Jackson comparece ao sepultamento do corpo do prefeito padre Geraldo, em Japaratuba.(Foto: Wellington Barreto/ASN)
Uma comoção popular na despedida de uma liderança histórica para a região. Assim pode ser definida a cerimônia fúnebre onde a população do município de Japaratuba, a 52 km da capital, se despediu do prefeito padre Gerard Lothaire Jules Olivier (popularmente conhecido como padre Geraldo) na manhã desta terça-feira, 4. O governador em exercício, Jackson Barreto se somou às autoridades e milhares de pessoas que compareceram à missa de corpo presente e ao sepultamento realizado na própria igreja Matriz da cidade. O prefeito, que exercia o seu quarto mandato à frente do município, faleceu na manhã da última segunda-feira, 3, aos 76 anos num hospital da capital.
Belga de nascimento, o padre Geraldo chegou a Japaratuba em março de 1965 e iniciou um trabalho de evangelização e organização social junto aos trabalhadores do campo, tendo uma atuação marcante no contexto social e, desde então, na luta por justiça social e solidariedade aos mais carentes. “Eu estava em Brasília em busca de recursos para o nosso Estado durante todo o dia de ontem, mas fiz questão de estar aqui para prestar homenagens e dar nosso último adeus ao padre Geraldo. Com ele, que também foi membro do MDB à época, aprendemos muito, foi com ele que circulamos em Japaratuba e em toda a região, na época da ditadura militar, com a equipe de Dom José Brandão de Castro, pregando justiça social, liberdade, cidadania e ensinando o povo a lutar por seus direitos”, declarou, emocionado, o governador em exercício ao chegar à cerimônia, contextualizando a sua missão na capital federal e relembrando aspectos de sua atuação ao lado do padre.
Ainda de acordo com Jackson Barreto, o padre Geraldo foi um ícone na luta pela reforma agrária, tendo como sua marca o compromisso social. “A história do padre Geraldo, sem dúvida alguma, é o grande legado que ele deixa. Nós sentimos imensa emoção em relembrar que em toda a nossa vida pública, iniciada na década de 1970, quando tudo era sombrio, quando tudo era difícil, tínhamos no padre Geraldo uma grande fonte inspiradora. Ele sempre foi um homem corajoso e ensinou o seu povo a lutar por seus direitos, por reformas sociais e por aquilo que achava justo. A partir de agora, devemos colher os frutos que ele semeou e, sobretudo, quem o sucede, deve ter em mente a responsabilidade de continuar com o seu trabalho que foi o compromisso de toda uma vida”, lembrou o governador em exercício, dirigindo-se ao vice-prefeito, Hélio Sobral.
Compromisso
Já o vice-prefeito, Hélio Sobral, afirmou ter a plena consciência da responsabilidade que passa a ter a partir de agora, assumindo os destinos do município. “Seria uma honra para qualquer homem público suceder a uma liderança como o padre Geraldo que dedicou sua vida aos mais carentes. Seu compromisso e o seu amor aos mais pobres também serão meus guias para tentar dar continuidade ao trabalho que vínhamos desenvolvendo nos últimos oito meses”, afirmou.
O secretário de Estado da Casa Civil, Silvio Santos, também presente à cerimônia, avaliou o momento como triste para todos que fazem política em Sergipe. “Tivemos a oportunidade de conhecer a trajetória do padre Geraldo em Japaratuba e em toda essa região. Ele era devotado aos mais humildes, dedicou sua vida como indivíduo, cidadão e político a buscar meios de favorecer aos mais pobres. O povo de Japaratuba, e de Sergipe perde muito com o passamento do padre Geraldo”, definiu.
A deputada estadual Conceição Vieira, que mesmo antes de entrar na vida pública atuou como educadora no município de Japaratuba, falou dos compromissos de vida do padre Geraldo em prol de Japaratuba e seu povo. “Ele foi um homem que, quando a Bélgica estava recrutando jovens para participar da segunda guerra mundial, decidiu ingressar na igreja para não participar do conflito. Ele decidiu vir para um país pobre, e dentro do país pobre escolheu o Nordeste, e a cidade de Japaratuba para dedicar toda a sua vida. Ele sempre atuou pensando nos mais carentes e foi um homem público exemplar que deixa como seu maior patrimônio as vitórias de um povo humilde, sofrido e que hoje reconhece toda a sua dedicação”, frisou a deputada.
A missa de corpo presente foi celebrada pelo bispo da Diocese de Propriá, Dom Mário Rino Sivieri, que também foi quem autorizou o sepultamento no interior da igreja Matriz, e concelebrada pelos padres das paróquias subordinadas de toda a região e municípios vizinhos.
Também participaram dos atos o deputado federal Fábio Reis, os secretários de Estado do Desenvolvimento Econômico, Saumíneo Nascimento; do Desenvolvimento Urbano, Lúcia Falcón; o interino da Fazenda, Oliveira Júnior; o subsecretário de Articulação com os Municípios, Jorge Araújo; o também subsecretário dos Direitos Humanos, Luiz Eduardo Oliva, o presidente da Cohidro e pastor evangélico, Mardoqueu Bodano, o presidente da Emdagro, Jeferson Feitosa, dentre outros integrantes da administração estadual, prefeitos de municípios vizinhos, parlamentares e autoridades.
Agência Sergipe de Notícias
