a nossa economia, com os pequenos produtores, pequenos empresários e servidores públicos beneficiados através do Banese. O Banese é a alma do povo sergipano”, sentenciou o governador.
Da Agência Sergipe de Notícias